𝑫𝒆 1 𝒂 10.... 7 💦

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Ser dele foi a melhor coisa que me aconteceu nas últimas semanas, mas têlo para mim está no grupo de melhores coisas que já me aconteceram na vida.

Calvin não me tocou durante todo o churrasco (uma pena...).  A nossa despedida  tinha  hora marcada, e ele não pareceu disposto a adiantá-la. Aproveitei a oportunidade para lhe perguntar sobre o novo  emprego,  já  que  não  sabia  se  tinha  ou  não  dado  certo.  Para  a  minha alegria,  ele  me  contou, animadíssimo, que estava adorando o cargo de cozinheiro. Até me convidou para visitar o restaurante; era um bem conhecido na cidade, especialista em massas. Fiquei muito feliz por ele. Mesmo.
E orgulhoso também. Sua alegria evidente enquanto narrava os  acontecimentos  daquela semana (só os referentes ao trabalho, não me falou nada sobre as vadias que comeu) me encheu de bom humor. Calvin estava esperançoso, pois via grandes possibilidades de promoção; o cargo de  Cheff  era ocupado por um senhor prestes a se aposentar. O vizinho ficou tão empolgado com o meu interesse que acabou  expondo  o seu  cotidiano abertamente.

Fiquei a par de toda a sua rotina: Calvin acorda cedo todos os dias para cuidar do jardim. Depois,  vai  à  academia (claro que ele malha, e  muito!). Chega a sua casa, come  alguma  coisa  e  se arruma  para  ir  ao  trabalho. Pega  no  serviço  sempre  às  onze horas. Há uma pausa entre as  três  e  as cinco da tarde, e depois só para às onze da noite. Seu único dia de folga continuou sendo os domingos. É realmente um dia a dia muito puxado, mas ele me garantiu que valia a pena. Não duvidei.

Almoçamos picanha gaúcha com baião de dois. Nem preciso dizer que estava uma delícia. Sério. Comi tanto que achei que fosse explodir, cheguei até a passar mal. Calvin gostava de me ver comer. Na verdade, disse com todas as letras: “amo te ver comendo o que cozinho”. Fiquei orgulhoso do meu próprio apetite (e ao mesmo tempo envergonhado por causa do modo carinhoso como me olhou ao me dizer tais palavras); mais uma vez, Calvin me mostrava que era capaz de fazer com que eu me sentisse bem até mesmo com relação aos meus defeitos.

Perto das duas da tarde, Calvin alertou que ia precisar sair, mas que voltaria logo. E, claro, que estaria na minha casa para nos despedirmos. Devo deixar evidente que falou isso com o sorriso mais safado do mundo estampado em seus lábios. Senti necessidade de estabelecer uma hora (para não correr o risco de me aprontar cedo demais e ficar esperando feito um maluco), portanto decidimos que nosso encontro seria as sete horas. Bom, quero dizer, Calvin estabeleceu até mesmo o fim dele ao sussurrar baixinho: das sete as sete. Tremi só de pensar nas doze horas mais foras de noção que sabia que passaria com ele. Aliás, a ideia toda me deixava tão assustado quanto excitado. Claro, bem mais excitado.

Às vezes parava  para  pensar  na  loucura  que  estava  prestes  a  cometer,  mas  tentava  me manter  tranquilo.  Seria uma noite memorável muito bem-vinda para o meu corpo; e, a partir dela, estaria livre do poder que aquele homem exercia sobre mim, mas não antes de fazê-lo estar preso ao poder que sei que exerço sobre ele.

O que fazer quando você sabe que vai passar a última noite com o cara mais gostoso do mundo? Ou melhor, o que fazer quando você sabe que vai passar a noite com o cara mais safado do mundo? Além de, óbvio, entrar em desespero total (porque a última noite com o Calvin mais me parecia ser a última noite da minha vida), precisava dar um trato em mim mesmo. Já que havia uma hora marcada, podia me preparar em todos os sentidos. Não seria pego desprevenido, como das outras vezes. Teria tempo suficiente para munir todas as minhas armas.

Foi por isso que, assim que nos despedimos  (com um selinho molhado que premeditava  os tantos beijos que trocaríamos naquela noite), corri para a minha sessão de beleza. Foi um reparo total, acredite.  Fiz  tanta  coisa  no  meu  corpo  que  nem  acreditava  que  o  Calvin pudesse  fazer  ainda  mais: retirei todo e qualquer pelo que estava em excesso, fiz as minhas unhas das mãos e dos pés, hidratei  o corpo com um banho de óleo afrodisíaco(também tenho cartas na manga), fiz escova nos meus cabelos hidratados.
Já eram quase seis horas quando concluí a minha sessão pré-foda com o vizinho, por isso tratei de  fazer  logo  uma  maquiagem  legal.  Nada  exagerado.  Pensei um brilho labial, mas novamente tive medo de parecer vulgar demais. Calvin devia estar acostumado com mulheres assim. Eu  queria  um  pouco  de  dignidade  (só  pra  variar). A  pior  parte  foi  decidir  o  que  vestir. Decidi vestir uma cueca e por cima a blusa do Calvin...  Perfeita. Quebrou  a  obscuridade, digamos  assim,  e  até  me  deu  um  ar  mais  jovem,  descontraído. Os cabelos  bem  escovados  em frente  ao  espelho,  e  fiquei  admirado comigo mesmo. Estava especialmente bonito.  Do  jeito  como merecia ficar naquela noite. Da maneira como o Calvin nunca tinha me visto antes. Meu  coração  dançou  ao  ritmo  de  Boom Boom  Pow  quando  ouvi  batidas  na porta.  Achei  que fosse  morrer  antes  de  ter  a  chance  de  lutar  para  sobreviver  à  noite.  O nervosismo  finalmente  me atingiu, e me vi perdido, olhando por todos os lados.

 𝘖 𝘎𝘰𝘴𝘵𝘰𝘴𝘢𝘰 𝘋𝘰 105 ꧁☟︎︎𝕵𝖎𝖐𝖔𝖔𝖐꧂ Onde histórias criam vida. Descubra agora