No Words - Girafa

Paz

Música do Capítulo = Falando a verdade. Boa leitura ❤

Após ter seu almoço com Rafaella interrompido, Gizelly acabou ficando bastante tempo com sua mãe no telefone. Havia dias que estava tentando contato, mas não obtinha sucesso. Muito provavelmente era pelo fuso horário, mas algo no fundo de sua mente sempre dizia que era falta de interesse da parte da mais velha. Então aproveitou os minutos em que conseguiu prender a mais velha, se certificando que ela estava bem.

- E então, ela disse quando elas voltam? - Pela segunda vez naquela tarde, viu Mari parada na porta com uma expressão curiosa no rosto.

- Sim, mamãe disse que o voo delas está marcado para daqui três semanas. Sinto muito, Mari, mas você vai ter que aguentar mais alguns dias sem a minha irmã - Não era sua intenção ter cutucado a cunhada, mas se sentia inesperadamente irritada com a mais nova. Desde que tinha aberto a porta da sala reserva, Mariana tinha uma expressão que a chefe conhecia muito bem, e sabia que era questão de tempo até a baiana começar um interrogatório para cima dela.

- Desde que ela resolva tudo por lá, não me importo em esperar mais alguns dias. Só desejo o sucesso dela, sabe disso, Gi - Sabia, e isso era extremamente irritante. Não entendia como Mari tinha ficado tão tranquila quando Bianca anunciou que perderia o evento da Globo no Bicalho's. As duas tinham trabalhado duro desde que receberam a reserva, e a empresária até havia expressado felicidade por sua esposa, mas não havia ao menos hesitado quando pediram que ela fosse aos Estados Unidos para os eventos de sua marca. Gizelly não era estúpida, sabia muito bem que sua irmã mais velha poderia muito bem ter mandado alguém em seu lugar, ter ido foi uma escolha dela, e ela teria que arcar com as consequências quando voltasse - Dona Márcia está bem?

- Está, só está extremamente entediada, já que detesta esse mundo em que Bianca vive. Por ela, voltariam hoje mesmo - Viu Mari assentir com a cabeça, mas nenhuma palavra saiu da boca da sous chefe. Sabia que, mesmo que tivesse todo o discurso de "só quero o sucesso da minha esposa", algo nessa demora a voltar incomodava a baiana, ela só não tinha coragem de contar.

- Que bom ouvir isso.... - Pela primeira vez desde que se conheceram, um silêncio desconfortável tomou conta do ambiente. Sabia o que estava por vir, e não estava nem um pouco ansiosa - Então... Teve um bom almoço?

- Sim, foi bastante agradável. A senhorita Kalimann é uma ótima companhia - Mari notou a mudança feita pela cunhada no nome da atriz, mas preferiu não comentar. Se ela não se sentia confortável em chamar a mulher de Rafaella em sua frente, entenderia.

- Vocês estão bem amigas, né? - Tentou fazer com que sua voz não possuísse nenhuma malícia, para não assustar a cunhada. Queria que Gizelly percebesse que podia confiar nela, e que não a julgaria.

- É, talvez. Ela foi muito gentil, retribui a gentileza, e agora nos vemos às vezes. Ela está decidida a melhorar minha auto confiança, eu acho - A chefe podia não perceber, mas olhando de fora, era óbvia a diferença nela ao falar sobre sua amizade com a atriz. Era como se estivesse com vergonha de algo, como se temesse a reação de Mariana ao descobrir o que ela ocultava.

- Você gosta das visitas dela? - A mais velha sentiu as bochechas corarem ao ser questionada. Gostava de suas conversas com Rafaella? Se sentia mais leve enquanto ouvia a mineira falar, então sim, gostava. Estava curiosa para saber mais sobre a vida da moça, e os caminhos que trilhou até chegar ao seu restaurante naquela noite chuvosa de sexta-feira? Depois da pequena revelação da atriz no almoço, estava mais que curiosa. NECESSITAVA saber mais detalhes sobre aquela bela jovem, que carregava um véu protetor cobrindo seus olhos. Sabia que havia algo a mais por trás daquele verde cristalino e queria desvendar cada pequeno mistério para descobri-lo. Então sim, gostava das visitas que Rafaella Kalimann lhe fazia, e esperava que ela fizesse com mais frequência.