ꕥ Epílogo ღ Em Paz

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Malú observava Leonardo dormir ao seu lado na cama. Acariciava bem devagar a cicatriz agora quase invisível em seu peito.

Ela havia adquirido um novo hábito, registrar em sua mente os momentos que mais amava na vida, e naquele instante, quando um filete de raio de sol entrava por uma fresta da cortina e um tom dourado iluminava Leonardo, ela sentiu a necessidade de guardar aquela imagem em seu coração como se fosse uma fotografia que pudesse eternizar aquele instante caso a vida passasse sem que percebesse.

Mesmo um ano depois a felicidade ainda era uma novidade com a qual Malú se surpreendia todos os dias. E ao contrário do que imaginava, a felicidade vinha em doses sutis de pequenos momentos que às vezes passavam sem ser notados, como uma volta no parque com a família, um jantar animado observando sua mãe se divertindo com os pequenos ou quando se surpreendia ao flagrar a si mesma suspirando enquanto encarava um Leonardo distraído. Somente agora entendia o que era ter paz. Aprendeu com Leonardo. Aprendeu até mesmo com Deus. Por causa Dele agora compreendia que ter paz não significava não ter problemas, mas sim não se desesperar diante deles como costumava fazer antes ou quando acreditava que não existe esperança quando se atinge o fundo do poço, mas lá acabou descobrindo que quando as coisas parecerem impossíveis, o Deus do impossível e sua família sempre estariam lá pra lembrar a ela de que sempre dariam um jeito. E como poderia não acreditar no impossível depois de voltar do mundo dos mortos? E não pensava nisso apenas por causa do tempo em que esteve em coma, mas principalmente pela vida que teve antes de conhecer Leonardo porque naquele tempo ela respirava, mas não vivia, caminhava, mas não chegava a lugar algum. Descobriu a vida apenas quando descobriu o amor e o amor era muito mais do que ela algum dia talvez tenha imaginado, em seu caso, foi a colisão de dois mundos completamente diferentes.

— Oi. — Disse Leonardo com a voz rouca de sono.

Malú respondeu com um sorriso e um carinho no rosto de Léo. Ele sorriu abrindo apenas um dos olhos.

— Estava aí olhando pra mim de novo?

— O que eu posso fazer? Tem uma obra de arte bem aqui na minha cama. — Disse ela baixinho arrastando um dedo pelo peito de Léo.

— Obra de arte? Essa é nova. — Ele pegou o dedo dela e levou até à boca, deu uma mordida de leve, depois um beijo e continuou segurando sua mão.

— Você é lindo, Léo. Não vou me cansar nunca de olhar pra você. — Sussurrou ela, se inclinou e o beijou. — Você mudou minha vida, sabia? Num universo cheio de escolhas, eu escolheria a mesma vida de novo, mil vezes, escolheria passar por tudo novamente quantas vezes fossem necessárias se no final o resultado fosse estar pra sempre com você.

— Uau! — Leonardo puxou Malú pra mais perto e ela se deitou em seu peito. Ela ainda sentia o corpo inteiro amolecer e esquentar quando ele a tocava. — Eu amo você, meu bem. E foi você quem mudou a minha vida. Eu era só um cara simples, vivendo a vida e achando que estava feliz, que não faltava mais nada. Então você apareceu e redefiniu toda minha perspectiva, Malú Toscano.

— Benassi. Malú Benassi.

Ele sorriu, olhou para ela e a beijou. A mão de Leonardo desceu lentamente o lençol das costas de Malú. Ela sorriu diante do olhar e do sorriso travesso que ele lhe dava, deslizou para cima dele bem devagar e... o som de vozes estridentes explodiu porta adentro.

Theo e Lili entraram como furacões no quarto de mãos dadas com o pequeno Dominic que com passinhos ainda desajeitados gritava e sapateava agitado entre os dois. Tadeu vinha logo atrás vigiando os pequenos bem de perto.

— Pai, já posso colocar meu vestido de princesa? — Lili subiu na cama e se sentou entre Malú e Leonardo.

— Ainda é cedo, meu amor. A festa começa de tarde, lembra? — Léo a pegou no colo e a apertou em um abraço.

— Se o Nic ficou quase um ano dentro da barriga, ele não tinha que fazer dois anos hoje e não só um? — Perguntou Theo com um ar de seriedade enquanto fazia força para erguer o bebê pra que Malú o pegasse.

— Também acho que essa deveria ser a conta certa. — Disse Malú ajeitando Dominic em seu colo. — Mas pense como é bom ser um ano mais novo do que deveria?

— Então todo mundo é mais novo?

Leonardo e Malú riram da lógica do garoto e Malú o puxou para a cama dando início à tradicional guerra de cócegas da família Toscano Benassi. Malú conseguiu escapar enquanto as crianças e Leonardo continuaram brincando. Ela parou na porta antes de sair do quarto pra preparar o café da manhã, deu um suspiro demorado sorrindo diante daquela cena. Tadeu deu uns passos preguiçosos até onde Malú estava, parou e se sentou ao lado dela, ela acariciou a cabeça enorme do cão que a encarava como quem diz eles não vão mudar nunca, não é mesmo? Malú sorriu para o bicho.

Leonardo também escapou da bagunça e se juntou à Malú na porta, agarrou sua cintura e a puxou pra junto dele. Ela ainda olhava para ele como se fosse a primeira vez que o via.

— Você está feliz, não está? — Disse ele depois de um beijo demorado.

— E eu estou sim. — Ela suspirou sem tirar os olhos dele e Leonardo se deleitava com o brilho que eles emanavam. — Obrigada, Léo.

Ele franziu as sobrancelhas curioso.

— Pelo quê?

— Por cumprir sua promessa.

— Qual delas? — Ele riu baixinho.

— Todas elas, mas principalmente a de que eu nunca mais ficaria sozinha de novo.


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Essa história mora em meu coração, amo detestar William, amo Malú, amo Leonardo e até o Tadeu que deu vida a um personagem que realmente existiu e que era mesmo uma gatinha chamada Tadeu. Pode acreditar, ela era real kkkkk

Obrigada novamente e aguarde que mais histórias virão.❤😘

QUERIDO MEDOOnde histórias criam vida. Descubra agora