Ｕｒｕｓａｉ｜うるさい • [Tsukiyama]

| P R Ó L O G O |

[ POV'S TSUKISHIMA ]

A tarde se aproximava de seu fim e os primeiros vestígios da noite surgiam no céu. Eu caminhava em silêncio, ao lado dos outros três garotos que também levavam consigo os canudos de diploma.

— Então, o que faremos agora que nos formamos? — Hinata se pronunciou.

— Você é idiota? — Questionei. — Apenas nos formamos. Agora cada um segue seu rumo.

— Sim, mas... a gente vai se encontrar novamente? — O ruivo insiste.

— Você acha que a gente vai morrer ou o quê?! — Kageyama fala.

— Aliás, você vai viajar para fora do país, não é, Hinata? — Yamaguchi pronunciou num tom acanhado, me fazendo estranhar seu jeito melancólico.

— Sim, eu vou partir no começo do ano que vem!

— Oh, c-certo. — Yamaguchi falou.

Paramos de andar assim que chegamos em frente a Loja Sakanoshita, onde nós quatro nos separaríamos.

— Então, até mais! — Kageyama diz.

— Nos encontraremos em breve! — O ruivo sorria.

— Vamos manter contato... — Yamaguchi levanta a mão brevemente.

— Até! — Pronunciei.

Após o dito, seguimos nossos caminhos, cada um indo por uma direção diferente. Comecei a descer a rua, levei meus fones de ouvido até as orelhas, liguei a música alta e afundei minhas mãos eu meus bolsos.

Andei por poucos minutos até que alguém segurou meu braço e me puxou bruscamente. Virei-me assustado para ver quem tinha me parado no meio do caminho e avistei o garoto de cabelo verde-acinzentado escuro e sardas.

— Yamaguchi?! O que você está fazendo aqui? — Retirei meus fones e aguardei uma resposta.

— Eu te...chamei... — Ele respira de maneira ofegante.

— Me largue! — Puxei meu braço, afastando-me de suas mãos que estavam me segurando até então. — Por que você está quase morrendo?

— Eu vim... correndo. Eu te chamei várias vezes... mas você não ouviu.

— A música nos fones estava alta. O que você quer?

— Bem, e-eu... preciso te dizer algo...

Franzi o cenho diante as bochechas alheias que começavam a ganhar um tom avermelhado.

Eu realmente não gosto do rumo que isso está tomando...

— Diga de uma vez!

— Eu vou embora! — Disse ele em alto tom.

Acabei por piscar algumas vezes, sem entender o sentido de sua frase.

— Do que você está falando? — Indaguei.

— Estou indo para Tokyo! Eu fui aceito na faculdade de artes de lá.

— Oh... — Pronunciei diante o olhar brilhante do garoto que ansiava por qualquer reação da minha parte. — ...isso é ótimo. Parabéns!

— Eu vou embora, Tsukki. P-por quatro anos.

— Certo, boa sorte em Tokyo. Me avise quando você estiver de partid-

— Eu vou amanhã. Meus pais querem ir semanas antes do semestre começar para se adaptarem com o bairro e a cidade.

— Ah, tudo bem.

— Tsukki, você vai... sentir minha falta?

Eu olho para Yamaguchi por alguns segundos antes de fazer um barulho com os lábios ao tentar conter o riso.

— Do que está falando?! É tão patético quanto o Hinata! Não fique agindo como se você nunca fosse voltar. — Ri brevemente enquanto suas bochechas se tornavam ainda mais vermelhas. — ...Quer dizer, você vai voltar, não é?

— S-SIM! Sim, eu vou! Estarei de volta daqui 4 anos!

— Então, te vejo daqui alguns anos. — Levantei a mão em num aceno não muito animador.

— C-certo, Tsukki! — Ele avançou e agitou timidamente os braços, hesitando em me abraçar.

— Mantenha contato, Yamaguchi. — Afaguei carinhosamente seus cabelos, já que eu não queria ser abraçado. — Até mais!

Me virei e voltei a andar, peguei meus fones e me preparei para colocá-los de volta em meus ouvidos, mas meu braço foi agarrado novamente e eu fui brutalmente virado, avistando Yamaguchi de novo, com o rosto ainda mais ruborizado do que já estava.

— O que você quer agor-... — Sou interrompido quando o garoto fica na ponta dos pés e pressiona seus lábios contra os meus.

Arregalei os olhos e não consegui mover nem mais um músculo diante minha perplexidade. E, quando toda a superfície de seus pés voltam a tocar o chão, o selar é quebrado.

— O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ F-

— Eu amo você! — Ele me interrompe mais uma vez. — Desde que nos conhecemos até o dia de hoje... meu coração sempre bateu mais forte quando estou ao seu lado! Eu não canso de te admirar e não consigo parar de pensar em você! — Sua mão livre pousa gentilmente sobre meu rosto que estava tomado pela expressão de incredulidade. — Eu realmente amo você, Tsukishima Kei...

A boca alheia tomou a minha novamente, desta vez, com mais convicção, enquanto eu ainda estava perplexo demais para reagir. Mas, assim que sua língua deslizou sobre meus lábios, com o objetivo de adentrar em minha boca, eu o afastei num movimento abrupto.

Encarei o meu melhor amigo, me sentindo horrorizado com suas últimas ações. 

— O q-que...? Por que...? — Pronunciei de forma confusa enquanto passava o dorso de meu pulso em minha boca, para me livrar da sensação do ósculo. — O que você acabou de falar?! Você entende a merda que fez?!!

— Eu... e-eu não... — Ele move sua mão na minha direção enquanto se aproxima.

— FIQUE LONGE DE MIM! — Disse por impulso ao bater em sua mão para que ele não me tocasse.

— Desculpe, Tsukki... — Ele pronunciou com os olhos marejados antes de se virar e sair correndo.

E esta foi a última vez que nos falamos. 

Não tive coragem de mandar uma mensagem para Yamaguchi e ele muito menos. E, desta forma, eu e ele nos afastamos completamente.

Quando os 4 anos se passaram, eu esperei revê-lo para que pudéssemos agir como se nada tivesse acontecido e que nossa amizade simplesmente voltasse a ser como era antes. 

Mas Yamaguchi nunca voltou para Miyagi. Ou ele tinha voltado e não contou para ninguém.

Os meses foram passando até que os anos finalmente se completassem, mas mesmo assim, nunca mais tive notícias dele...

Yamaguchi simplesmente desapareceu...

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