A velha mesinha de madeira estava lá, com o mesmo vaso de flores em seu centro. Ela podia até ficar na parte mais reservada e isolada da biblioteca, mas a visão que era possível ter do jardim da escola, através da janela do lado, era muito bonita.
Sinto-me sempre feliz ao lembrar que o colégio tem um jardineiro que cuida bem das flores.
- Gostei daqui. É bem tranquilo. - comentou Alex, acomodando-se na cadeira da frente. - E olha só! Dá pra ver o pátio inteiro!
- Pois é. Aqui é o melhor lugar pra ler. - falei, deitando minha cabeça nos braços, em cima da mesa.Durante alguns segundos, o silêncio pairou entre nós. O ambiente estava tão sereno que eu jurava que conseguiria cochilar naquela hora.
Porém não era o mesmo pensamento do moreno.
- Aliás, Samantha, por que você me puxou pra fora da sala? - interrogou, diretamente.
Com a janela aberta, o vento adentrou levemente na biblioteca.
- Não suportei ver eles te olhando...daquele jeito. - respondi, após levantar a cabeça.
- Qual jeito?
- Você não percebeu? Estavam te vendo como...se você fosse um monstro. E isso me incomodou.Minha resposta parecia ter deixado ele confuso.
- Como assim? - perguntou, chegando mais perto.
- É que...já me olharam assim antes. E não é algo muito legal de presenciar...Outra vez, a quietude tomou conta do lugar.
- Você não parece ter dito tudo que queria. - disse, mantendo a atenção em mim.
Como ele adivinhava essas coisas? Eu sou assim tão fácil de ler?
- E-Eu não queria que você ficasse naquela situação. Você m-me defendeu e eu quis retribuir de alguma forma. - confessei, tentando esconder o rosto com o cabelo. - Aliás...o-obrigada pelo que fez...
Quando terminei, Alex soltou uma breve risada.
- Você fica fofa quando age assim! - proferiu, abertamente. - Mas já não te falei antes pra relaxar? Não precisa ficar tímida comigo.
- Eu não fico fofa. - reagi, meio irritada. - E ainda estou me acostumando com a ideia de ter um amigo.
- De qualquer forma, obrigado também. - disse, com um sorriso no rosto. - Agora entendo seus motivos.Antes que eu pudesse mencionar qualquer coisa, uma sombra negra começou a surgir atrás dele.
Repentinamente, aquele calmo e iluminado pedaço da biblioteca ganhou cores escuras até ficar totalmente preto. Em seguida, a criatura passou a ficar com a aparência mais nítida.
Aquilo possuía chifres curvados e meio longos. A boca, que continha dentes afiadíssimos e uma língua esbranquiçada e comprida, era a única coisa presente em Seu rosto. Além disso, um par de asas, que lembravam as de um morcego, cravados em Suas costas davam-lhe um ar mais sombrio.
Eu empalideci na mesma hora que o Monstro olhou para Alex e abriu um sorriso de satisfação...como um caçador contente por finalmente ter sua presa tão próxima de si.
Em seguida, Ele olhou para mim.
- Você é tão sortuda, Samantha. - sua voz era grave e seca - Ou melhor, EU sou o sortudo. Tenho uma garota muito especial que facilitou o meu trabalho.
- Do que você está falando? - questionei, tentando esconder minhas mãos trêmulas.- Eu agradeço pelo que fez. - o ser continuou, sem dar atenção a minha pergunta. - Vou te recompensar depois por isso.
E, sem deixar-me fazer qualquer outra indagação, desapareceu após ser engolido pela escuridão.
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Conexão Sombria
HorrorSamantha Stanford é uma garota de 17 anos que estuda no colégio South Hill e, assim como outras meninas, ela possui sonhos e desejos a serem realizados. Porém Samantha não é uma garota qualquer. Ela tem a capacidade de enxergar a realidade inversa...