Cap.2 | Um reencontro turbulento

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Eu estava completamente perdido em meus pensamentos, não conseguia parar de pensar sobre o que estava acontecendo.

Desisti de ir pra casa, mudei minha rota e saí da estação de metrô. Andei pelas ruas completamente aturdido com o mundo a minha volta, tanto que ao menos percebi que tinha chegado ao meu destino, a loja de conveniência não muito longe da estação.

Como Yamaguchi deve estar? Ele conseguiu concluir sua faculdade? Bem, ele deve ter 26 anos hoje em dia, assim como eu. Por onde ele andou esse tempo todo? Por que não tentou manter contato comigo?

Ou melhor... Por que eu não tentei manter contato com ele? Aquele beijo me assustou tanto assim que eu realmente perdi um amigo por causa de minha covardia?

Oh, sim... O beijo. Ele ainda se lembra disso? Yamaguchi se lembra de quando me beijou...?

— Se não vai comprar nada, apenas saia da frente! Você está atrapalhando! — A voz soou ao meu lado, fazendo-me despertar de meu monólogo interior.

Meu olhar caiu sobre o homem de olhos verdes e cabelo castanho claro, ele era bem mais baixo que eu e tentava passar uma áurea intimidadora.

Pensei seriamente em respondê-lo com alguma resposta cínica, como eu normalmente faria, mas eu me sentia esgotado e não valeria a pena perder meu tempo com alguém tão insignificante como ele. Por isso, apenas dei um passo para o lado para que ele pudesse passar.

O homem esbarrou em meu ombro ao andar, apanhou o fardo de cervejas e se dirigiu para a geladeira atrás de mim, trombando comigo propositalmente mais uma vez.

Respirei fundo e olhei para as diversas marcas de cerveja a minha frente, tentando me lembrar quais eram os tipos de bebidas que Hinata me pediu para comprar.

— Por que você pegou biscoitos? Achei que iria fazer o jantar hoje! — Ouvi a voz irritante novamente.

— Não vai dar. Vou sair daqui a pouco. — Outra voz masculina calma e sem emoção também soou.

— O que eu vou comer?!

— Você não tem duas mãos? Faça você mesmo.

— Não banque o esperto comigo. Pare de agir como uma vadia! — O de olhos verdes retruca.

— Então, por que você não deixa a vadia aqui em paz e vai procurar outro idiota que queira chupar esse seu pênis mal lavado de 8 centímetros?!

Minha garganta estagnou num riso contido diante a fala do outro homem que acompanhava o que havia trombado comigo. Quase virei-me de costas para que eu pudesse olhar para eles e acompanhar melhor essa briga, mas o bom senso acabou me impedindo.

— Você está me dispensando...? — O de olhos verdes indagou.

— Você não vai me fazer repetir, ou vai...?

Ouvi os passos na minha direção e me movi para o lado, para que o homem se chocasse contra mim. Ele me olhou com cara de poucos amigos e eu logo curvei meus lábios num sorriso cínico.

Minha ação parece tê-lo irritado ainda mais, já que ele percebeu que foi humilhado publicamente pelo seu parceiro. O de olhos verdes olha para o homem por trás de meus ombros, mostrou para ele os dois dedos do meio e disse em alto som antes de se retirar da loja:

— Vai se fuder, Yamaguchi Tadashi!!

Senti como se o mundo tivesse parado por uma mera fração de segundo, já que eu me encontrava paralisado no lugar. Desejava intensamente que o fato do homem ter mencionado tal nome naquele momento fosse apenas fruto de minha própria insânia.

Urusai|うるさい • [Tsukiyama]Onde histórias criam vida. Descubra agora