Ela morreu...

4.4K 523 284
                                        

Obrigada a quem me ajudou a escolher a sala de TV pro capítulo. Vocês têm um ótimo gosto ❤.

Música do Capítulo = Fallin' All in You.

 
Depois do almoço quase arruinado, o resto da semana de Rafaella foi bem mais tranquila. Ia até o Bicalho's almoçar todos os dias, e à noite recebia uma "entrega especial" da proprietária do mesmo. Haviam estabelecido novas regras para a alimentação da mais nova; comeria a sugestão de Gizelly no almoço e para o jantar a chefe mandaria algum dos pratos que ela já tinha aprovado. E assim seria escolhido o prato a ser ensinado no final de sua série de aulas de culinária.

 

A mineira havia evitado tocar no assunto almas gêmeas com a mais baixa, que também fingia não lembrar da conversa na quinta-feira. Ambas tentavam focar no encontro de segunda onde, pela primeira vez, ficariam sozinhas de verdade, sem nenhuma chance de interrupção por funcionários. Para Rafaella, essa era uma oportunidade e uma tortura ao mesmo tempo. Oportunidade porque estar no conforto da própria casa poderia fazer com que a capixaba se abrisse mais com ela, e adoraria descobrir mais sobre a vida daquela bela mulher que, segundo o destino, era perfeita para ela. Tortura porque ter que passar o dia em sua companhia, sabendo o que ela significa em sua vida e não comentar sobre, a machucaria, ela sabia que sim. Mas também sabia que, no momento, priorizava a nova amizade delas ao invés de qualquer relacionamento romântico que pudesse acontecer, mesmo que soubesse que queria mais do que uma simples amizade, mesmo tendo uma marca para provar a compatibilidade delas. Havia decidido que tê-la como amiga era melhor do que não a ter de maneira alguma e levava isso a sério, mesmo que seu coração sangrasse toda vez que sua mente ousava em pensar nas palavras. 

Foi essa vontade que a trouxe até o portão da casa da mais velha, em uma segunda-feira ensolarada, para ter aulas sobre algo que nunca tinha se interessado antes. Tocou o interfone quase com medo da chefe não lhe atendesse, mas seus medos logo se esvaíram quando ouviu sua voz favorita vinda do aparelho grudado no pilar. A voz de Gizelly foi um calmante instantâneo, e ela finalmente conseguiu focar na parte boa em estar ali. Conheceria alguns detalhes a mais sobre sua alma gêmea, a veria na cozinha, seu habitat natural, e isso era extremamente animador.

 

- Olha quem chegou! Estava com medo que você tivesse dado para trás, mocinha - O falso som acusatório lhe arrancou a primeira gargalhada do dia. A morena era extremamente espontânea e isso a tornava uma das pessoas mais engraçadas que já conhecera. Quando a capixaba abriu o portão, proporcionando uma visão dela completamente diferente da chefe de cozinha e proprietária de negócio a qual Rafa estava acostumada a ver no restaurante, a mais jovem sentiu seu corpo formigar. A regata preta e o short jeans pareciam terem sido feitos para o corpo dela, e por um minuto Rafaella temeu estar babando na frente da mulher - Ué? Cadê seu carro? Não me diga que veio de Uber até o Jardim Botânico, Rafaella? - A cara de desconforto da mineira entregou a resposta antes mesmo de sua boca abrir.

 

- Meu carro está na oficina. Uber foi a única saída. 

 

- Podia ter me dito, eu teria buscado você. Rio de Janeiro é um lugar perigoso, Rafa, não gosto da ideia de você andando no carro de um desconhecido - A preocupação fez com que a mais velha ficasse completamente alheia ao fato de ter chamado a atriz por um apelido ao invés de pelo nome, como normalmente fazia. A mais alta, porém, percebeu o deslize e teve que segurar o sorriso bobo que sua boca teimava em formar - Nossa, que falta de educação a minha, brigando com você antes mesmo de deixar você entrar - Gizelly estava mais estabanada que o normal, tudo devido ao nervosismo por ter a bela morena de olhos verdes em sua casa. Desde que fez o convite, gastara horas deitada em sua cama teorizando sobre o que a atriz pensaria dela após ver sua residência. Sabia que o que tinha naquela casa era algo que uma minúscula parte da população conseguia sonhar, e temia o julgamento errôneo sobre sua pessoa por parte de atriz ao ver aquela exuberância toda.

No Words - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora