Words I wish I heard before

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Palavras que eu gostaria de ter ouvido antes
[Esse capítulo contém ataques de pânico, auto-mutilação, gore (?) e desejo de morte. Caso não se sinta confortável, peço que não leia. Minha intenção não é, de forma alguma, romantizar todos esses acontecimentos.]

Baseado em acontecimentos e sentimentos reais
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Acordei assustado. Olhei no relógio: 3 da manhã. Tae estava do meu lado, dormindo profundamente. Minha respiração estava pesada e eu buscava por mais ar. Estava suando, mesmo com o ventilador ligado.

Minha mente conturbada, tentando processar as imagens que haviam acabado de passar em minha mente. Meu pesadelo com as minhas piores memórias.

Quando crianças normalmente têm pesadelos, as mães sempre dizem que não era nada, que ela não precisava ter medo e que nada era real. Claro, crianças costumam sonhar com monstros embaixo da cama, lobisomens e o tal homem do saco. Mas pesadelos de adultos são diferentes e eles assustam de verdade, porque podem acabar retratando a vida real.

Alguns adultos sonham que perderam os filhos, seu cônjuge ou sua família. Alguns sonham com perderem tudo que tem ou que morreram.O que acontece quando elas sonham com coisas que as atormentam todos os dias de suas vidas?

Elas se sentem mal, tristes, querendo apagar a memória daquele certo acontecimento. Dizem que essas memórias e momentos ruins apenas nos tornam mais fortes, mas eu me vejo cada vez mais fraco. É uma luta diária, na qual as memórias e esses "sentimentos ruins" sempre vencem.

Me levantei com calma e fui até a cozinha. Abri o armário de cima, vendo que minhas mãos estavam tremendo. Tudo aquilo era tão assustador. Coisas tão simples como apenas ir dormir podem dar medo a qualquer um que passa por esse tipo de coisa.

Peguei uma caixinha em forma de cilindro laranja com remédios dentro; antidepressivos. Fazia tanto tempo que não engolia um remédio. Talvez até mais de um mês, não me lembrava direito. Peguei duas cápsulas e engoli sem o auxílio de água, esperando que me fizessem esquecer aquilo.

Sei que esse não é o que se deve esperar de um antidepressivo, mas nessas horas você fica desesperado e faz qualquer coisa. Você torce para que alcance suas expectativas, mas descobre que sonhou alto demais.

Esperei um pouco para ver se eu me sentiria melhor, mas nada mudou, apenas fiquei com muito sono. Não queria voltar a dormir, de jeito nenhum. Tentei me acalmar, mas só conseguia me lembrar do sonho e do ocorrido e acabei começando a chorar. Eu estava tão, tão exausto.

Tentei controlar o choro para não acordar o Tae. Ele acabaria se preocupando e eu teria que procurar apoio nele. Estou cansado de ter que depender dos outros nessas coisas.

Fui para o banheiro e fechei a porta cuidadosamente, fazendo o mínimo de barulho possível. Me sentei no chão, me encostando na porta. Por quê? Por que tenho que ser assim? Por que tudo isso acontece comigo? Por que não posso ser normal?

Esses poucos minutos em que isso acontece são o próprio inferno. Você fica desnorteado, sem ter ideia do que fazer ou como agir. Era difícil fazer algo que ajudasse. Eram muitas coisas ao mesmo tempo. Medo, raiva, estresse, frustração, tristeza e mais de milhares outros sentimentos. Meu coração estava começando a acelerar suas batidas e minha respiração estava pesada, em qualquer momento, poderia começar a gritar desesperado por ar. Meu peito doía. Eu estava começando a ter um ataque de pânico.

Eu não sabia o que fazer, já fazia muito tempo que isso acontecia. Não sabia se gritava por ajuda ou ficava ali, tentando não achar que estava morrendo. Não estava, mas minha cabeça queria que eu achasse que sim.

The Model Of My Paintings | kth + mygOnde histórias criam vida. Descubra agora