ꕥ As Luzes Da Cidade

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— Que lugar é esse, Will? Não tem nada aqui.

— Tem sim. Bem ali é um campo de futebol onde eu costumava observar os garotos jogando quando era moleque.

— Não estou vendo nada.

— Tinha umas casas daquele outro lado, bem ali atrás, mas agora é só um terreno cheio de lixo. Venha até aqui. Vai ver melhor aqui de fora.

— Por que estamos aqui?

— Sai do carro.

— Está muito escuro e eu estou com frio. Esse lugar não deve ser seguro, Will. Eu quero ir pra casa, por favor.

— Sai do carro, Malú.

— Olha, eu não podia fechar aquele negócio. Você sabe que eu não posso.

— Seria o negócio perfeito. Ninguém vai oferecer um preço melhor.

— Mas minha empresa não está à venda, Will. Eu nem sabia que aquele jantar era pra isso. Me desculpa se...

— Te desculpar pelo quê? Por me humilhar? Me fazer parecer um idiota? Eu conheço aquelas pessoas há muito tempo, você não tem ideia da vergonha que me fez passar.

— Não foi minha intenção, eu juro, Will.

— É... você jura sim. Você sempre jura que não tem culpa.

William abriu a porta do Range Rover, pegou Malú pelo braço, a fez sair do carro e a encostou contra a lataria segurando seu pescoço. Ela mal se equilibrava nos saltos que começavam a afundar na terra.

— Você precisa aprender a fazer o que eu digo, Malú, porque eu sei o que é melhor pra você e tudo o que eu faço é por nós dois.

— Eu sei. Eu sei, amor. Você só quer o melhor pra gente, mas... mas você não tem que fazer isso, Will.

— De que outra maneira você aprenderia?

William enfiou os dedos entre os cabelos de Malú e puxou os fios fazendo com que ela se inclinasse na altura dos joelhos. Ela gemia de dor. Não se atrevia a gritar. Arrastou-a pra uma parte ainda mais escura do terreno, colocou-a em pé de frente pra ele e desferiu um soco em seu estômago. Malú caiu de joelhos. Não conseguia respirar. Sentiu ânsia, mas antes que colocasse o jantar indigesto pra fora, Will a pegou pelo braço e a fez levantar.

— Dá uma olhada em volta.

Ela abriu os olhos, mas a vista estava embaçada pelas lágrimas e pela escuridão.

— Olha logo, vagabunda. — Berrou ele. Malú apertou os olhos tentando se manter consciente e fez como ele mandou. Tremendo, a vista distorcida pelas lágrimas. Viu apenas um grande amontoado de nada, uma mata ao longe desenhada pela luz da lua e muito entulho a alguns metros de onde estavam.

— Não tem nada aqui Will. — Balbuciou ela.

— Exatamente. Sabe quanto tempo demoraria pra encontrarem seu corpo se eu acabasse com você agora mesmo?


❃❃❃


Sentada na beirada da cama usando um roupão depois de um banho demorado, Malú secava os cabelos distraída, o olhar perdido em direção à sacada do quarto. As luzes da cidade cintilavam buscando sua atenção, mas sua mente estava distante.

— Você demorou no banho, princesa. — A mente de Malú viajou de volta para o corpo ao sentir a mão de William em seu ombro. — Adoro seu cheiro. — Ele abaixou o roupão de um de seus ombros, acariciou a pele com o nariz, depois plantou um beijo suave. Malú apertou os olhos desejando que sua mente deixasse seu corpo novamente. William deslizou a mão pela cintura de Malú e desfez o nó do roupão.

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