Married?

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— Eu não sei quando começou. Já tinha sido diagnosticado com depressão antes, mas eu não sei quando exatamente aconteceu. Tem vários acontecimentos que podem levar a isso. Eu sofro com homofobia desde pequeno, meus pais me expulsaram de casa, sofri bullying na escola, não tinha sonhos. Bom, até agora não tenho, apenas tenho um emprego que não sei se quero continuar nele. Passei por muita coisa. Eu simplesmente perdi a vontade de fazer qualquer coisa, nada tinha graça. Para mim, o mundo era horrível. As pessoas eram más, estragavam tudo que tocavam. Bom, talvez não seja totalmente fantasia da minha cabeça. De qualquer forma, todos esses pensamentos foram se acumulando e se transformaram nisso. Depois eu simplesmente fiquei sem chão. Eu não saía de casa, não comia, não fazia nada. Eu acabei tendo sonhos frequentes com um homem e me apeguei a ele, porque era o único lugar que não queria me fazer morrer. Eu achava que era impossível sonhar com alguém que você nunca tinha visto antes, mas ele não era uma pessoa tão nova para mim assim. Os sonhos duraram apenas algumas semanas. Eu acabei sofrendo... um abuso. Acho que isso foi o limite para mim e, para piorar, no mesmo dia eu não sonhei com aquilo. Eu quis acabar com tudo. Saí correndo para comprar remédios. Eu queria ter tido uma overdose mas... quando eu voltei para casa, eu esbarrei em alguém, um homem idêntico ao com que eu sonhava. Eu fiquei interessado e nos aproximamos, começamos a namorar até, mas eu morria de medo. Eu tinha medo de contar o que havia acontecido comigo ou ele descobrir e não me querer mais. No final eu acabei contando tudo e ele disse que não me deixaria e me incentivou a sempre contar tudo para ele, mas ele mesmo não me disse nada. Ele me contou que nós já havíamos nos encontrado antes. Terminamos por causa disso há pouco tempo e isso me quebrou, por isso eu resolvi começar a terapia.

Eu contei absolutamente tudo para a minha psicóloga na primeira sessão. Eu gostei, isso estava me comendo por dentro. Eu estava me acostumando a contar as coisas. Pensei que fosse melhor assim, porque ela já teria uma ideia de como eu estava e a gravidade da minha situação.

— Foi aí que ela resolveu que era melhor aumentar para três sessões semanais. Conforme eu ia melhorando, mais ela diminuía. Eu não faço mais toda semana, as vezes eu março de ir, mas já faz um bom tempo que eu não vou — Expliquei e imaginei que Tae estivesse ouvindo, já que não conseguia ver seu rosto naquele momento. — Eu não sei dizer se ainda preciso ou não. Não faz falta agora, mais sinto que daqui um tempo vai.

— Entendi — disse, descansando seu corpo sobre meu peito, brincando com meus dedos. — Eu fiz por um tempo também por conta da reabilitação, mas parei de fazer ainda no ano passado. Não senti que estava me ajudando.

— É diferente para cada um. Depende muito da pessoa.

— É verdade — Deitei minha cabeça no encosto do sofá, cansado. Tive que ficar por mais algumas horas na escola por conta das provas e isso me deixou exausto.

Ele se aconchegou no sofá e olhou para cima, fazendo nossos olhos se encontrarem e sorriu. Eu percebi que muitas coisas que ele fazia, por mais simples que fossem, mexiam comigo. Seu sorriso era meu maior inimigo. Ele sabia meu ponto fraco.

Sorri de volta e deixei um beijo na ponta de seu nariz e apertei meus braços em volta dele. Não queria perder mais nenhum dia ao lado dele, queria sentir como se estivéssemos realmente colados juntos.

— Sei que faz tempo, mas preciso te dizer uma coisinha — Ele disse, deitando em meu peito novamente. — Eu senti muito a sua falta. Eu fiquei pensando em como você, que só ficou comigo por uns meses, me marcou tanto. Eu estava com muita saudade de você.

— Por que isso de repente? — Perguntei.

— Não sei. Começamos a lembrar do que aconteceu, não consegui deixar isso de fora.

The Model Of My Paintings | kth + mygOnde histórias criam vida. Descubra agora