Ú L T I M O S
C A P Í T U L O S✘
O olhar fixo de meu pai permaneceu sobre mim por mais alguns longos segundos, até que ele finalmente deu um profundo suspiro e iniciou suas indagações:
— Há quanto tempo vocês têm esse tipo de relação?
— Pouco mais de um mês. — Respondi.
— Você está feliz com isso?
— Eu estou.
— Você realmente gosta daquele rapaz?
— Eu o amo, papai...
O homem à minha frente dá outro longo suspiro, me olhando atentamente por um curto momento que, para mim, pareceu durar uma eternidade.
— Então, tá bom. — Disse ele ao se afastar. — Tô cheio de fome. O que vocês acham da gente pedir comida?
— Espera aí! "Tá bom"? É apenas isso que você tem a dizer para o garoto?! — A mulher protesta contra a atitude inesperada de seu marido.
— O que você quer que eu diga? Ele já é um adulto, sabe muito bem o que está fazendo. Eu não tenho nada a ver com isso. — Meu pai explicou.
— Okay, eu não estava esperando por essa reação. — Akiteru murmurou.
— Isso é loucura! — Minha mãe volta a dizer. — Eles eram amigos de infância! Deixávamos aquele garoto frequentar a nossa casa!
— Por isso mesmo. Eles se conhecem desde crianças e sempre foram muito próximos, então, sinceramente, eu não estou muito surpreso de que os dois estejam juntos hoje em dia. — Argumentou ao apanhar seu celular e começar a se dirigir à cozinha. — Vou ligar para a lanchonete, já volto.
— O papai tem razão! Eu nunca tinha pensado nisso. — Meu irmão monologa.
— M-Mas isso é errado! — Ela diz, parecendo ainda perdida com toda essa situação.
— Mamãe, escute seu filho com atenção. — Me aproximei da mulher, apanhando suas mãos com gentileza. — Você precisa entender que não há nada de errado com isso. Tome o tempo que precisar, mas mude o seu pensamento! Eu amo uma pessoa, então por que isso seria errado? E, se ela é do mesmo sexo que o meu ou não, por que isso realmente deveria importar?
— Mamãe, quando eu descobri sobre tudo, eu também fiquei confuso sobre isso. — Meu irmão se aproxima de nós. — No começo, é meio difícil aceitar essa realidade diferente da qual não estamos acostumados, mas você logo se acostuma com tudo e percebe que não há com o que se preocupar, pois não há absolutamente nada de errado em toda essa situação!
— Por favor, mamãe. Tente entender. — Pedi. — Não me peça para desistir disso e abandonar Yamaguchi, porque eu não vou!
A mulher dividiu seu olhar entre Akiteru e eu por um breve momento, em seguida, bufou e virou seu rosto, encarando o chão fixamente.
— Eu não sei se vou conseguir me acostumar com esse tipo de coisa... — Ela inicia, mas antes que meu irmão e eu voltássemos a tentar convencê-la, ela continua: — Mas vou tentar!
Não posso deixar de sorrir diante o final de seu pronunciamento. E, com os olhos marejados, abracei minha mãe com fervor, sentindo-me extremamente aliviado de toda essa situação ter acabado dessa maneira.
— Não me abrace! Ainda estou triste porque não vou ganhar neto algum de sua parte, Kei! — Ela diz, antes que eu me afastasse.
— Você sabe que eu tenho condições para adotar uma criança, não é? — Falei sem pensar, mas logo tentei reverter os sentidos de minhas palavras: — Não que eu vá fazer isso, eu só estou dizendo...
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Urusai|うるさい • [Tsukiyama]
FanfictionApós a formatura do ensino médio, Tsukishima Kei vê seu melhor amigo indo embora de Miyagi para ingressar em uma faculdade em Tokyo. Os anos passavam, mas Yamaguchi Tadashi não retornava assim como o prometido. E, quando Tsukki já havia perdido as e...