Break

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"Não quero mais tentar. Eu só quero que acabe. Para mim já deu. Eu estou tão cansado. Tenho vinte anos e já estou exausto. "
- Elizabeth Wurtzel, Nação Prozac

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"Ainda não me disse seu nome."

"Você nunca perguntou qual era meu nome"

"Poderia me dizer?"

"Poderia, mas não é tão legal quanto Homem Bonito"

"Por favor, nem se for só seu apelido"

"Que tal Homem Dos Seus Sonhos?"

"Está flertando comigo no meu sonho?"

"Certo, certo. Pode me chamar apenas de Tae."

"É bonito, igual você."

Uma semana. Uma semana sonhando com o Homem Bonito. Ou melhor, Tae. Ele me disse que esse era seu apelido. Uma semana que minha casa está cheia de pinturas nela. É engraçado. Em cada sonho eu e Tae fazemos coisas diferentes e acabo fazendo umas três pinturas para cada sonho. Eram coisas divertidas. Eu não sentia medo. Eu não sentia nada além de felicidade. Era um lugar bom. Um lugar feliz.

— O homem dos seus sonhos? — Era Jimin quem perguntava enquanto bebia um pouco do seu café. — Isso é muito fofo.

— Tudo para você é fofo, Park Jimin. — Forcei um sorriso pequeno.

Jimin havia voltado para Seul para me visitar e talvez encontrar um emprego, mas estava difícil para ele.

— Como você está, Yoon? Conseguiu resolver as coisas do apartamento?

— Ainda não. Assim como você, ainda não consegui achar um emprego. Estou bem perto de desistir.

— Não diga isso, tenho certeza de que vai achar algo. Você desenha incrivelmente bem. Tem mais chance do que eu de conseguir um emprego.

— Talvez você tenha razão — Bebi um pouco da minha água. — Mas não sei se conseguiria uma carreira por causa disso.

— Pelo menos não foi você que se formou em psicologia e suas únicas opções são escolas onde os alunos não vão ligar para você. — Rolou os olhos e eu ri.

— A propósito, como vai o Jungkook?

Na hora que perguntei, me arrependi. Jimin fechou a cara e abaixou a cabeça. Nunca demonstrava o que sentia. Deixava seus sentimentos e pensamentos guardados em um lugar bem escondido. Mas eu conseguia achá-los. Sempre achava

— Desculpa.

— Tudo bem, não é novidade — Se endireitou no banquinho — A última vez que nos falamos, ele disse que estava bem. Falta apenas um ano para ele terminar a faculdade, então ele deve estar ansioso. — Vi uma feição triste se formar em seu rosto. — Eu entendi quando ele pediu um tempo. A faculdade, o TCC, deveres e agora arrumar um lugar para morar devem estar tomando conta da mente dele e um relacionamento pode ser mais do que ele pode aguentar. Medicina é um saco e eu estava atrapalhando ele.

— Não diga isso, você não atrapalha ninguém — Botei minha mão em seu ombro. — Vai dar tudo certo, Min, é só um tempo. Logo logo tudo volta ao normal.

— Eu espero.

Após isso, continuamos conversando sobre coisas diferentes. Ele me contou como estava sua vida em Daegu. Havia desistido de procurar emprego lá, mas estava quase desistindo de procurar aqui em Seul também. Cogitou a ideia de se mudar para Busan, assim Jungkook não teria que ser transferido de hospital, mas não quis tocar muito no assunto.

Eu me sinto triste por ele. O relacionamento dos dois não vai indo bem. Jimin quer dar tudo de si para Jungkook e Jungkook é muito duro. Esse estresse de terminar a faculdade está o deixando diferente. Ele não tem mais tempo para nada. Não fala com ninguém, liga para ninguém e apenas trabalha, trabalha e trabalha. Eu o entendo. Mas Jimin está sofrendo com isso. Jungkook o está ignorando, mesmo com Jimin fazendo tudo por ele.

Quando terminamos de comer, Jimin disse que pagaria a conta e eu não pude recusar, afinal, estou 100% quebrado. Preciso arrumar um emprego. Urgente.

Voltei para meu pequeno apartamento, tentando não tropeçar nos milhares de materiais e telas espalhados pela sala, cozinha e quarto. Eu não tinha absolutamente nada para fazer, devia ter ficado naquela cafeteria até de noite, assim eu não teria tanto tempo livre. Tentei mandar mensagem para Namjoon e Hoseok, mas fui deixado no "entregue".

Sentia saudade do Dong-yul, o filho deles. Ele é bem espontâneo e extrovertido. Sempre que eles me pedem para ficar de babá, eu me animo. Sei o quanto ele é divertido e ama brincar. Dong-yul já tem 3 anos. No momento, o que ele mais gosta de fazer é desenhar, e talvez eu tenha o influenciado um pouco. Hoseok e Namjoon ficam loucos quando ele desenha nas paredes, dizendo que era minha culpa, mas no final, acabávamos rindo. Os três eram minha segunda família. Na verdade, talvez sejam minha primeira. Minha família biológica não me quis. Namjoon, Hoseok e Dong-yul são tudo o que eu tenho e eu não poderia estar mais feliz.

— Você chegou cedo hoje — Disse Tae — O que aconteceu?

— Devo ter cochilado no sofá, faço isso de vez em quando.

— Devia estar cansado para isso ter acontecido. O que fez hoje?

— Me encontrei com um amigo que não via há um bom tempo, foi legal.

Esse sonho foi diferente dos outros. Ficamos apenas conversando e nada muito louco aconteceu. Claro, eu não podia controlar o que dizia, mas eu falava exatamente o que queria dizer. Foi estranho, na verdade. Porém, legal.

Vocês diriam que eu estou ficando louco? Estou fascinado por algo que venho sonhando há muito tempo. Não sou de acreditar em coisas assim, mas e se esses sonhos significassem alguma coisa? Tae me disse que ele era meu anjo da guarda, porque estaria sempre aqui para cuidar de mim. E se isso fosse um sinal para eu não desistir? Se for isso, não está funcionando muito bem.

Me lembro de ter acordado por meu celular que tocava alto, já que não havia o deixado no mudo. Era Hoseok quem me ligava.

— Hobi? Por que está me ligando às sete da noite?

— Min Yoongi, seu filho da puta! Como pôde sair com o Jimin e não nos contar nada? — Ele esbravejou do outro lado da linha.

— Como sabe disso? Estava me stalkeando?

— Ele postou uma foto, seu tonto. Porque não nos encontramos algum dia, nós quatro? Não consegui conversar muito bem com ele da última vez que ele esteve aqui.

Como já disse, Hoseok nos conheceu apenas na faculdade. Já Jimin esteve conosco até o ensino médio, então os dois não se conhecem muito bem.

— Podemos combinar algo sim, ele vai adorar ver vocês de novo, principalmente o Dong-yul.

— Interesseiro! — Namjoon gritou, mais afastado.

— Enfim! Amanhã à noite na minha casa. Vou fazer janta para nós!

— Um, claro. Até amanhã, Hoseok.

— Tchau, Yoon!

Desliguei.

Por mais que eu amasse Hoseok, ele não sabia de nem da metade dos meus problemas. Sempre pedi para que o Namjoon não contasse para ele. Hoseok sabia apenas do meu problema com o apartamento, o que não é recente. Mas ele não sabe de mais nada. Não sabe como eu sou, como me machuco, como quero desaparecer, sumir, evaporar, morrer. Ele não sabe de nada disso. Não sabe dos meus traumas. Não sabe de nada.

E às vezes eu agradeço por isso.

Agradeço por ele não me ver do jeito que realmente sou.

"Achei que não ia te ver hoje de novo, Yoongi-ssi. Pelo visto, você está realmente cansado. Vem, eu planejei algo para fazermos. De novo.

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Espero que tenham gostado! Se puderem, por favor divulguem a fic!
Comentem se tiverem alguma sugestão, amo ler os comentários de vocês!❤️
Até o próximo!

The Model Of My Paintings | kth + mygOnde histórias criam vida. Descubra agora