14. Maus hábitos

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Harry estava em seu próprio quarto por apenas alguns segundos quando percebeu que não poderia continuar ali. Ele estava muito agitado, andando pelo quarto, quase não resistindo ao impulso de agarrar as coisas de seu malão e indiscretamente jogá-las na parede.

Que merda havia acabado de acontecer?

Pela primeira vez em muito tempo, Harry sentiu a necessidade de vagar pela mortalha escura do castelo de Hogwarts à noite, pelos cantos e esconderijos que ele tanto conhecia, onde ele nunca seria encontrado.

Correndo dos problemas, disse uma voz sarcástica em sua cabeça que vagamente soava como Draco, apesar de também haver uma semelhança com Hermione também. Mas essas não eram exatamente suas duas pessoas favoritas no momento, então ele os ignorou, procurando em sua mala pela capa de invisibilidade.

Quando já estava seguro ao seu redor, Harry deixou seu quarto, cuidadoso em não fazer nenhum barulho nos degraus. Ele nem precisou se preocupar: a sala comunal estava vazia, todos os participantes e espectadores do drama de Blaise-Rony-Hermione já haviam ido para a cama. Ele atravessou a sala até a porta de trás do retrato com pressa e se encontrou no quieto e escuro corredor.

Uma emoção o percorreu, distantemente familiar, não diferente do que sentira ao usar a capa pela primeira vez no primeiro ano. Ele poderia ir onde quisesse. Ele estava livre.

Livre. Havia algo agridoce nisso, agora, que nunca havia sido. Por vários meses depois de derrotar Voldemort, Harry havia se apoiado no conhecimento de que ele não estava mais ligado a uma profecia, a um destino que provavelmente o mataria. E quando ele terminou as coisas com Gina, ele havia sentido algo familiar. Ele poderia escolher ser ou fazer o que quiser. Ele não estava mais amarrado às vontades de outro.

Mas ele também sabia que boiar por aí sem um propósito também não era suficiente e ele procurou criar raízes, se amarrar a coisas que ele queria, coisas que importavam para ele.

Draco estava no topo desse lista.

Ele havia se amarrado tão profundamente ao sonserino que era fisicamente doloroso estar longe dele agora, especialmente depois do que havia acontecido e das coisas que eles haviam dito um para o outro. Mas a cada corredor que dobrava e a cada degrau que descia, ele lembrava-se de que ele estava bravo e de que Draco não entendia.

Como ele pôde chamar Harry de hipócrita, só por tentar ajudar seu melhor amigo? Como ele ousou jogar contra ele aquelas velhas provocações? O escárnio arrogante no tom de Draco enquanto ele o chama de "Santo Potter" permaneceu em seus pensamentos, como nos velhos tempos em que Harry iria preferir socar Draco na mandíbula do que beijá-lo na boca.

O passado é o passado. Eles haviam prometido um ao outro.

Sim, porque você mesmo foi muito bom em manter essa promessa, disse aquela voz sarcástica novamente.

Xingando a si mesmo, Harry virou outro corredor, se encontrando, de repente, em frente ao quadro que levava para a cozinha. Sério? Ele pensou. Era aqui que ele havia parado? Ele decidiu não questionar, fazendo cócegas na pera no canto direito que abriria o quadro e o deixaria entrar.

Por estar no meio da noite, a cozinha não estava movimentada de elfos como usual, mas ainda haviam alguns deles, alisando e dobrando a massa de croissant para os doces do café da manhã, reabastecendo os armários e esfregando as últimas panelas e frigideiras. Harry encontrou Winky entre eles imediatamente e removeu sua capa.

— Mestre Harry — Winky disse em um tom alto e encantado. — O que você está fazendo nas cozinhas tão tarde?

— Não tenho ideia, Winky — Harry disse com um sorriso acanhado. — Só estou querendo esvaziar minha cabeça, eu acho.

Diga meu nome - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora