Era de tarde quando William entrou no vestiário do hospital de cabeça baixa. Tentava não chamar a atenção de ninguém e até então estava conseguindo. O local era exclusivo, apenas para enfermeiros e médicos, havia um ou dois deles por ali, mas nenhum lhe deu atenção, talvez por causa do uniforme verde que estava um pouco curto, mas que havia servido muito bem seu propósito, ao menos não havia despertado nenhum olhar intrigado.Havia dado sorte de encontrar um armário vazio quando chegou e havia deixado suas roupas escondidas lá. Provavelmente as pessoas estavam acostumadas com o entra e sai de funcionários que talvez vissem uma única vez na vida, o hospital era imenso e o quadro de funcionários era muito extenso e isto contou a seu favor. Ao voltar, antes de tirar o uniforme, jogou uma seringa vazia no lixo, depois as luvas e só então tirou a calça, a blusa verde e o jaleco branco que usara para ver o pai de Malú, colocou de volta suas próprias roupas e saiu.
A voz de Malú ao telefone ainda estava impregnada em seu ouvido.
Ela lhe pareceu tão desesperada. Ele não queria que as coisas acabassem assim. Mas precisava ser a única pessoa que lhe restaria no fim de tudo porque era o único que a entendia. Baixou a cabeça e saiu andando pelo corredor do hospital, fechou um pouco os olhos pensando no tom suave da voz dela. Sentia falta dos gemidos em seu ouvido. Sentiu pena de Malú. Sentia muito pelo que ela estava prestes a descobrir. Queria estar com ela quando descobrisse. Queria poder abraçá-la e confortá-la. Sabia que estava fazendo a coisa certa. Tinha certeza de que desta vez ele conseguiria fazer com que ela o amasse. Teria que amar, pois ficariam juntos para sempre.
❃❃❃
— Sinto muito, senhora Toscano. — Disse o médico da família de Malú à Amanda depois de sondar se ela suportaria o que tinha para contar a ela. Amanda havia sido impedida de entrar no quarto onde Dominic estava e o doutor conversava com ela em uma sala de descanso. A voz dele era suave e didática. — Seu marido teve uma parada cardíaca e não conseguimos restaurar os sinais vitais.
— Não entendo doutor. O outro médico disse que ele ficaria bem.
— Outro médico? Não há outro médico, senhora Toscano. Sou o único responsável por seu marido.
— Mas ele estava...
— Sei que a senhora está abalada e sinto muito. Tem alguém pra quem possamos ligar para avisar ou lhe fazer companhia?
❃❃❃
Malú amaldiçoou a velocidade do avião durante todo o vôo.
Ao descer da aeronave naquela tarde teve medo de que a parassem no aeroporto pensando se tratar de uma fugitiva pela maneira como corria e atropelava pessoas em seu caminho. Chegou a tropeçar e quase cair algumas vezes.
Pegou o primeiro táxi que viu e foi direto para o hospital.
Lembrou-se de ligar o telefone apenas quando já estava na metade do caminho.
Havia algumas ligações e mensagens de Leonardo, mas ela não estava pronta para falar com ele, não ainda, então ignorou. Havia também cinco ligações do mesmo número, um número que ela não conhecia, mas era DDD vinte um. O ar desapareceu por um instante. Tapou a boca para conter um gemido apavorado e ligou de volta.
— Sim. — Disse ela. — Dominic é meu pai.
— Sinto muito, senhora, mas o perdemos esta tarde.
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QUERIDO MEDO
RomansaROMANCE / DRAMA ⸻⸻ Pode um grande amor ser mais forte que o medo? Malú Toscano é uma arquiteta bem sucedida, independente que se vê presa em um relacionamento com William, um psicopata controlador. Cansada do relacionamento que a faz preferir a mor...