Harry abriu os olhos para a luz azul-acinzentada do alvorecer, quase não visível pela janela do quarto de Draco. Harry não conseguia lembrar-se de primeira o que havia lhe acordado, apesar de ainda haver um nó torcido de pavor em seu estômago, sobras, ele imaginava, do sonho que vinha tendo.
Era muito cedo para estar acordado em um domingo e Draco estava enrolado a ele, como sempre, perdido para o resto do mundo. Harry estava bastante confortável, com exceção de uma dor em sua bexiga que ele poderia ignorar por mais uma hora. Ele sabia que precisava voltar a dormir.
Mas assim que fechou seus olhos, ele lembrou-se. Ele estava sonhando com Kemp, com a sala de treinamento, com um oponente imbatível de pele amarelada, uma gélida e estridente risada e duas fendas, como de cobras, onde deveria estar seu nariz.
Vesper também estava lá, mais ao lado. Ela estava sentada em um trono, vestida como uma rainha vitoriana. Havia um bolo em frente a ela, um bolo inteiro que ela estava comendo de mordida em mordida com um garfo, um bolo onde estava escrito "Campeão" na parte superior, com uma cobertura azul.
— Quer uma mordida? — ela perguntou a ele.
Mas então houve um clarão verde. Harry sentiu-se colapsar, tudo estava ficando escuro e de repente a voz de Kemp estava soando em sua cabeça.
Em situações de vida ou morte, uma pessoa não pode se distrair com bolos, Potter.
Harry abriu seus olhos novamente, agora completamente acordado depois de ter se lembrado dos detalhes de seu sonho. Não precisava ser um gênio para entender de onde aquelas imagens vinham e o que elas significavam.
Ele não estava mais tão confortável. Ela estava com uma náusea que mais parecia a batida de um coração em seu estômago e o calor do corpo de Draco ao seu redor era quase sufocante. Lentamente, esperando não perturbar muito Draco, ele começou a se desvencilhar e deslizar de baixo do corpo de seu namorado.
Ele quase fez isso sem nenhum incidente, mas assim que ele deslizou de baixo, o braço de Draco caiu sobre o colchão e o loiro reagiu com um puxão, seguido por um gemido ao descobrir, de repente, o espaço vazio onde deveria estar Harry.
— Shh — Harry disse para ele, suavemente. — Volte a dormir, Draco.
— Harry? — Draco murmurou, sonolento.
— Eu só descer rapidinho pra sala comunal. Eu vou voltar.
Ele não sabia se Draco havia lhe escutado. Ele parecia ter voltado a dormir. Harry colocou as cobertas ao redor do corpo nu de Draco e o cobriu antes de procurar por seu pijama.
Ele odiava sonhar com Voldemort.
Claro, ele odiava muito mais quando Voldemort estava vivo. Pelo menos agora, ao acordar, ele poderia se convencer de que nunca mais precisaria ter medo daquele bastardo malvado novamente. Ainda assim, sempre havia aqueles momentos antes da realidade se impor, quando o medo era tão palpável quanto costumava ser na guerra.
Está melhorando, Harry lembrou a si mesmo. Está melhorando todos os dias.
Na verdade, estava sendo bem melhor desde que começara a dormir todas as noites com Draco. Ele dificilmente tinha pesadelos e nas raras ocasiões em que tinha, não eram dos tipos que o acordava aos gritos, suado, com aquele gosto metálico de adrenalina em sua boca. Ele não tinha esses desde o verão.
Mas por que outro pesadelo agora? Era só o estresse de uma semana difícil? Ou o fato de que Voldemort, de alguma forma, encontrar um caminho até o seu sonho sobre o treino significava alguma coisa? Se sim, não poderia significar nada bom.
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Diga meu nome - DRARRY
FanfictionApós a guerra contra Voldemort, Harry e seus amigos estão de volta à Hogwarts. Uma noite, porém, Harry testemunha algo inesperado no banho dos meninos do 8º ano e começa a ver Draco Malfoy sob uma nova luz. A questão agora é: o que ele vai fazer a r...