Ao seu lado caminharei

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Depois do que tinha acontecido com o Noite Mortal e o Desalento, nada de mais estranho ocorreu novamente. Tanto eu quanto Alex tínhamos acordado naquele dia como se tivéssemos apenas passado por um longo e vivo pesadelo, assim como nas outras vezes, e lembro muito de bem de ter ficado o resto das horas pensando sobre tudo, ao mesmo tempo que me encontrava ainda triste pelo que o meio-soturno passou. Conversei com Alex sobre isso e ele tentou me confortar, mas parecia que até para ele estava difícil de lidar, principalmente porque nós dois ainda carregávamos muitas perguntas não respondidas. Por que Noite Mortal estava exaltado daquele jeito quando foi imobilizado pelas correntes? Ele não era o verdadeiro responsável por tudo aquilo? E o Desalento? Por que levaram ele junto? O cicerone que tínhamos conversado havia chamado o meio-soturno de enviado, como se este nunca tivesse deixado de ser um. E o abismo? Que lugar é esse e por que queriam me levar para lá? Ficamos nos perguntando por muitos dias se algo a mais tinha acontecido e simplesmente não nos foi revelado...ou não quiseram revelar.

Contudo, apesar de tudo isso, nossas vidas voltaram ao normal, como no começo. Continuamos a ver as sombras e criaturas, mas, como falei, nada de muito diferente voltou a ocorrer nos meses seguintes. Ou melhor...até teve um fato incomum que aconteceu (pelo menos para nós dois): após alguns dias do ocorrido, Alex contou que, ao questionar a mãe sobre o tio Joseph, ficou sabendo que o homem foi dado como vítima de homicídio há muitos anos, quando o moreno ainda era bem novo. De alguma forma, foi encaixado esse acontecimento em nossa realidade (e, impressionanmente, sem prejudicar o presente), por mais que soubéssemos que tinha algumas vírgulas a mais em toda a história...ficamos surpresos no início, no entanto tínhamos passado por tanta coisa que nada mais nos surpreendia tanto.

Por fim, retirando essa última informação, diria que foi um dos períodos mais tranquilos que já obtive na vida e também um dos mais felizes, já que sempre tive o moreno do meu lado. E assim, em um piscar de olhos, o ano finalmente chegou ao seu fim, trazendo a clássica neve de dezembro, que por sua vez atraía um ar mais natalino para a cidade de West Wood.

Era quase o dia do Natal quando recebi uma ligação de Alex no meio de um sábado.

Chamada recebida de Alex

- Oi.

- Oi...você ainda tá ocupada?

Depois de guardar o último prato de vidro no armário, pendurei o pano de prato próximo à janela.

- Agora sim, não estou mais. - falei, indo em direção ao meu quarto.

- Então...eu queria perguntar se você...vai ficar ocupada na segunda...

- Não...na segunda vou estar livre. Por quê?

- Aceita sair comigo? - o moreno perguntou com rapidez, claramente nervoso.

Eu definitivamente não era a pessoa que mais entendia de livros de romances e coisas do tipo, mas eu sabia muito bem o que aquela pergunta poderia significar.

- Ti-tipo...como...um encontro? - minha timidez brotou na mesma hora.

- É...só eu e você, mas ainda não pensei em nenhum lugar...nunca fiz isso antes.

- Eu... - o nervosismo era muito grande, mas eu não poderia deixar a oportunidade passar (e ainda bem que não deixei). - Sim, e-eu aceito.

Do outro lado da linha, Alex deu um grito de felicidade tão repentino que eu dei um pulo na cama.

- Quer que eu infarte? - perguntei, tentando acalmar meu coração que pulava a mil.

- Desculpa, mas eu não consigo ser otimista e considerei que você podia recusar. - ele respondeu, segurando a risada.

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