- Me perdoe... - ela disse enquanto seu corpo rapidamente adquiria um tom pálido e desmanchava com o percorrer dos segundos.
O sol estava começando a se pôr ao longe, deixando algumas nuvens com um tom rosado no céu tom de laranja.
- Não...a culpa não foi sua...não peça desculpas...assim... - as lágrimas jorravam de meus olhos sem nenhum controle.
Então o último sorriso foi esboçado em seu rosto.
Era de alívio. De uma alegria que há muito tempo ela parecia ter esquecido que podia ter.
- E desculpa por ter...te invejado.
Em seguida, a pele de seu rosto também foi derretendo, como se fosse feito de cera. Os ossos expostos escureceram até apresentarem um formato quebradiço para depois virarem pó e serem levados aos poucos pela ventania do final do dia.
O silêncio tornou-se torturante a partir daquele instante.
***
Depois da segunda missão que tivemos, muitas semanas haviam se passado. Tanto eu quanto Alex estávamos tendo dias mais ocupados por conta das provas e trabalhos que tínhamos de realizar. Além disso, nada de muito estranho aconteceu outra vez. O que apenas continuou foi o fato de nós dois ainda vermos, em certos momentos, alguma sombra ou pútrido passar perto de nós ou ficar nos encarando, sem se movimentar.
E às vezes o soturno do ódio aparecia sem qualquer "aviso prévio". Contudo eu fui aprendendo a ajudar o moreno nessas horas (o crucial era não permitir que ele ficasse mais irritado do que já estava).
Meu amigo também tinha contado para mim a respeito de seu tio. Todavia tudo que sabíamos era que ele não contaria nada antes de vir para a cidade, pois gostaria de conversar pessoalmente sobre o assunto (de acordo com suas palavras, não se deve explicar sobre tais coisas pelo telefone).
No entanto algo totalmente inesperado ocorreu após as várias semanas.
Eu tinha saído naquele dia para ajudar Alex com as compras do mercado. Era final de tarde e o vento soprava fortemente por entre as ruas e árvores, provocando um leve ruído no ar.
- Quando seus pais vão voltar de viagem? - perguntou o moreno, terminando de colocar os últimos pacotes de guloseimas na esteira do caixa.
- Daqui dois dias.
- Se eu fosse você, já pedia logo umas 10 caixas de pizza.
- Você sabe que não aguento comer nem metade de uma caixa. - falei enquanto ensacava os produtos.
- Isso não é um problema. É só dar o resto pra mim.Após soltar uma risada, terminei de colocar o pesado pacote de arroz na sacola plástica.
- Vou pensar no seu caso.
Quando meu amigo pegou o troco e deslizou este para o bolso de sua calça, ele apanhou a outra parte das compras. Logo depois fomos juntos até a saída do estabelecimento e passamos pelas largas portas automáticas.
O dia estava começando a escurecer e apenas algumas pessoas ainda andavam pelas calçadas, umas sozinhas e outras acompanhadas por crianças ou cachorros.
- Não está estranhando? - indagou Alex ao ajeitar o fardo com as garrafas de refrigerante no ombro.
- Do que está falando?
- De não ter acontecido mais nada desde aquele dia.
- Eu até estava, mas depois parei de pensar nisso. - respondi após virar a esquina junto com o moreno.Uma obra, em processo, de um prédio alto encontrava-se há poucos metros de nós, com inúmeras vigas de ferro no solo barrento, esperando para serem postas em seus devidos lugares. Ademais, nada protegia a entrada do local. Apenas alguns cones tinham sido colocados de modo que mantesse as pessoas mais afastadas, para evitar acidentes.
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Conexão Sombria
HorrorSamantha Stanford é uma garota de 17 anos que estuda no colégio South Hill e, assim como outras meninas, ela possui sonhos e desejos a serem realizados. Porém Samantha não é uma garota qualquer. Ela tem a capacidade de enxergar a realidade inversa...