Você é especial para mim

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Enquanto eu ainda estava deitada, o som que indicava o fim do intervalo ecoou por toda a escola. Em um pulo, sentei-me no degrau da escada. Por sorte, uma árvore que estava próxima não permitiu que o sol estalasse sobre nós na hora que estávamos dormindo.

- Alex! Alex! - chamei o moreno, sacudindo-o um pouco.

Ao abrir os olhos, ele ergueu-se e depois bocejou.

- Temos que ir. O sinal já tocou. - falei, ficando de pé.

Preguiçosamente meu amigo acompanhou-me. Ele parecia mais exausto do que eu.

- Aula de Inglês agora?
- Sim, por isso temos que ir rápido. - minha mente estava girando entre o que poderia acontecer se nos atrasássemos e o sonho agitado que tivemos.
- Que saco.

Apressadamente, nós dois descemos a escadaria e fomos em direção às portas que ficavam ao lado de onde passamos o intervalo. Quando entramos na escola, andamos com maior rapidez (percebemos que não éramos os únicos atrasados).

- Que estranho...há poucos minutos estávamos correndo de um sapo gigante aqui dentro. - comentou meu amigo, virando-se para mim.
- Nem me fale...ainda não me acostumei com essas coisas. São muito mais intensas que os pesadelos que costumo ter.

Com Alex tomando a vanguarda, tentei alcançá-lo enquanto subíamos os degraus. Alguns alunos até estavam correndo para chegar a suas respectivas classes (o senhor Elias não era o único que não tolerava atrasos).

No momento que entramos na sala, dei um suspiro de alívio: o professor ainda não estava presente. Já um pouco mais tranquilos, sentamos em nossos respectivos lugares.

Ao virar-me para tirar o caderno de Inglês da mochila, Angel (uma colega de classe) acomodou-se, sem hesitação, na cadeira que ficava de frente para a mesa do meu amigo.

- Oi, Alex. - a menina disse, com os braços cruzados em cima da carteira do moreno.

Não era a primeira vez que uma garota tinha tentado se aproximar dele.

- Pode tirar os braços daí? A mesa não é sua.

Porém eu nunca o vi correspondendo ao que elas diziam ou ao que faziam.

- Nossa...não precisava ser grosso. - a adolescente respondeu, afastando-se um pouco. - Eu só disse "oi".
- E pra dizer "oi" precisa ficar apoiada na minha mesa?

Eu não sentia a menor piedade das meninas nessas horas. Angel, assim como muitas outras, não era uma jovem inocente que jamais fazia algo de errado. Ela era oportunista e não se importava de deixar isso claro, o que irritava muitas pessoas.

- Eu só queria conversar um pouco contigo... - ela comentou, como se não tivesse recebido uma resposta indelicada. - Nós podíamos ser amigos.

Como nas outras vezes, com outras adolescentes, Alex ignorou-a por completo.

- Você me ouviu? - a garota insistiu.

Meu amigo continuou a tratá-la como um fantasma invisível: fingia que não a via e nem ouvia.

De súbito, Angel fez o impensável. Ou melhor, o que era impensável para mim.

Ela apoiou os joelhos na cadeira e rapidamente inclinou-se em direção ao moreno; suas duas mãos seguraram o rosto dele.

Eu não sei muito bem o que aconteceu naquela hora. Foi tudo muito rápido. Nunca um sentimento tão forte tinha me dominado ao ponto de me obrigar a tomar atitudes repentinas como aquela.

Minha mão segurava firmemente o pulso da menina enquanto esta estava quase inteiramente estirada no chão. Se eu tivesse agido apenas alguns segundos depois, ela teria conseguido dar um beijo em Alex bem na minha frente.

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