Capítulo 24

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Nova York. Um lugar de extrema agitação, era incrível como não parava nem um minuto. Mas era uma agitação boa. Me lembro de entrar e sair de metrôs, táxis e ônibus o tempo inteiro quando eu era mais jovem. Mesmo tendo um carro eu gostava de me misturar no meio das pessoas. A calmaria em exeço me deixava solitária. Me fazia pensar e as vezes minha mente consegue ser minha pior inimiga.

Dentro do táxi, eu observava as pessoas andando atrasadas para seus trabalhos, com cafés e pastas nas mão.

Me peguei observando uma moça andar apressada pelas ruas com um lindo xale vermelho enrolado em seu pescoço, o que destaca seus cachos ruivos volumosos e seus olhos verdes como âmbar. Uma redatora! Isso, ela deve ser uma redatora que trabalha para uma revista que não entende que ela é talentosa o suficiente e a colocou no menor papél possivél. Ela está andando rápido porque sabe que seu novo chefe vê apenas seus defeitos, se ela se atrasar, será menos um ponto e mais um motivo para ela chegar em casa e contar tudo para sua melhor amiga acompanhada de um shot gigante de vodka.

Na direção contrária a sua, um homem de cabelos negros e olhos castanhos que claramente por uma coincidência perfeita ele trabalhava na mesma revista mas estava gripado e voltou a trabalhar hoje. Seu lugar na empresa era bem melhor que o dela já que ele andava despreocupado mas ainda assim com um pouco de pressa pelo horário.

Um sorriso me escapou dos labios quando os dois se esbarraram e o café do homem cai em seu xale. Ela ficou mais vermelha que seus cabelos e o xingou. 

Mas, logo seus olhos se fecharam em frustração quando ele começou a se desculpar. O mesmo, sem jeito, retirou o xale da moça e passou o seu pelo pescoço dela. Ela olhou pra ele, surpresa e em troca recebeu um sorriso simpático do homem. Certeza que aquele sorriso a deixou de pernas bambas por um minuto. Eu gostaria de saber o que aconteceria depois, mas infelizmente... Ou melhor, felizmente, o trânsito foi embora dando passagem aos táxis.

— Um clichê por aqui. — O taxista me tirou dos pensamentos vendo que eu observava aquilo pela janela.

— Ainda assim, acho lindo. — Ri. — Isso é tão comum quanto correr de assaltos pelas escadárias daquele prédio. — Apontei vendo que uma mulher corria nas escadarias de fora daquele prédio com um ladrão atrás dela. Ele provavelmente pegaria sua bolsa e não acharia nada já que a mulher de meia idade escondia a carteira nos peitos.

— Ah sim! — Riu o motorista. — É bem observadora garota. — Agradeci vendo Rudy só observar a conversa bem quieto. 

Desde pequena, para passar o tempo, eu fazia isso. Observava as pessoas e tentava adivinhar como eram suas vidas. Aquele senhor ali, sentado lendo um jornal no banco de concreto do parque, deve ir ali todos os dias. Ele acorda cedo, toma seus remédios e um café, logo vai para o parque e lê o jornal que acabou de ser comprado na banca da esquina e só sai dali para alimentar os patos. Parece que mais uma vez eu estava certa, ele foi alimentar os patos com um  pedaço de pão que estava guardado num papel dentro de seu bolso.

— Chegamos. — Rudy me chamou enquanto pagava o homem e saimos do carro amarelo. A cafeteria estava bem a nossa frente e me lembrei de ter ido ali várias vezes com Adds, Scar e um antigo amigo estudar até tarde para passar nas provas.

Entramos rápido para ninguém nos reconhecer do lado de fora. Outer Banks fez muito sucesso, mais do que imaginavamos.

O sininho da entrada tilintou e procurei com os olhos Jaden. Havia poucas pessoas ali. Uma senhora comendo omeletes e um café enquanto assistia o jornal da manhã e comentava com um homem rabugento que parecia estar mais interessado em ver o tinder em seu celular. A garçonete se preocupava em atender os outros quatro clientes da loja com cuidado e a moça do caixa estava me concentrada em passar os esmaltes rosa nas unhas. E ali estava Jaden.

𝐀𝐥𝐞́𝐦 𝐝𝐚𝐬 𝐎𝐧𝐝𝐚𝐬 - 𝐑𝐮𝐝𝐲 𝐏𝐚𝐧𝐤𝐨𝐰 Onde histórias criam vida. Descubra agora