1. Diga meu nome

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Foi com seu uniforme encharcado e os músculos rígidos que Harry subiu as escadas em direção ao seu quarto, satisfeito com o resultado do treino de Quadribol, mas lamentando o atraso e a chuvarada que o time teve que enfrentar perto do fim. Ele tinha aulas pela manhã e com toda aquela terra, ele definitivamente precisava tomar um banho antes que sequer pudesse pensar em ir para cama.

Em seu quarto, ele tirou todas as roupas até estar somente com suas calças, então lançou um feitiço rápido para secar suas vestes, para que não molhasse todo o resto em sua cesta de roupas sujas. Ele iria até o banheiro debaixo de sua capa da invisibilidade, para que não fosse pego por qualquer sonâmbulo. Ele já tinha feito isso outra vez. Ele pegou sua capa e seus produtos de banho, voltando pelas escadas em direção a saída dos dormitórios, sem ser visto pelos poucos alunos do sétimo ano que ainda persistiam em ficar até uma hora daquelas na sala comunal.

Mesmo que ele estivesse frequentemente esgotado no final do dia, Harry preferia tomar banho tarde da noite, o que significava que ele tinha o banheiro apenas para si mesmo. A diretora McGonagall era generosa o suficiente para dar aos alunos do oitavo um dormitório somente para eles, que incluía uma sala comunal, um banheiro para os garotos e outro para as garotas, e camas separadas para cada aluno. Isso significava que Harry tinha o seu próprio espaço, pelo qual ele era perfeitamente grato, e apenas precisava dividir o banheiro com uma dúzia, ou menos, de garotos do seu ano que haviam escolhido retornar para Hogwarts após a guerra. Mas a solidão era preciosa para Harry nos últimos dias e ele a aproveitava em qualquer lugar que fosse possível.

Assim que entrou no banheiro, ele percebeu que não estava sozinho. Ele conseguia ouvir o som de um chuveiro bem ao fim do banheiro, sentindo o calor em sua pele, mesmo que debaixo de sua capa, e aquele aroma agradável de sabonete, sútil mas ainda assim presente.

Ele xingou baixinho, mas aceitou o fato de ter companhia. Quem quer que fosse, talvez estivesse prestes a ir embora. Ele olhou em direção aos chuveiros, se preparando para tirar sua capa, quando reconheceu os cabelos loiros de Draco Malfoy, e então estancou, congelando momentaneamente.

Ótimo, ele pensou ironicamente. De todas as pessoas que ele poderia encontrar no banheiro, sozinho, de noite, claro que seria Malfoy. Ele não pôde deixar de lembrar da última vez em que esteve confrontando o seu rival em um banheiro e no desastre que aquilo se tornou. O fato de que ele poderia ter matado Malfoy com aquele Sectusempra ainda o aterrorizava.

Talvez eu espere até ele ir embora, pensou. Ele ainda não tinha removido a capa de invisibilidade e tinha uma grande chance de que Draco sequer havia escutado Harry chegar debaixo do chiado do seu chuveiro. Ele não havia nem olhado em direção a Harry e parecia focado em seu banho, completamente desatento ao seu redor.

Na verdade, Harry pensou que, inclinando-se levemente para frente, que a mão esquerda de Malfoy estava encostada na parede de azulejos do chuveiro, apoiando-se levemente, enquanto seu braço esquerdo trabalhava furiosamente, fazendo seus músculos ágeis ondularem, Malfoy estava batendo uma punheta.

Harry sentiu sua boca secar quase que instantaneamente e uma leve tontura, que ele poderia facilmente justificar como uma onda de vergonha ou choque. E, ainda mais inesperado do que tudo isso, seus pés se moveram sozinhos, cuidando para que não fizessem barulho, o levando para mais perto para a figura curvada e pálida de Draco Malfoy. Ele poderia apenas vê-lo da cintura para cima, enquanto as outras partes estavam parcialmente escondidas detrás das paredes opacas do reservado, mas assim que se aproximou, estava claro de que sua suspeitava estava certa: Malfoy estava de fato se masturbando ali mesmo no chuveiro, bem de frente para Harry. Sem que ele soubesse, é claro.

Em outro tempo, em outra vida, Harry estaria pulando de alegria na possibilidade de poder humilhar o seu rival de infância. Ele até poderia ficar feliz de ter algo que pudesse usar contra Draco em alguma situação que necessitasse medidas extremas. Mas, depois de tudo, Harry simplesmente não tinha mais energia e força de vontade para essas coisas. A guerra, e as experiências da mesma, havia mudado as coisas para ele, principalmente com sua morte e a sua ressurreição. Seu temperamento antes violento havia diminuído para um brilho suave, e o desprezo por todos aqueles que não o apoiavam havia diminuído para algo que mal parecia aborrecimento. E certamente seu ódio quase obsessivo pelo herdeiro Malfoy havia desaparecido. Na verdade, ele sequer havia pensado no loiro desde que o ano letivo havia começado, há um mês, e antes disso ele havia apenas gasto energia para manter Draco e sua mãe fora de Azkaban durante os julgamentos. Era a coisa certa a se fazer, depois que mãe e filho haviam, de alguma forma, mudado o rumo da guerra, criando um laço entre os três que dificilmente seria desfeito. Morte, guerra e a paz relativa que Harry encontrou depois disso o amoleceram, para melhor.

Diga meu nome - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora