Ｕｒｕｓａｉ｜うるさい • [Tsukiyama]

Cap.18 | Costumes do passado

Vim até aqui com o objetivo de tirar toda essa história a limpo, já que eu pensava que Yamaguchi era a grande vítima das agressões de Juwon, mas... vê-lo neste estado deplorável me fez perder totalmente qualquer iniciativa de represália contra ele, pois eu realmente não sabia mais o que pensar sobre esta situação.

— Yamaguchi Tadashi... — O coreano falou em tom desgostoso. — Eu disse para você nunca mais aparecer na minha frente!

— Kim Juwon... — O de sardas sorriu cinicamente. — Eu estou pouco me fudendo para o que você diz.

— Você é mesmo um grande filho da puta por aparecer aqui após me agredir! — Juwon voltou a se pronunciar.

— Eu não teria feito isso caso você não tivesse sido tão imbecil ao ofender a mim e todas as pessoas ao meu redor. Não é porquê você teve um péssimo dia que você pode descontar sua amargura nas pessoas! Além disso, você também me agrediu ao dar um chute em meu rosto.

— É claro! Depois que você me ESPANCOU, você queria que eu fizesse o quê?

— Agradecesse pela minha gentileza de ter parado! Levando em conta tudo o que você disse, era pra você estar mofando em um hospital!

— Eu apenas disse a verdade.

— Você poderia continuar me chamado de vadia, depósito de porra ou qualquer coisa do tipo, como você sempre me chamou. Mas não ouse dizer uma palavra sobre meus amigos e, principalmente, sobre Kousuke! — Yamaguchi volta a se exaltar.

— Eu não tô nem aí, seu merda!

— CHEGA! — Resolvi finalmente acabar com a briga, já que eu havia entendido tudo o que estava acontecendo e, se Juwon continuasse falando, eu mesmo me sentiria na obrigação de socá-lo. — Viemos aqui apenas para pegar as coisas de Yamaguchi.

— Eu deveria ter queimado ou jogado tudo no lixo. — Juwon murmurou.

— E então, eu quebraria seu outro braço. — Yamaguchi retruca.

— Parem com isso, vocês dois! — Mandei. — Vamos apenas pegar tudo e ir embora.

— Ande logo com isso e nunca mais voltem. — O coreano disse ao se virar e começar a andar.

Juwon entrou em seu quarto e ficou lá durante toda a mudança. Yamaguchi arrumou todos os seus pertences em caixas e sacolas, colocou tudo no carro, em seguida, as levou para minha casa.

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Meu dia no trabalho havia sido menos exaustivo do que nos dias anteriores, pois eu me sentia disposto e concentrado em minhas tarefas. E, com o horário de encerramento das atividades do museu se aproximando, me apressei para terminar minhas tarefas e recolher minhas coisas, devido ao fato de que eu estava relativamente ansioso para voltar para casa.

— Kei, você está aqui! — A voz de Saori soa pela sala de documentos.

— Olá. — Cumprimentei de modo breve, ainda concentrado em terminar de organizar todas aquelas pastas.

— Eu estava te procurando.

— Me achou.

Eu ao menos tinha virado meu rosto para encará-la, apenas ouvi o som crescente de seus sapatos de salto alto batendo contra o assoalho. A silhueta da mulher entrou em meu campo de visão, obrigando-me a interromper meus afazeres e olhar para ela.

— Eu realmente preciso conversar com você, Kei.

Abandono qualquer iniciativa de uma nova resposta sarcástica assim que vejo sua expressão que, no momento, era um misto de nervosismo e preocupação.

— O que aconteceu? — Questionei. — Você teve algum problema com seus pais de novo?

— Aah, você me conhece muito bem, não é mesmo...?

Após o suspiro de exaustão alheio, resolvi abandonar completamente as pastas em cima da mesa, com o intuito de ouvir com mais atenção o que ela tinha a dizer.

Eu raramente cedia meu foco desta forma para Saori, visto que nós dois tínhamos apenas algo casual e éramos muito fechados em relação a nossa vida pessoal. Porém, o relacionamento conturbado da mulher com seus pais virou pauta em um de nossos jantares passados, pois recordo-me que tal assunto lhe deixou tão mal que não pude deixar de questionar o que estava acontecendo.

— O que houve desta vez? — Perguntei.

— Podemos falar disto uma outra hora, eu vejo que você estava com pressa para ir embora... Você tem algum compromisso?

Gostaria de ir embora para que eu pudesse preparar o jantar para Yamaguchi, já que, pelo o que pude perceber, o garoto se alimenta muito mal. Além disso, eu queria preparar algo agradável como um pedido de desculpas por ter sido insistente hoje de manhã, em relação ao que aconteceu entre ele e Juwon...

— Há algo que eu tenho que fazer em casa. — Respondi.

— O que acha de sairmos para jantar em um outro dia?

— Como nos velhos tempos...? — Indaguei, pensando na época em que nossos jantares sempre acabavam em nós dois indo para um motel.

— Você diz como se isso fosse há anos. — A mulher ri timidamente. — Que eu me lembre, faz apenas alguns meses.

— Eu aceito ir ao jantar. Porém, será apenas um jantar!

— Você não quer mais fazer sexo comigo? Eu fiz algo errado...?

— Não, você não fez nada. — Eu desvio o olhar por um breve momento, pensando em alguma desculpa para lhe dar, em seguida, volto encará-la. — Apenas estou sem tempo para esse tipo de coisa. Quero me concentrar em meu trabalho e no meu desempenho no Sendai Frogs. Mas enfim, quando será o jantar?

— Pode ser depois de amanhã? O museu não abre nesse dia, então podemos aproveitar o nosso dia de folga.

— Por mim tudo bem, creio que tenho o dia livre.

— Perfeito! O encontro será naquele mesmo restaurante privativo que sempre vamos, às 7 horas da noite. Tudo bem pra você?

— Certo, combinado!

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Após sair do trabalho, segui pela rota mais curta até a estação e embarquei no metrô mais rápido que passava em tal horário, chegando na minha casa em pouco mais de 10 minutos.

— Estou em casa. — Pronunciei relutante ao abrir a porta, me sentindo estranho por ter alguém para me desejar boas vindas assim que eu entrasse.

Porém, enquanto eu retirava meus sapatos e deixava minha bolsa na entrada, estranhei o fato de não obter interação alguma após a minha chegada.

— Eu disse: es-tou.em.ca-sa!! — Falei um pouco mais alto.

Me dirigi até a sala de estar e, assim que encontrei a mesma vazia, lembrei que Yamaguchi tinha me avisado que retomaria suas atividades no estúdio e que encerraria seu expediente apenas às 6 horas da tarde.

Aproveitei o fato de que eu ainda tinha duas horas até a sua chegada, tomei um banho relaxante e demorado antes de iniciar o preparo da refeição. Acabei fazendo tempurá com alguns legumes e frango, além de batata-fritas – sua comida preferida – com arroz.

Quando tudo ficou pronto, ajeitei toda a comida e os utensílios necessários em cima de minha mesa. Sentei-me em uma das cadeiras, chequei o horário em meu celular uma última vez, apenas para ter certeza de que já passava das 18h, e comecei a esperar por ele.

Porém, nesta noite, Yamaguchi sequer voltou para casa.

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