ꕥ Em Chamas

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Quando Leonardo chegou ao apartamento de Malú tomou-a nos braços e a segurou com força contra seu corpo. Ela estava agarrada ao seu pescoço, se segurava nele como se suas pernas não pudessem mais sustentá-la. Léo era seu único porto seguro.

Com um braço em volta de sua cintura Leonardo a levantou e a levou para dentro. Sentou-se no sofá com Malú aninhada em seu colo, permaneceram assim por um tempo.

Sem dizer qualquer coisa, Malú se levantou pesadamente, segurou a mão de Léo e o fez se levantar também e o conduziu até a mesa da área de jantar.

Enfileirados em cima da mesa, estavam uma fotografia de ultrassom, os papéis de sua empresa roubada e a ordem de despejo de seu apartamento.

Leonardo pegou a imagem de ultrassom e olhou em silêncio por um instante. Ele sabia o que aquilo significava. Apesar de não ser uma surpresa, seu coração se despedaçou um pouco mais.

Malú estava de braços cruzados e cabeça baixa. Não conseguia olhar para nada do que havia na mesa, nem para Léo.

— Vem cá. — Disse ele. — Malú encostou a cabeça no peito de Leonardo, ele a abraçou. Ela não conseguia mais chorar. Estava anestesiada. — Eu sei que parece que você não vai suportar. Mas por pior que as coisas estejam, eu sei que você vai. — Sussurrou Léo, de olhos fechados, acariciando os cabelos de Malú. — Você não está sozinha. Por favor, não se esqueça disso, meu amor.


❃❃❃


O som que emanava da cobertura do edifício Volpi no Jardins já havia rendido algumas reclamações ao síndico aquela noite.

Sem ouvir o som da campainha, ou ignorando por saber que se tratava de algum vizinho irritante que tentaria acabar com a festa, William dançava em total êxtase e embriagado com as batidas da música. Ele estava enroscado no corpo de uma garota, tão embriagada pelo som e por algumas doses de cocaína quanto ele.

Seu apartamento estava cheio. Ele não conhecia a maioria das pessoas. Todos dançavam ou se divertiam alheios às razões daquela festa bem no meio da semana.

William urrava extasiado. Rodopiou a moça à sua frente, soltou-a e agarrou outra. Beijou-a com violência, mas ela não reclamou. Ele olhou para ela e seu rosto se contorceu de nojo e de repente os cinco dedos dele taparam o rosto dela e a empurrou para longe. A moça cambaleou, tropeçou, esbarrou em outras pessoas e desapareceu na multidão.

— Você não é ela, sua idiota. Não é minha Malú. — Balbuciou ele com a voz arrastada e continuou dançando.

— Cara, pega leve. — Disse Feliciano tentando tirar o copo da mão do amigo. — Desse jeito você vai acabar em coma.

— Igual ao pai dela. — William gargalhou.

— Você é um babaca. Anda, vem esfriar essa cabeça um pouco.

Feliciano levou William para o terraço. Ele se debruçou tanto no parapeito que Feliciano o segurou com medo de que ele acabasse caindo do prédio.

— Eu consegui.

— É, você conseguiu.

— Eu consegui, Feliciano.

— Você já disse isso.

— Mostrei a ela do que eu sou capaz.

— É, e agora ela deve estar lá, chorando nos braços do príncipe encantado. Parece que seu plano deu muito certo mesmo.

QUERIDO MEDOOnde histórias criam vida. Descubra agora