Meu nome era Kristal

137 26 8
                                    

Felizmente Alex não passou muitos dias no hospital. Depois da conversa que tivemos, ele ficou lá por mais umas duas noites e durante esse período eu o visitei todas as tardes e permaneci junto dele o máximo de tempo que meus pais permitiam. A outra notícia boa era que seu quadro apresentou uma melhora rápida, o que surpreendeu o médico que estava acompanhando seu caso.

E no mesmo dia que o moreno voltou para casa, ficamos o resto da noite conversando com mais detalhes sobre a nossa última missão. Ele contou uns pedaços meio desconexos do ocorrido, pois mal se lembrava do que aconteceu, porém o final foi algo que disse ter sido bem claro. Nós realmente não tínhamos conseguido ajudar o garoto e acabamos perdendo a luta. Inicialmente ficamos chateados, pois Ele agora teria mais um escravo que sofreria em suas mãos por sabe se lá quanto tempo, contudo tentamos seguir em frente, apesar disso. Se deixássemos o desânimo predominar, não conseguiríamos ajudar as próximas pessoas, então procuramos manter a cabeça erguida.

Alex também comentou a respeito de um sonho que ele teve o qual aparecia eu quando criança. Ele contou tudo detalhadamente e eu fiquei surpresa ao perceber que todas as cenas remetiam algo que veridicamente aconteceu na minha infância. Na hora ficamos surpresos com a capacidade que cada um teve de sonhar com algo que um nunca tinha contado para o outro. Ficamos nos questionando sobre o motivo de ver tais coisas, mas acabamos não chegando a uma resposta muito convincente.

- Será que o seu tio não sabe o motivo? - perguntei, enquanto formatava um trabalho da escola pelo notebook. - Ele parece entender muito desses assuntos...às vezes ele sabe.

- Talvez. Ele vai vir aqui em casa hoje, aí eu pergunto.

- Tá bom.

- Samantha...você já namorou antes?

A pergunta repentina que ele tinha feito quase me fez engasgar com o chá que estava tomando.

- Não...nunca nenhum garoto...se aproximou de mim com essa intenção. - respondi em meio a tosses.

- Entendi.

- E-e você? - meu coração pulava aos montes no meu peito (na época eu não entendia esse nervosismo).

- Não. Mas uma garota já pediu uma vez.

- E o que você respondeu? - indaguei, curiosa.

- Eu recusei. Não sentia nada por ela. - ele disse, bocejando.

- Nunca...gostou de nenhuma menina?

- Antes não.

Quando eu estava prestes a questionar suas últimas palavras, o moreno acabou falando na minha frente.

- Minha mãe está me chamando. Depois eu ligo pra você.

- Ok... - falei, meio decepcionada. - Nos falamos depois.

- Eu também queria conversar mais contigo. Até depois.

Logo depois de Alex desligar a chamada, senti meu rosto esquentar.

***

Tudo estava...branco? Não me recordo. A última coisa que lembrava era de ter conversado com o moreno e em seguida estava terminando um trabalho de Química...e sem mais nem menos, acabei adormecendo. O local que eu tinha acordado era estranhamente vazio e claro, desprovido de paredes ou qualquer limitação visível, com exceção de uma figura escura que estava um pouco distante de mim.

Ao notar que era um soturno, rapidamente fiquei de pé e me afastei mais. A criatura tinha longas asas, 3 pares de patas e um rosto coberto por um tecido; nenhuma reação foi feita por ela quando ligeiramente me levantei.

Conexão SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora