Roberta

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Música do capítulo = Fall on me.

Antes de começar, quero agradecer a Thamy que me ajudou com os detalhes químicos utilizados no capítulo. Foram muito úteis e eu vou ser sempre grata❤.

Após Gizelly reconhecê-la, aproximou-se de Ângela, que permanecia de costas para ela. Sabia que ela a reconheceria na hora, e que a dupla de reféns provavelmente não entenderia nada do que se passaria nos próximos minutos, mas isso não era importante agora, precisava imobilizar a criminosa primeiro. Assim que olhos verdes idênticos aos seus a encararam, sentiu o peso do que estava prestes a fazer atingi-la em cheio.

- Gabriela? O que você está fazendo aqui? - Ângela encarava a recém-chegada com surpresa, mas no fundo havia algo a mais, orgulho talvez. Ela com certeza conhecia Roberta, então por que a havia chamado por outro nome? Gizelly tentava ligar os pontos, mas haviam pontas soltas demais para que isso fosse possível - Não me diga que finalmente decidiu juntar-se à sua querida mãe? Eu sempre soube que você era mais como eu do que como aquele idiota do seu pai, afinal não te criei para pensar pequeno - A loira mais nova usava todo o seu auto controle para não exaltar-se e jogar algumas verdades em sua mãe, mas então lembrou-se de que a vida de sua irmã corria perigo, e que sua sobrevivência dependia dela.

Enquanto isso, a chefe transportava seu olhar de uma loira para outra, procurando algum detalhe que ela poderia ter deixado passar. Após o fim de sua breve investigação, ficou claro que aquilo tudo era verdade. Roberta, ou Gabriela, já não sabia como chamá-la, levava muitos dos traços de sua cruel mãe, os mesmos fios claros, olhos verdes cristalinos, e postura milimetricamente impecável. Qualquer um que viesse as duas indicaria que possuíam algum parentesco, mas o mesmo não acontecia entre sua nova irmã e seu falecido pai. Procurara algo que remetesse à Antônio, mas nada nela indicava que ele sequer fizeram parte do concebimento.

- Eu sempre soube que você não me via, mas parece que é mais cega do que pensei - Era a primeira vez que a mais nova integrante daquela cena de crime se pronunciava, e o tom gélido de sua voz pegou a todos naquela sala de surpresa. Esperavam uma mini formação de quadrilha, e receberam sarcasmo em forma de ataque. Pelo visto, a caçula dos Bicalho era um enigma até mesmo para quem a pariu.

- Do que você está falando, minha filha, claro que eu te vejo. Um rostinho lindo desse não passa despercebido nunca - Gabi viu-se com um sorriso incrédulo no rosto, não era possível que sua mãe só pensasse em aparências até enquanto cometia um crime. Se bem que ela não deveria estar surpresa, como esperar algo diferente vindo de uma mulher cuja criação da filha fora completamente terceirizada? Cuja filha só conhecera carinho de pessoas estranhas e de seu pai, que mal parava em casa?

- É aí que você se engana, mamãe - A última palavra era dita quase que com desdém, o que deixava Rafa e Gizelly bastante curiosas para saber os detalhes daquela estranha reação entre mãe e filha. A cada minuto que passava, ficava mais claro para elas que aquela mulher, qualquer que fosse seu nome, não estava ali para ajudar sua captora. Era um bom sinal como quaisquer outros, então ambos mantiveram-se quietas, esperando o desenrolar daquela conversa -Se o que a senhora acabou de falar fosse verdade, não teria acabado de passar a vergonha que passou na frente da mulher que tanto odeia - Ângela tentava conectar os pontos, para encontrar a ligação de sua filha com seu fracasso, mas seu ego a impedia de obter o sucesso desejado. Em sua cabeça egocêntrica e fantasiosa, seu plano era infalível, e tinha certeza que ele funcionaria, só dependia de mais UM único fósforo. Ela estava errada, obviamente, seu plano maligno nascera fracassado sem que ela sequer sonhasse isso - Qual é, realmente não notou que o que jogou em volta dela não é gasolina? Ou que o isqueiro que guardou na caixa que usou para transportar sua arma e o galão simplesmente sumiu? - Era difícil dizer qual das três ouvintes estava mais chocada com aquela revelação. Gabriela acabara de assumir na cara de sua mãe que sabotou seu plano, sem medo de qualquer consequência que pudesse atingi-la, era como se se sentisse indestrutível ao fazer isso. E, mal sabiam as outras, que era exatamente isso que ela era. Após tanto tempo descobrindo cada detalhe de cada plano falho através dos anos, fora capaz de interferir no mais letal deles, e salvar a vida de sua irmã.

No Words - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora