Ao chegar em casa, recebi um sermão da minha mãe (ela sempre odiou atrasos) e só depois de pedir umas mil desculpas, ela passou Simon para o meu colo e finalmente saiu, adentrando no táxi que a esperava.
Após vê-la partir, fui até a sala e coloquei meu irmão sobre o tapete. Enquanto ele engatinhava pelo macio tecido, peguei seu baú de brinquedos, que ficava ao lado da televisão, e espalhei as peças de montagem que fui achando no interior da grande caixa.
E aquela velha sombra do cômodo continuava naquele canto, encarando-me friamente. Ignorei-a o máximo que pude.
Quando vi que o pequeno estava bem entertido com suas coisas, peguei meu celular para conversar com Alex.
Chamando...
Ao apoiar o aparelho no ombro, e junto ao ouvido, voltei a brincar com meu irmão.
Chamada recebida
- E aí, anã de jardim? - meu amigo disse, claramente provocando-me.
- Eu estou bem, senhor poste. - retorqui.O moreno riu sabendo que aquilo me irritava.
- E então? O que você tinha pra me contar? - ele indagou, adotando uma postura mais séria em seguida.
- Espero que já esteja deitado ou sentado, porque é uma longa história...
Dessa forma, eu contei tudo para Alex. Ele ouviu com atenção cada coisa que eu dizia, sem me interromper, e apenas nos momentos oportunos fazia algumas curtas perguntas. Seu tom de voz só adquiriu um ar de preocupação na última parte do meu relato.
- ...o rutilante depois disse que você sabia do que ele estava falando. - finalizei.
A quietude tomou a linha posteriormente às minhas últimas palavras.
- É...eu sei quem pode ser.
- Quem? - minha curiosidade havia aumentado.
- Eu tenho um tio que mexe com algumas coisas...estranhas. - o moreno parecia incomodado em tocar no assunto. - Ele chegou a dar uns alertas pra mim antes, mas nunca dei atenção.
- Bom...então ele deve ser o único que pode ajudar você. - comentei ao mesmo tempo que via meu irmão derrubando e desmontando umas torres que fez.
- Não sei se quero me envolver nisso tudo outra vez...No mesmo instante, não pude deixar de franzir a testa, em confusão.
- Do que está falando? Como assim?
Do outro lado, pude ouvir um longo suspiro. Era como se ele estivesse reunindo fôlego para contar algo vergonhoso.
- Quando eu era criança, comecei a buscar respostas sobre tudo isso que sempre vi. Nesse tempo eu acabei mexendo com coisas que não deveria ter me metido...eu li livros, fiz alguns rituais pra tentar afastar essas sombras, pedi ajuda à estranhos...tudo que eu não deveria ter feito.
Eu entendia o desespero que Alex teve, melhor do que ninguém.
- Cheguei até a pegar algumas coisas "emprestadas" do meu tio. - ele continuou a explicar. - Eu sabia que ele entendia do assunto, mas algo gritava dentro da minha cabeça quando eu apenas pensava em pedir ajuda a ele, o que me deixava com muito medo. Então passei a me virar sozinho e ignorar ele.
Eu também busquei por respostas e isso trouxe as mesmas consequências, para mim, que o moreno recebeu.
- Olha...eu compreendo sua situação. Passei por um caso quase idêntico ao seu. - disse tentando encorajá-lo e enquanto ajudava meu irmão a montar um pequeno "castelo". - Mas precisamos cuidar disso...esse soturno está te ferindo, Alex. Seu tio pode nos ajudar! Se ele tentou te alertar então é porque ele se importa!
- Eu...ainda não sei... - sua voz começou a ficar alterada; eu percebi que aquilo não tinha gostado nada da ideia.
- Respira fundo...não deixe isso te controlar. - proferi, no intuito de acalmá-lo.
- Eu...ligo...pra você depois... - o esforço dele em não perder o comando era nítido.
- Alex, não faça isso...só presta atenção no que eu estou dizendo. Foque em mim! - meu coração estava disparado, pois eu tinha receio de acabar falando algo que não deveria. - Eu vou estar junto contigo quando formos resolver sua situação, tudo bem? E dessa vez teremos mais cuidado...
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Conexão Sombria
HorrorSamantha Stanford é uma garota de 17 anos que estuda no colégio South Hill e, assim como outras meninas, ela possui sonhos e desejos a serem realizados. Porém Samantha não é uma garota qualquer. Ela tem a capacidade de enxergar a realidade inversa...