O último suspiro antes do cruel mergulho
Acordei com um sorriso no rosto ao constatar, por meio da janela do meu quarto, que o domingo estava ensolarado. Esperei por aquele dia com paciência (mentira, quase surtei para que chegasse depressa), fazendo mil planos mirabolantes para que o meu encontro com o Jeon fosse perfeito. No fim, constatei que a perfeição estaria na simplicidade: comeríamos churrasco (eu mais do que ele), tomaríamos caipirinha (ele mais do que eu), conversaríamos e faríamos as mesmas coisas que sempre fazemos aos domingos. Nossa rotina era perfeita, e seria demais pedir além.
Vesti a sunga, preparei a famosa caipirinha e fui ao encontro do meu amado. A saudade não cabia mais no meu peito. Eu estava tão mal acostumado que não encarei muito bem a nossa terceira semana. Tudo porque o Jeon modificou seus horários no trabalho devido à promoção (sim, ele foi promovido para chefe de cozinha! Que orgulho!): agora saía mais tarde, precisamente às duas da manhã, todos os dias.
Segundo ele, valia muito a pena. Tinha mais responsabilidades, porém menos trabalhos manuais
(colocava todo mundo para fazer o que quisesse), além de que ganhava o triplo do que ganhava antes, como um simples cozinheiro.Feliz era apelido para o que eu estava sentindo com tudo aquilo, afinal, havia um dedo meu por ali, mas nenhuma felicidade está livre de consequências.
Passamos a semana inteira sem nos ver. Jeon chegava em casa tão tarde que eu já tinha ingressado no décimo primeiro sono, e eu saía tão cedo que ele não conseguia mais acordar no horário certo. Decidimos por unanimidade que nos veríamos apenas no domingo, pelo menos naquela semana conturbada, em que ele ainda tentava se adaptar ao novo cargo e horário. Depois, veríamos o que fazer: provavelmente eu tentaria dormir mais cedo para ser acordado por ele durante a madrugada, ou algo assim.Nem preciso dizer o quanto aquela dura semana havia sido tediosa. Quanto mais o tempo passava, mais percebia a minha dependência daquele homem. O entendimento sobre a minha nova condição me deixou assustado, pois não fazia ideia do quanto gostava dele, apesar de, desde o início,compreender que não era pouco.
Trocamos mensagens o tempo todo, de uma forma exagerada que só os apaixonados conseguem fazer. Sempre que ele dava uma pausa, para ir ao banheiro ou beber água, mandava uma mensagem diferente. Eu adorava, claro, e respondia na mesma hora. Ai de mim se não respondesse. Teve uma vez que o Jeon quase me matou com tantas ligações só porque não respondi a uma mensagem que mandou quando eu estava em reunião com os desenvolvedores da empresa.
Sim, o meu namorado era um cara sufocante, mas eu estava gostando, apesar de não dever. Sério, não me incomodou nem por um instante. Amo ser paparicado, adoro me sentir protegido, mesmo que no fundo estivesse com um pouco de receio. Tentava retirar de mim o sentimento de culpa e viver a felicidade que era ter o que conquistei a duras penas.
Na sexta-feira, quando já não me aguentava mais de tanta solidão, decidi acatar a ideia quando alguns colegas de trabalho me chamaram para um happy hour em um barzinho. Foi a primeira vez que saí com eles, e até que me diverti bastante. Prometi que faria mais vezes. Não era saudável viver esperando para ver alguém; precisava manter outros círculos e, por mais que eu fosse adverso a amizades, entendia que ninguém podia ficar sem amigos, nem que fossem apenas colegas.
Lilian ainda me chamou para sair no sábado, porém recusei. Não ia sair com aquela louca mais nunca. Daria um gelo tão grande que faria com que se ligasse e compreendesse que não era mais bem-vinda na minha vida, mesmo sendo da família. Pode parecer forte dizer isso, mas sou assim: quando alguém me decepciona com relação a amizade, é difícil me fazer voltar atrás. Deve ser por isso que não acredito em amigos: eles sempre me decepcionam. Ou sou eu que dou valor demais a eles? Bom, não sei. Nunca aprendi a gostar de ninguém pela metade.
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𝘖 𝘎𝘰𝘴𝘵𝘰𝘴𝘢𝘰 𝘋𝘰 105 ꧁☟︎︎𝕵𝖎𝖐𝖔𝖔𝖐꧂
Fanfiction{CONCLUIDA} Park Jimin é um garoto que sempre sonhou com sua liberdade e independência e que finalmente as conquistou quando comprou sua casa própria. Mas junto ao pacote, ele ganhou também um vizinho fora do normal. A única casa colada a sua era...