Diamante Vermelho

3.1K 330 179
                                    

Música do Capítulo = Skin.

Já era a terceira semana da recuperação de Gizelly, e as coisas andavam de maneira tranquila. Rafa continuava revezando com suas amigas no papel de cuidadora, e os machucados já estavam em sua maioria curados e cicatrizados. A capixaba estava louca para voltar a trabalhar e ter sua vida de volta, mas Rafaella a impedia, obrigando-a a seguir as indicações de seu médico.

Sua relação com a atriz não havia evoluído muito, pois ela insistia que enquanto Gizelly não estivesse totalmente recuperada, o foco seria sua saúde, deixando seu relacionamento em segundo plano. Obviamente que beijos e carinho eram algo recorrente entre elas, mas não haviam parado para conversar sobre seu status ou sobre a relação em si, a mineira priorizava a saúde da amada e ela respeitava isso.

Aquela era uma das poucas tardes em que Rafaella não lhe fazia companhia, pois havia sido chamada para uma reunião com seu empresário para decidir os próximos passos de sua carreira, então Thelma havia naturalmente ficado em seu lugar. A mais velha aproveitava que a amiga dormia para cozinhar a comida para o dia, que ainda era algo que não confiaria a Rafaella, não queria correr o risco de ter sua melhor amiga com intoxicação alimentar depois do sofrimento que ela passou. Era só mais uma tarde comum na mansão desde o atentado, mas a confeiteira se assustou quando ouviu berros vindos do quarto de Gizelly.

A chefe havia acordado com uma dor cortante no lado direito de seu tronco, era como se uma faca a estivesse abrindo rapidamente, e a ardência a fazia ter vontade de chorar. Levou sua mão até o local, como se a dor fosse diminuir ao cobri-lo, e tentou levantar da cama para chamar Thelma, mas não obteve sucesso. Não conseguia ficar em pé com uma dor tão intensa. Mesmo sem o aviso que esperava, viu a amiga entrar no quarto segundos depois, com uma expressão preocupada em seu rosto. Vê-la jogada na cama se revirando de dor não ajudou muito para que ela mudasse, e ela logo correu em sua direção.

- Gi! O que foi? Você se machucou? Caiu? - A mais nova balançava a cabeça em negação, e tentando manter a comunicação sem utilizar palavras, levantou a mão que cobria sua clavícula e apontou o local, voltando a cobri-lo em seguida - Deixe-me ver direitinho isso aí- Com toda a delicadeza do mundo, a confeiteira levantou a mão da amiga para encarar o local, à procura da fonte de tamanha dor. O que encontrou ali roubou seu fôlego. Esperava encontrar um corte, uma picada de algum inseto venenoso ou até mesmo um vergão causado por uma possível alergia, esperava qualquer coisa menos palavras em tinta preta estampadas na pele branca da amiga.

- O que foi? Que merda é essa que parece que está me matando? - Só após encerrar a pergunta que viu o espanto em seu rosto, e as lágrimas que escorriam na face que sempre fora seu ponto de segurança - Thelma?

- Você precisa ver isso... - Com cuidado, ajudou-a sentar-se na cama, e foi até o banheiro da suíte, de onde voltou carregando um pequeno espelho de maquiagem. Tudo isso foi feito em silêncio, o que deixou Gizelly mais ansiosa do que já estava, não bastava à dor imensa que sentira agora sua melhor amiga ainda estava misteriosa para o seu lado - Gi, saiba que qualquer que seja a sua reação, eu estou aqui, tá bem? - Não entendeu o porquê de tamanha cautela, já pensava na possibilidade de sua pele estar tomada por larvas ou algum outro animal, mas acenou mesmo assim. Não é como se tivesse muita escolha naquele momento. Após receber o sinal positivo, a confeiteira posicionou o espelho de maneira que a chefe pudesse enxergar sua clavícula, revelando o "problema" da vez.

O mundo de Gizelly Bicalho pareceu dar uma volta completa em menos de um segundo, pois mesmo sentada sentiu seus arredores girarem. Não era possível, só podia ser uma alucinação, certo? Não tinha uma nova marca no exato lugar que sua antiga ocupou um dia, não é? A surpresa e o espanto com a situação fez com que qualquer resquício de dor sumisse de seu organismo, deixando-a imersa em sua rede de dúvidas. Perdida, encarou Thelma em busca de respostas nos olhos que eram a sua fonte de força, mas não as encontrou, pois neles só repousavam lágrimas de felicidade por ela.

No Words - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora