ꕥ Descobertas

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— Não tem mesmo ninguém que possamos chamar pra te levar pra casa?

Constrangida Malú apenas fez que não se sentindo culpada por não ter ninguém com quem pudesse contar, pegou sua bolsa, agradeceu pelos cuidados e deixou o hospital um dia depois de achar que daquela vez William acabaria com ela.


❃❃❃


Malú passou o resto da semana ignorando centenas de ligações. Manteve celular e computador desligados.

Não saiu de casa. A todo momento verificava as fechaduras recém trocadas.

Sabia se era dia ou noite conforme a claridade atrás das cortinas e naquele momento nenhuma das janelas mostrava brilho algum.

Havia acabado de jantar a sobra do macarrão que havia feito para o almoço, a única coisa que comia desde que saiu do hospital. Não havia mais molho então havia feito ao alho e óleo. Precisava fazer compras, mas não tinha coragem de colocar os pés nem mesmo no hall. Tinha medo de pedir comida e outra pessoa aparecer no lugar do entregador. Decidiu continuar se virando com o que tinha em sua cozinha. De qualquer forma, não tinha tanto apetite nos últimos dias.

Voltou para seu quarto escuro e silencioso. Mesmo que não parecesse tarde o suficiente para dormir, fechou os olhos esperando que um sono profundo a presenteasse com alguns momentos de inconsciência, porém os olhos insistiam em ficar abertos.

Olhava para a sacada. Podia se ver abrindo a porta, correndo e se entregando ao vazio como quase fez na outra noite.

Ainda se odiava porque não teve coragem para isso naquele dia.

Limpou uma grossa lágrima que escorreu de um olho a outro, depois para o travesseiro.

Estava exausta. Dolorida. Ferida.

Fechou os olhos novamente.

Batidas na porta.

Malú se levantou rápido ficando em alerta. Os sentidos trincavam na pele.

Permaneceu em pé ao lado da cama olhando para a porta do quarto torcendo pra ter sonhado com aquele som.

Mais batidas.

Sentou-se devagar na beirada da cama segurando os joelhos, puxando o ar com força, os pulmões queimavam. Os cotovelos fraquejavam. A cabeça latejava.

— Malú?

Arregalou os olhos. A voz estava distante. Ela se levantou.

— Malú. Sou eu, Leonardo.

O corpo antes tenso, amoleceu. Ela respirou. Deu alguns passos cautelosos até a sala e parou em frente à porta da sala imaginando o que ele estaria fazendo lá e a ideia de que William pode ter mandado o amigo a fez pensar se deveria abrir.

— Malú? Você está aí?

Andou devagar até o hall da entrada, encostou a testa na madeira. Aproximou-se do olho mágico. Leonardo estava se afastando e virou-se seguindo para o elevador indo embora.

Malú abriu a porta.

— Ei. Oi. — Disse ele ao voltar. Conseguia ver o medo no olhar dela.

Leonardo sondou cada centímetro de Malú. Queria ter certeza de que ela estava inteira e bem.

— Seu porteiro me deixou subir. Espero que não se importe.

— Ele tinha ordens pra não deixar ninguém vir até aqui.

QUERIDO MEDOOnde histórias criam vida. Descubra agora