ꕥ Sem Ela

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A escuridão aos poucos começou a se desfazer.

As pálpebras estavam pesadas. Os olhos arderam quando Leonardo os abriu. A luz do sol que entrava pela janela do quarto indicava que era de manhã. Parte dos raios do sol esquentavam seus pés. Ele se remexeu. Gemeu quando uma pontada se manifestou em seu abdome e em seu peito e sobressaltou-se assustado e se debatendo como se ainda estivesse diante de William.

Leonardo lembrou-se de tudo. Confuso, ergueu a cabeça, viu que estava em uma cama de hospital. Sua irmã estava parada em frente à janela e andou em sua direção ao vê-lo acordar. Ele sentiu uma picada no braço ao se sentar, arrancou a injeção de soro presa na veia. Soltou um gemido alto ao se endireitar sentando na cama. A dor era como um isqueiro aceso no meio da carne.

— O que está fazendo, Léo? Não pode se mexer assim. Você ficou inconsciente por dois dias. Ainda está fraco.

Ele não respondeu. Desceu da cama com dificuldade, a cabeça girou, as pernas fraquejaram, o quarto rodou e ele se apoiou na parede. Lucy se posicionou embaixo do braço dele e ele se apoiou nos ombros da irmã.

— Onde ela está, Lucy? Preciso ver Malú.

— O que você precisa é voltar pra cama, Léo.

Sem responder, ele tirou o braço do ombro dela e começou a andar devagar em direção à porta.

— Meu Deus, como você é teimoso.

— Onde ela está?

— O bebê nasceu, Léo.

Ele parou apoiado no batente. Estava de costas para a irmã. Os olhos marejaram e os lábios esboçaram um sorriso triste.

— Malú teve o bebê? — O queixo de Léo tremia. Tristeza e alegria se misturavam em seu peito. Por mais que fosse inocente aquele bebê ainda era o filho de William e era impossível que isto não causasse algum amargor, mas também era filho da mulher que amava. — Era pra eu estar com ela quando ele chegasse. Como ele é?

— Ele é perfeito. Eu soube que ele pertencia a nós no momento em que o vi.

— Ela deve estar muito feliz. Preciso ver Malú, ela tem que saber que estou bem.

— Ela ainda não viu o bebê, Léo.

Segurando as costelas e respirando com dificuldade ele virou-se para Lucy.

— Eu sinto muito, Léo. Ela não acordou.

Ele paralisou.

— O que quer dizer?

— Ela... nossa Malú está em coma.

Leonardo soltou o batente e cambaleou. Lucy correu até ele apoiando-o novamente, porém não teve tempo de segurá-lo. Léo saiu andando o mais rápido que conseguiu pelo corredor.

— Ela está aqui? Onde ela está, Lucy? — Ele saiu procurando sem rumo.

— Está em um quarto no andar de cima, Léo. Mas é melhor fazer isso quando você estiver se sentindo melhor.

— Vou vê-la agora.

— O que está acontecendo? — O enfermeiro que cuidava de Léo aproximou-se alarmado. — O que você está fazendo fora da cama?

— Ele quer ver a esposa. Eu disse que é melhor não...

— Não é horário de visita ainda e...

— Vou ver minha mulher de qualquer jeito. — Leonardo parou e encarou o enfermeiro. — E se tocar em mim ou tentar me impedir, juro que não quero, mas arrebento você. — O enfermeiro levantou as duas mãos, não duvidava nem um pouco de seu paciente. — Agora me leve até ela.

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