ꕥ De Volta ღ Final

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No dia seguinte, depois daquele incidente, a última coisa que Leonardo queria era deixar Malú. Não sentiu vontade alguma de voltar para casa, no entanto, não tinha escolha, seus filhos também precisavam dele.

Drenado, esgotado, ainda anestesiado e com medo, Léo fez tudo no automático. Voltou para casa bem cedo, acordou as crianças, tomaram café, depois as acompanhou até a van. Voltou e ficou com o bebê por um tempo.

— Êi, grandão. — Disse Lucy ao entrar no quarto improvisado em seu apartamento para o bebê. Léo estava em pé de braços cruzados ao lado do berço. — Está mais quieto hoje. Muito cansado?

Leonardo deu um sorriso fraco para a irmã sem responder. Lucy se aproximou e colocou a mão em seu ombro buscando o olhar do irmão. Léo apenas a abraçou deixando que suas emoções o consumissem de vez.

— Léo. O que foi?

— Eu quase a perdi ontem, Lú. Quase a perdi.

Lucy ficou em silêncio por um tempo assimilando o que ele dizia.

— Estou com medo, Lucy. Dessa vez é diferente. Estou apavorado.

— Você não a perdeu, Léo. Ela está lutando, não está? Você não pode perder a fé, não agora.

— Eu estou tentando... eu estou...

Leonardo não conseguiu falar mais. Desabou sem conseguir evitar o pavor que a ideia de perder Malú lhe causava.

Pouco depois do almoço, quando se preparava para voltar para o hospital recebeu uma ligação do escritório pedindo sua presença urgentemente. Nos últimos tempos passou a detestar quando algo o tirava de sua nova rotina porque significava menos tempo com Malú.

Passava das três da tarde quando conseguiu se livrar do trabalho e voar de volta para o hospital.

Quando chegou ao elevador que sempre o levava ao andar onde Malú estava, Felipe, um recepcionista a quem Léo cumprimentava sempre que chegava ao hospital, surgiu e se aproximou antes que ele apertasse o botão.

— Desculpe, senhor Benassi, este elevador está enguiçado hoje.

— Tem certeza? Não há aviso algum aqui.

— Verdade. Eu acabei me esquecendo de colocar, desculpe, senhor.

— Não precisa se desculpar, obrigado por avisar.

Leonardo deu alguns passos apressados na direção da escadaria.

— Ah... senhor Benassi?

Léo parou com um pé no primeiro degrau e Felipe se aproximou dele.

— Posso lhe dar um abraço?

Franzindo as sobrancelhas e pego de surpresa, Léo apenas fez que sim. Felipe ostentava um olhar de piedade ao apertar Leonardo e lhe dar uns tapinhas nas costas.

— O senhor é um homem muito forte, senhor Benassi. Admiro muito o senhor.

Sem entender bem aquele gesto, Leonardo apenas fez um aceno rápido com a cabeça e sem perder mais tempo correu escada acima sem se importar em subir dez andares até o quarto de Malú já que estava ansioso para vê-la.

Ao chegar e passar pela recepção, Denise, uma das recepcionistas chamou por ele, impaciente, Léo voltou e se apoiou no balcão, ansioso pra que ela dissesse logo o que queria, ela saiu de trás do balcão, parou na frente de Leonardo, colocou as duas mãos nos ombros dele. Mais uma vez Leonardo franziu as sobrancelhas, confuso principalmente porque Denise era sempre muito reservada e profissional, uma das recepcionistas com quem ele menos conversara durante todo o tempo que permaneceu na clínica com Malú.

QUERIDO MEDOOnde histórias criam vida. Descubra agora