Uma luz no fim do túnel

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Depois de termos ajudado senhor Joseph com a limpeza da bagunça e também com as compras do mercado, eu e Alex (este ainda meio relutante) aceitamos uma carona, a qual aproveitamos para tirar as dúvidas que tínhamos (e a principal delas: o soturno que estava no meu amigo).

Já dentro do carro, ajeitei-me no banco de trás enquanto o moreno havia sentado no da frente, com o ombro apoiado na janela.

- Isso é uma surpresa, Alex. - disse o homem de cabelos escuros, assim que ligou o veículo. - Você não está incomodado por eu estar por perto.
- ...

Ao meu ver, ele não parecia exatamente "não incomodado".

- É por causa dela, não é?
- É, eu acho.
- Entendi. E perdoe-me por falar desse modo, Samantha. - o sujeito falou, virando o volante para a esquerda com o intuito de sair da vaga. - Mas com este aqui é preciso ser direto.
- Está tudo bem...
- E então? Não tinham perguntas pra me fazer?

Seguidamente enclinei-me até encostar as mãos no banco onde estava o meu amigo.

- O senhor sabe quem era aquela soturna?

- Seu nome era Invídia, a própria inveja moldada num corpo bestializado. E do mesmo nível de força que o soturno desse daqui, por sinal.
- Ela...era uma serva Dele, não era?
- Sim. Foi Ele que forjou todo o plano e conseguiu persuadí-la, pelo que sei.
- Então ela fez com Jessica o que a criatura que está no Alex... - eu não consegui terminar a frase.
- Exato...a única diferença é que Invídia era do tipo que corrompia de fora para dentro, abrigando-se no hospedeiro como uma segunda pele, enquanto o Furor prefere viver no interior da pessoa, "estragando-a" de dentro para fora, até dominar o indivíduo.
- O nome disso é Furor? - finalmente o moreno tinha resolvido participar da conversa.
- Sim. E o tipo dele é o mais preocupante, pois, diferente do outro, ele aparece silenciosamente e só mostra sua face quando sabe que pode, o que dificulta muito para ser retirado, já que passa a maior parte do tempo escondido enquanto "se alimenta" do que mais precisa.

Alex nada disse em seguida, o que me fez decidir dar continuidade por nós.

- O senhor pode...tirar ele?

Quando o veículo foi parado, o sinal do semáfaro, que há alguns segundos estava amarelo, adquiriu um vermelho intenso que chegou a entrar no interior do automóvel, fazendo meus olhos doerem um pouco.

- Talvez sim, talvez não. É difícil ser exato pelo fato de nunca ter visto o que o Furor já fez ou quase fez. Porém... - o senhor Joseph deu uma pausa para novamente virar em outra esquina. - ...pelo fato de ele estar mais calmo com você por perto já é um sinal positivo, pois o ser não deve estar conseguindo progredir muito com seus planos. Portanto há chances de termos sucesso na retirada.

Um pouco da minha preocuação diminuiu com suas afirmações.

- O senhor é um enviado? - minha curiosidade não cessava.
- Pode-se dizer que sim. Eu apenas não faço mais o que vocês estão fazendo.
- Como assim?
- Eu escolhi ter uma vida normal, digamos dessa forma.
- Entendi...e aquele objeto que passou pra mim?
- Aquilo é um artefato especial. Chama-se "Reminiscência" e é usado para trazer alguma memória de volta, do atingido, para quem a utiliza. Além disso, também faz retornar a consciência adormecida do indivíduo, o que expulsa o soturno, automaticamente...e perdão por acabar tendo que te fazer passar por aquilo, mas a garota queria que você soubesse a verdade.
- O senhor não tem culpa...sei que não fez com a intenção de me deixar abalada. - relembrar do ocorrido ainda me perturbava muito, porém eu sempre tentava não ficar pensando no assunto. - Mas como o senhor conseguiu passar pra mim? A Invídia nem tinha notado sua presença.
- Não é que ela não tinha me notado. Eu a enganei.

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