QUERIDO MEDO

ꕥ Simplesmente Amor

Logo após a morte do pai de Malú, da prisão de William e a quase recuperação total de sua empresa, Leonardo havia se dado férias por tempo quase indeterminado. Mesmo que parecesse que tudo estava em paz, que já não havia nenhum risco para nenhuma das pessoas que lhe importavam, sentiu necessidade de ficar perto deles e sabia que eles também precisavam que ele estivesse por perto. Malú precisava se sentir segura. Demorou um tempo pra que ela não tivesse mais pesadelos à noite e às vezes até mesmo acordada quando imaginava estar sendo observada ou perseguida. Leonardo fazia questão de estar sempre por perto pra lhe lembrar que não havia mais nada a temer. E que se houvesse, ele estaria sempre lá para protegê-la.

As coisas se acalmaram e mesmo um mês depois ele não quis voltar ao trabalho. No mês seguinte a mesma coisa. Podia trabalhar de casa e estava disponível sempre que precisavam dele, até aparecia de vez em quando no escritório, mas naquele momento sua família era sua prioridade. Esta era uma das vantagens de ser o chefe e ele era grato por isso, algo que ele nunca havia usufruído antes, porém era hora de dar um tempo.

A tranquilidade daqueles dias e a convivência com Malú fez com que a relação dos dois se fortalecesse e o amor aumentasse. Tinha a impressão de estar com ela há anos e não apenas alguns meses.

Seus pais amaram Malú logo de cara quando a levou para conhecê-los em Minas Gerais. As crianças e sua irmã também estreitavam cada dia mais os laços com ela e Leonardo percebeu o quanto Malú estava feliz entre eles.

Certo dia, ao chegar em casa com compras de supermercado, ele encontrou Malú e os dois filhos dormindo no sofá da sala. Ver aquela cena o fez ter ainda mais certeza de que Malú era a mulher de sua vida e então ele soube o que tinha de fazer.

Ele pediu que se casasse com ele no dia seguinte.

Lucy o chamou num canto questionando se não era cedo demais por se conhecerem por tão pouco tempo.

— Mas nossas almas se conhecem desde sempre. — Respondeu ele para a irmã.

Naquela manhã de Outubro levantou-se da cama bem cedo. Quatro e meia. De qualquer maneira não tinha conseguido dormir. Estava nervoso, ansioso. Não se sentiu desse jeito na primeira vez que se casou. Mas naquele tempo aquele era um amor tranquilo, planejado. O que sentia agora era avassalador, arrebatador.

Léo andou até a vidraça de seu quarto. As estrelas já estavam um pouco mais opacas àquela hora. As luzes da cidade cintilavam tranquilas, sem ciência alguma da felicidade que inundava seu coração. O mundo todo ainda era o mesmo, mas ele não.

Tomou um banho rápido, foi até a cozinha, preparou um café preto, não estava com fome. Deixou o café de Lucy, dos pais e as crianças pronto e logo depois os acordou. Bateu na porta dos pais, eles já estavam em pé. Lucy havia preparado o despertador e também já estava em pé, mas as crianças demoraram um bocado para conseguir abrir os olhos e ainda mais para saírem da cama.

— Mas ainda é de noite, pai. — Resmungou Theo sentado na cama com os olhos ainda fechados.

— Eu sei, filho. Mas hoje é aquele dia especial, lembra?

— É hoje que eu vou usar meu vestido novo de princesa, pai? — Balbuciou Lili na cama ao lado.

— É sim, meu bebê. E vai ser a mais linda de todas as princesas do mundo.

Depois que as crianças usaram o banheiro, Leonardo pegou Lili no colo e então desceram para a cozinha. Ainda zonzos de sono, eles comeram pouco, até mesmo Lucy estava quieta como sempre ficava quando estava com sono ou com fome. Os pais ajudaram a limpar tudo, a mãe de Léo havia lhe dado um beliscão por não tê-la chamado para ajudar a preparar o café.