ꕥ Amigos?

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Leonardo parou no meio da corrida. Havia acelerado mais do que seu corpo aguentava esperando que o metabolismo sobrecarregado fizesse os pensamentos desaparecerem.

Não conseguia tirar aquela mulher da cabeça. Por mais que já tivesse repetido centenas de vezes que era uma completa perda de tempo gastar neurônios pensando nela, não conseguia.

A corrida desconcentrada serviu apenas para fazer com que suas costelas ardessem. Parecia até um amador. Ficou grato por ser uma manhã fria, por ser muito cedo e ainda não haver tanta gente no parque Ibirapuera naquele domingo.

Voltou para casa com a sensação de que aquele seria um daqueles domingos arrastados, que não terminam nunca.

Sua casa estava silenciosa. Há muito havia percebido que não gostava mais quando a paz reinava daquela maneira. Sentia falta da correria, de certa bagunça que até já fazia parte da decoração. Achava estranho quando as coisas ficavam no lugar por muito tempo.

Passou o dia inventando o que fazer.

Deveria estar descansando já que segunda feira seria um dia difícil no trabalho, mas se parasse para relaxar seus pensamentos o atormentariam até o último segundo.

Adiantou alguns papéis importantes que precisaria para a audiência de terça feira.

Preparou almoço para a semana inteira, gastou muitas horas na cozinha, o que foi certo alívio. Cozinhar sempre o distraía.

Correu na esteira.

Levou Tadeu para passear. O cão também não estava tão a fim de sair de casa, mas fez este sacrifício por seu dono. Se jogar no chão e permanecer lá por horas foi a primeira coisa que o cão fez assim que voltaram.

Leonardo, tomou um longo banho, trocou de roupa três vezes e se obrigou a parar. Estava ansioso. Lembrou a si mesmo de que não estava indo a um encontro e sim a uma seção de tortura, então optou por um suéter simples e jeans, nada de terno.

O prédio no Jardins não era muito alto, tinha apenas vinte andares, mas era muito elegante e tinha apenas um apartamento por andar. Obviamente o de William ficava na cobertura.

E elevador privativo abriu a porta e Leonardo já estava praticamente dentro do apartamento.

— Finalmente. — William recebeu o amigo com um abraço caloroso. Sentia-se genuinamente feliz por rever Leonardo. — Como nos velhos tempos ãh? Só que em um lugar muito mais caro.

— E muito mais velhos.

— Fale por você, meu caro.

Os dois riram. William não conseguia esconder o entusiasmo ao falar com orgulho do tamanho de sua casa e principalmente de seu preço. Léo sabia que era muito mais um lance de o meu é maior que o seu como William sempre fazia, mas não dava muita importância para isso, apenas constatou que o colega de faculdade não havia mudado muito.

Leonardo esperou que William não notasse que ele olhava para cada cômodo esperando que ela surgisse. Não era sua intenção e não era de seu feitio pensar nas mulheres dos outros, mas não conseguia evitar que seu coração acelerasse ao se lembrar daquela mulher tão linda e tão solitária que conheceu na noite anterior. Perguntava-se se ela estaria lá aquela noite. Parte dele queria realmente que não, porém o som de saltos se aproximando o fez se contorcer por dentro.

Lá estava ela. Tão linda quanto na noite passada.

Malú usava os cabelos presos em um coque casual, com fios soltos pelo pescoço e no rosto. Usava um vestido branco, curto e esvoaçante, de alças, mas com um cardigan fino por cima.

QUERIDO MEDOOnde histórias criam vida. Descubra agora