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Não se esqueçam da playlist .
Música do capítulo- Never Got Away

Após o jeito estranho como Gizelly a tratara no sábado, Rafaella ficou em dúvida se deveria levar em consideração o convite que a chef de cozinha havia feito antes de tudo desandar. Argumentou contra ir, dizendo que tratá-la da maneira fria como havia feito na noite anterior era o suficiente para ela se sentir desconvidada, mas Manoela argumentava o contrário, afirmando que se a mais velha havia feito o convite, era porque ela esperava que ela o aceitasse, mesmo com a mudança de humor que veio depois.



Como sempre, Manu ganhou a discussão, e Rafa estava dentro de seu carro já parado no estacionamento do Bicalho's. Tentava juntar coragem o suficiente para sair dali, mas seus medos a assombravam e ela precisou de um momento para se recompor. Tinham que conversar e ela tinha consciência disso, mas e se após a conversa a capixaba se afastasse dela? E se ela nunca mais a visse depois disso? Mal conseguia pensar nessa possibilidade, pois sabia que seria uma dor que doeria eternamente.



Demorou por volta de quinze minutos naquele carro até ter coragem para fazer o que tinha que ser feito. Ao passar pela porta de entrada, avistou a recepcionista da noite anterior, que sorriu ao vê-la. Aproximou-se de Joana, que falava com alguém ao telefone em cima de sua bancada e se virou para a atriz assim que terminou de falar com quem quer que estivesse do outro lado.



- Senhorita Kalimann, que honra tê-la aqui novamente - Acenou para a menina pois era a única coisa que era capaz de fazer naquele instante, já que estava ansiosa para encontrar com outro membro da "tripulação" do Bicalho's - A sala já está pronta, só estou esperando alguém vir buscá-la para acompanhá-la até ela - Sala? Esperava conseguir uma mesa, já que na hora do almoço as coisas são sempre mais tranquilas nos estabelecimentos, mas viu que se enganara.



- Lotado até nesse horário? Parece que os cariocas finalmente descobriram essa preciosidade, huh? - Se dissessem à Rafaella de dois dias atrás que estaria conversando educadamente com uma recepcionista, uma risada alta seria o mínimo que receberiam. Mas agora seu nervosismo tomava conta e a fazia ignorar tais preocupações. Em último caso, Joana viraria uma admiradora de sua falsa educação e falaria bem dela para suas amigas.



- Na verdade, não. Estamos com algumas mesas disponíveis ainda, mas a senhorita Bicalho pediu para encaminhá-la até a mesma sala de ontem à noite - O que? Gizelly havia deixado instruções sobre ela na recepção? A acomodaria na sala que até ontem nunca havia sido usada? Cada vez que tentava entender a chef, a entendia menos. Suas ações se contradiziam e confundiam a cabeça da mineira, que percebeu estar parada feito um poste na frente de Joana, que lhe encarava preocupada - Tudo bem? A senhorita está um pouco pálida, quer que eu peça um copo de água? - Negou com a cabeça e tentou se recompor rapidamente.



- Não precisa, só estou com fome, não me alimentei hoje ainda.



- Então vejo que não foi devidamente convencida a se alimentar direito, senhorita - Não sabia de onde ela tinha saído, mas Gizelly estava atrás de Joana, com uma expressão séria em seu rosto. Se Rafa a conhecesse melhor, saberia que era sua expressão de preocupação.



- Acabei ficando presa em uns assuntos de trabalho e esqueci de comer - Mentira. Tinha passado a manhã decidindo de escutava Manu ou não e depois disso tinha gasto o resto do tempo para se arrumar. Mas Gizelly não precisava saber disso.



- Acho que EU quem precisarei convencê-la hoje, não é mesmo? - Rafaella observou bem a chef, e nada em sua postura ou expressão corporal indicava que ela lembrava dos acontecimentos do último jantar - Podemos ir? - Com o braço, indicou a direção da sala, em um pedido silencioso para a mineira passar à sua frente. Sem hesitar, Rafaella o fez, e em poucos minutos as duas estavam sozinhas na sala escura. A mais alta sentia seu corpo tremer só de pensar nesse detalhe, sabia que precisavam de privacidade, afinal os funcionários achariam estranho se vissem Gizelly simplesmente sentar com uma cliente para almoçar - Quer que eu ligue a luz? - O breu havia sido estranhamente confortável durante o jantar, mas por algum motivo tinha a necessidade de ver a chef em sua total nitidez para decorar cada detalhe de seu belo rosto.



No Words - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora