Música do capítulo = pov.
- Confesso que pensei que você estaria com uma cara pior quando me chamou - Como em todas as outras conversas na amizade delas, Thelma estava sendo completamente sincera. Ela, melhor do que ninguém sabia sobre os sentimentos que a chefe nutria por Rafaella, então era normal que esperasse encontrar uma Gizelly deprimida em sua chegada. Mas, felizmente, as coisas fugiram do esperado.
Ao invés de tristeza e lamúrias, a mais velha encontrou reflexões e dúvidas no rosto da amiga. Ela se encontrava esticada na cama, como se tivesse corrido uma maratona e seus músculos já não aguentassem mais, e observava a confeiteira, como se esperasse que ela compreendesse cada palavra dolorida que teria que dizer.
- Se você tivesse me visto algumas horas atrás, essa teria sido a sua visão... - O tom em sua voz era pensativo, como se falar aquilo lhe trouxesse alguma memória. Thelma, sempre muito rápida, não deixou isso passar, e logo a questionou.
- O que foi que aconteceu de tão bom a ponto de fazer você melhorar de algo que eu sei que te deixou triste?
- Nada bom aconteceu, muito pelo contrário, algo ruim aconteceu - A resposta da Bicalho confundiu a mais velha profundamente, como algo ruim poderia ter melhorado seu estado tão rapidamente?
- Gi, vou ser obrigada a ser sincera e dizer que não estou entendendo nada... - A resposta obtida foi uma bufada e duas mãos cobrindo um rosto cansado dos últimos acontecimentos, que eram muitos para tão pouco tempo.
- Aconteceu de novo... - O fio de voz que saiu da garganta da mais nova assustou Thelma que, em puro reflexo, se aproximou e tomou sua mão na dela, mostrando apoio por o que quer que tenha acontecido.
- O que aconteceu de novo? - Sentiu-a retribuir o aperto em sua mão, absorvendo um pouco de coragem da melhor amiga antes de externar uma verdade tão dolorida.
- A marca da Mari sumiu - Essa pequena frase fez com que a mente da confeiteira fosse direto para a maior tragédia pela qual a capixaba já passou: a morte de seu pai. Isso, somado ao sumiço da marca de Mariana, fez com que ela deduzisse que algo havia acontecido com Bianca.
- Meu Deus, Gi. Meus pêsames... - Dessa vez, ela quem apertou a mão da chefe, que logo corrigiu o mal entendido.
- Eu também pensei isso quando vi a pele limpa, mas por incrível que pareça a Bianca não morreu, continua vivíssima. E detalhe, com a própria marca intacta - Cada vez mais perdida, Thelma se manteve em silêncio, esperando que a amiga continuasse. Não conseguia pensar em uma justificativa diferente para a perda da marca de Mariana, nunca tinha ouvido falar de algo sequer parecido - As duas ficaram tão confusas, Thelminha... Acredite se quiser, mas o olhar no rosto da Bia quebrou meu coração...
- Imagino, não sei como eu reagiria caso algo do tipo acontecesse comigo... - Mesmo tendo extrema antipatia pela empresária, conseguiu colocar-se em seu lugar, e imaginar Dênis chegando em casa e lhe informando que sua marca havia desaparecido. A única reação na qual ela conseguia pensar era um choro desesperador - Mas isso não explica o porquê de você estar melhor - Não foi bem uma pergunta, foi mais para afirmação. Não imaginava que a chefe ficaria feliz por algo ruim desse nível ter acontecido com Bianca, por mais que ela não merecesse empatia vinda da caçula.
- Mas os pontos em comum com a minha história sim. Você não se lembra de mais alguém cuja marca desapareceu do nada, assim como a de Mari, e depois descobriu que sua alma gêmea ainda a possuía? - E então o quebra-cabeça montou-se na mente de Thelma, preenchendo as partes em branco. Gizelly ligava o que aconteceu com a irmã à sua relação com Rafaella, que era bastante similar. Era óbvio que a capixaba, sendo a pessoa incrível que era, se compadeceria, não tinha como ser diferente.

VOCÊ ESTÁ LENDO
No Words - Girafa
FanfictionEm um universo onde cada pessoa tem as primeiras palavras que ouvirá da boca de sua alma gêmea desde o seu nascimento, a felicidade é algo facilmente avistada por cada um. Mas nem todos têm um primeiro encontro romântico e agradável com a sua pessoa...