No Words - Girafa

O passado das Bicalho

Música do capítulo = You don't really know me.

Assim que Bianca chegou à mansão, viu que a polícia havia chegado antes dela, e estavam apenas aguardando o sinal de Gabriela. A mais velha estava preenchida por preocupação, sentia seu coração apertar só em pensar no que suas duas irmãs estariam passando naquele momento. A caçula foi rápida o suficiente para evitar o desastre? Torcia para que a presença dos policiais ali indicassem que sim, mas a ambulância na saída da porta principal não deixava que ela relaxasse totalmente.

Quando o sinal foi dado, alguns oficiais tentaram conter a empresária, argumentando que talvez fosse melhor que ela esperasse as autoridades tomarem as devidas providências, mas era algo impossível de ser feito. A Bicalho usou toda a sua lábia afiada por anos de atuação no mercado e conseguiu fazê-los ceder, não sem ela fazer o mesmo, mas ainda sim era melhor do que esperar horas, ou longos minutos que pareciam horas, para obter algum sinal de vida de suas irmãs.

Gabi foi a primeira das duas a entrar no seu campo de visão, por estar próxima à porta. Correu os olhos preocupados por toda ela, procurando algum ferimento, mas foi interrompida por uma mão na sua antes mesmo de terminar. Olhou nos olhos verdes da advogada e sentiu seu pulmão soltar um pouco do ar aprisionado nele ao perceber que tudo estava onde deveria estar, e que a loira mal havia suado durante aquele confronto. Precisava seguir a diante e checar o estado de Gizelly, mas seu instinto protetor de irmã mais velha foram acionados por aquela situação toda, e se viu obrigada à abraçá-la bem forte antes de fazê-lo.

- Obrigada - Foi um sussurro, mas a proximidade entre elas permitiu que a mais nova ouvisse mesmo assim. Mesmo sabendo que Gabriela havia feito tudo aquilo porque amava as irmãs e era o certo a se fazer, Bia a agradeceu. Ela teria feito o mesmo, e sabia que Gizelly também, mas ainda estava se acostumando com a realidade que era ter uma segunda irmã que arriscaria sua vida para protegê-la.

- Disponha - Queria xingar a menor, repreendê-la por sugerir que precisaria que ela salvasse alguém novamente, mas um gemido de dor vindo do corpo sobre a maca à alguns metros dali interrompeu-a.

Repetiu o processo feito com Gabi, e percorreu seu olhar sobre o corpo caído da chefe, mas ao contrário da pele da advogada, a de Gizelly continha várias marcas roxas no rosto e na extensão dos braços. Quis aproximar-se e tomá-la em seus braços, como fez tantas vezes na adolescência, mas se conteve ao lembrar que naquele caso o atendimento de profissionais seria mais eficaz do que seu amor.

- Não foi tiro, é que ela apanhou antes da gente chegar... - A loira tentava ofertar alguma forma de conforto para a mais velha, que encarava a capixaba ainda inconsciente, mesmo sabendo que provavelmente não adiantaria. As três mulheres ali compartilhavam o mesmo sentimento desesperador de insuficiência. Cada uma delas, do seu próprio jeito, tentou salvá-la e impedir que Ângela a machucasse ainda mais, mas ao vê-la daquela maneira elas só conseguiram pensar que falharam, e que Gizelly poderia estar em um estado pior ainda caso Gabriela tivesse chegado  alguns minutos mais tarde.

- Eles querem nos examinar, para ter certeza que estamos bem - Rafaella havia se aproximado das duas irmãs, que por olhares fixamente para o resgate da chefe não perceberam sua aproximação - Você deveria ir com ela na ambulância, assim ela não fica sozinha caso acorde - Disse a mineira enquanto encarava Bianca, como se a desafiando a recusar. A empresária sabia bem que a atriz tinha todos os motivos do mundo para duvidar dela, pois ela provavelmente ouviu histórias nada agradáveis sobre sua relação com Gizelly, mas naquele momento, sabendo que Rafa tinha ajudado a salvar uma das pessoas que mais amava no mundo, não conseguia achar espaço nela para aborrecer-se. Por isso, acatou a ideia da futura cunhada, e dirigiu-se até o paramédico mais próximo, para lhe informar dessa decisão.