As irmãs Bicalho

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Música do capítulo = Dia especial.

Trinta minutos foi o tempo que esperou até ver Arthur passar pela porta do saguão novamente. Sua expressão facial era serena e amigável, o que fez com que Rafaella relaxasse um pouco, sabia que ele não estaria assim caso Gizelly estivesse em estado grave.

- E então, como ela está? - Foi Bianca quem tomou coragem e fez a pergunta que todos ali queriam fazer, e isso fez com que o médico migrasse sua atenção a ela.

- Gizelly está bem. Não há sinal de concussão ou sangramento interno, mesmo com os diversos golpes recebidos. Seu desmaio foi causado pela situação traumatizante pela qual passou, e seus ferimentos são todos leves e já foram devidamente cuidados - Uma onda de suspiros pode ser ouvida, e Mariana teve até que segurar a sogra de maneira mais firme, com medo de que a mesma imitasse sua filha e desmaiasse - Ela já está acordada, e pode receber uma visita... - O olhar dele para Rafa era tímido, como o de quem pede desculpas, e ela imaginava o por quê. Ela e Gizelly não eram consideradas família, uma marca não mudava nada aos olhos da lei, e ela sabia disso - Ela pediu para que eu levasse a Bianca até ela...? - Era uma afirmação ou mesmo tempo que era uma pergunta. A chefe provavelmente não havia especificado quem Bianca era em sua vida, então poderia muito bem ser qualquer uma das mulheres ali presentes.

Ao ouvir seu nome, a empresária ficou estática, completamente chocada de ser a primeira pessoa que a irmã desejara ver após tudo o que se passou naquela noite. Virou-se para Mari, que mesmo ainda chateada com as diversas mentiras da esposa, foi até ela e acariciou seu braço levemente. Não sabia como um gesto podia querer fazê-la chorar, mas aquele afago fez exatamente isso. A mera esperança de que talvez Mariana ainda a amasse era o suficiente para que arranjasse força de onde não tinha e se dirigisse até o quarto onde uma Gizelly confusa a esperava.

- Bianca? - Chamou-a Arthur, que se despedia de Rafaella antes de apressar-se alcançá-la. Na afobação de ver a irmã, Bia não havia sequer perguntado o número do quarto. Após passarem pela gigantesca porta branca que separava a sala de espera do resto do hospital, o médico apontou o último quarto à sua direita, cuja porta exibia um número dezoito. Era ali, atrás daquela porta que ela estava, provavelmente machucada e cheia de questionamentos que seriam respondidos logo logo - Estarei ao quarto ao lado caso precisem de mim.

*
Teve dúvidas se havia feito à escolha correta no momento em que seu médico deixou o quarto, mas já era muito tarde para mudar de ideia. Se havia pedido a presença de Bianca ali era porque o que precisava resolver com ela era mais importante do que o resto, certo? Sua mente já estava cheia de dúvidas a partir da chegada de Gabriela em sua casa, e elas só multiplicaram ao, antes de desmaiar, reconhecer o rosto da irmã mais velha entre os de diversos policiais e paramédicos.

"Eu morri?" Havia sido a primeira coisa em sua mente quando acordou no hospital, seguida por "O que Bianca fazia em minha casa?".  Enquanto esperava os resultados de seus exames, sua mente funcionava a todo gás, procurando respostas em ações sem explicação ou em coincidências felizes demais para serem apenas isso. Foram essas perguntas que fizeram com que o nome da empresária saísse de sua boca antes que seu cérebro conseguisse raciocinar sua vontade. Agora estava aqui, esperando-a, e não fazia ideia de como obrigá-la a dizer-lhe tudo o que não só queria, mas merecia saber.

Quando o barulho da maçaneta girando finalmente foi ouvido, seu coração disparou e sua respiração parou. Não sabia qual seria o estado de sua irmã, será que ela estava preocupada com ela? Ou apenas curiosa para saber o que aconteceu? Ela sabia da existência de Gabriela ou essa havia sido mais uma das informações cruciais que havia escondido dela? Eram tantas perguntas que a menor sentia sua cabeça girar só de pensar.

No Words - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora