Cap.46 | Um desfecho caótico para uma séria situação

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Ú L T I M O S
C A P Í T U L O S

O olhar fixo de meu pai permaneceu sobre mim por mais alguns longos segundos, até que ele finalmente deu um profundo suspiro e iniciou suas indagações:

— Há quanto tempo vocês têm esse tipo de relação?

Pouco mais de um mês. — Respondi.

— Você está feliz com isso?

Eu estou.

— Você realmente gosta daquele rapaz?

Eu o amo, papai...

O homem à minha frente dá outro longo suspiro, me olhando atentamente por um curto momento que, para mim, pareceu durar uma eternidade.

— Então, tá bom. — Disse ele ao se afastar. — Tô cheio de fome. O que vocês acham da gente pedir comida?

— Espera aí! "Tá bom"? É apenas isso que você tem a dizer para o garoto?! — A mulher protesta contra a atitude inesperada de seu marido.

— O que você quer que eu diga? Ele já é um adulto, sabe muito bem o que está fazendo. Eu não tenho nada a ver com isso. — Meu pai explicou.

— Okay, eu não estava esperando por essa reação. — Akiteru murmurou.

— Isso é loucura! — Minha mãe volta a dizer. — Eles eram amigos de infância! Deixávamos aquele garoto frequentar a nossa casa!

— Por isso mesmo. Eles se conhecem desde crianças e sempre foram muito próximos, então, sinceramente, eu não estou muito surpreso de que os dois estejam juntos hoje em dia. — Argumentou ao apanhar seu celular e começar a se dirigir à cozinha. — Vou ligar para a lanchonete, já volto.

— O papai tem razão! Eu nunca tinha pensado nisso. — Meu irmão monologa.

— M-Mas isso é errado! — Ela diz, parecendo ainda perdida com toda essa situação.

Mamãe, escute seu filho com atenção. — Me aproximei da mulher, apanhando suas mãos com gentileza. — Você precisa entender que não há nada de errado com isso. Tome o tempo que precisar, mas mude o seu pensamento! Eu amo uma pessoa, então por que isso seria errado? E, se ela é do mesmo sexo que o meu ou não, por que isso realmente deveria importar?

— Mamãe, quando eu descobri sobre tudo, eu também fiquei confuso sobre isso. — Meu irmão se aproxima de nós. — No começo, é meio difícil aceitar essa realidade diferente da qual não estamos acostumados, mas você logo se acostuma com tudo e percebe que não há com o que se preocupar, pois não há absolutamente nada de errado em toda essa situação!

Por favor, mamãe. Tente entender. — Pedi. — Não me peça para desistir disso e abandonar Yamaguchi, porque eu não vou!

A mulher dividiu seu olhar entre Akiteru e eu por um breve momento, em seguida, bufou e virou seu rosto, encarando o chão fixamente.

— Eu não sei se vou conseguir me acostumar com esse tipo de coisa... — Ela inicia, mas antes que meu irmão e eu voltássemos a tentar convencê-la, ela continua: — Mas vou tentar!

Não posso deixar de sorrir diante o final de seu pronunciamento. E, com os olhos marejados, abracei minha mãe com fervor, sentindo-me extremamente aliviado de toda essa situação ter acabado dessa maneira.

— Não me abrace! Ainda estou triste porque não vou ganhar neto algum de sua parte, Kei! — Ela diz, antes que eu me afastasse.

Você sabe que eu tenho condições para adotar uma criança, não é? — Falei sem pensar, mas logo tentei reverter os sentidos de minhas palavras: — Não que eu vá fazer isso, eu só estou dizendo...

Urusai|うるさい • [Tsukiyama]Onde histórias criam vida. Descubra agora