Ｕｒｕｓａｉ｜うるさい • [Tsukiyama]

Cap.26 | O primeiro encontro

O dia no trabalho foi mais agitado do que o comum, pois todos estavam se preparando para o evento que se iniciaria na próxima semana. O expediente teve o seu fim no mesmo horário, mas me encontrava parcialmente exausto diante os acontecimentos das horas anteriores. 

Pensei que eu iria para casa e passaria o resto da tarde deitado em minha cama, mas assim que saí do museu, notei a presença do garoto de tatuagens e roupas largas na calçada.

— O que você está fazendo aqui? — Tratei de perguntar assim que me aproximei.

— Você enfiou a sua educação no cu, por acaso? — Ele provoca.

— Estou apenas surpreso de te ver aqui, porque pensei que você estaria no estúdio.

— Eu estava, mas resolvi sair mais cedo para vir buscar o meu namorado.

— Namo-... Namorado?! — Indaguei, já que eu estava completamente desacostumado com essa palavra.

— Sim, você é meu namorado agora, certo? — Ele diz ao se aproximar e envolver os braços em meu pescoço.

— Não faça isto aqui! Estamos em frente ao meu local de trabalho. Há pessoas nos olhando... — O afastei e recuei um pouco, com o objetivo de estabelecer uma distância segura entre nós. — Enfim, para quê você veio me buscar?

— Para um encontro.

— Mas você não tem que voltar para o estúdio?

— Apenas para pegar minhas coisas. Não tenho mais nenhum trabalho marcado para hoje.

— O que exatamente você faz lá? Você sempre está com tempo livre.

— Vamos conversar no caminho. Tem uma barraca de ikayaki num parque aqui perto e eu quero ir com você! — Falou ao segurar meu pulso e me puxar.

— Eu não estou muito a fim de comer lula grelhada hoje... 

— Ótimo, então me assista comendo!

— Estou cansado, Yamaguchi...

— Apenas cale a boca e me acompanhe! — O garoto entrelaçou seus dedos com os meus e se agarrou em meu braço, enquanto andávamos lado a lado.

De início, não me importei em estarmos desta forma, visto que aquilo realmente não fazia diferença para mim, mas os olhares julgadores das pessoas e os cochichos sobre nós me deixaram completamente desconfortável.

— Yamaguchi, você poderia se afastar? Todos estão olhando...

— Deixe que olhem! Não estamos fazendo nada de errado, de qualquer forma.

— Yamaguchi, por favor... — Pronunciei em um murmúrio acanhado.

O de sardas percebeu o semblante de desconforto estampado em meu rosto, em seguida, bufou enquanto soltava minha mão e se afastava de mim.

— Okay, entendo que você ainda não esteja acostumado com isso. — Ele disse.

— Então, as perguntas sobre o seu trabalho, você não as respondeu. — Relembrei, em uma tentativa de mudar de assunto e dissipar o clima constrangedor que se estabeleceu entre nós.

— Eu sou tatuador e body piercer. Estamos no Japão, então a procura por tatuagens não é tão grande assim. A maior parte do meu trabalho no estúdio se resume em furar orelhas para a utilização de brincos, nada muito difícil.

— Mas se você não trabalha muito com tatuagens, como você é tão bom? — Pergunto, mas apenas depois de concluir minha indagação, eu percebo o elogio feito.