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Os óculos escuros não estavam ajudando. Cambaleando, Clarke fazia o possível para manter os olhos fixos na esteira. Assim que pegasse as malas, daria o fora dali. Vovó já era crescidinha, podia chegar sozinha ao hotel. Além disso, se precisasse encarar Lexa mais uma vez, ela certamente perderia a cabeça e faria alguma maluquice, como ficar olhando fixamente para os lábios dela ou tentar estrangulá-la. Era difícil saber qual das duas opções era mais provável.

— Clarke? — chamou vovó. — Clarke, já encontrou minhas malas?

— Não — grunhiu em resposta. — E creio que seja porque eu não estou procurando por elas. Estou atrás da minha bagagem. Você mesma pode encontrar a sua e ir para o hotel maravilhoso de sempre, no centro.

Indra segurou a mão da neta e a apertou.

— Ah, na verdade, já tenho onde ficar!

— Ótimo.

Vovó soltou sua mão e pegou o celular.

— Sim, só a limusine, por favor. Perfeito. Sim, são dois passageiros.

Ela acenou para Lexa e para a outra garota. Lexa ignorou Clarke, o que era ótimo: ela só queria esquecer aquele dia. Ela se afastou e observou enquanto as duas garotas pegavam suas malas e saíam. Já iam tarde. Tudo o que ela queria era dormir.

Olhando pelo lado bom, ao menos vovó tinha chamado uma limusine para ela. Não que Clarke fosse pobre nem algo do tipo, mas não ter mais os direitos sobre uma empresa multimilionária estava longe de ser algo positivo, ainda mais considerando o estilo de vida que ela levara nos últimos cinco anos. Passara a faculdade em festas e gastara como se não houvesse amanhã, sem ligar para nada além de si mesma. O que teria sido ótimo, se o dinheiro não tivesse acabado de repente. Bem, na realidade o dinheiro não tinha exatamente acabado: ela ainda era milionária, mas, sem a herança da avó, a grana diminuía. Teria de dizer adeus às viagens impulsivas às Ilhas Cayman, às coberturas de hotéis e às festas de aniversário nas quais esbanjava centenas de milhares de dólares.

Aquele deveria ser o ano em que assumiria os negócios da família.

Em vez disso, vovó desistira da aposentadoria e assumira novamente o controle do conselho da empresa, deixando Clarke como mera vice-presidente. Sem o salário de CEO, ela se tornava um pouco... ingrata. Ou seria apenas irritada? Não tinha certeza. Mas precisava de uma bebida forte e de sexo antes de sequer pensar em aparecer no trabalho segunda de manhã. Talvez Sarah estivesse disponível. Ou Natasha. Tinha se divertido com ela, por um tempo.

— Ela está ali! — Vovó apontou a enorme mala rosa com estampa de oncinha. — Vá pegar! Depressa!

Resmungando, ela ergueu a mala da esteira e quase perdeu o equilíbrio.

— Meu Deus! O que você enfiou aqui?

— Ah, você sabe... — Vovó fez um gesto de indiferença. — Uma mulher nunca viaja sem roupas e maquiagem.

— Certo. — Ela encontrou a própria bagagem e a pegou. — Então, cadê a limusine?

— Que limusine? — A avó tirou os óculos de sol Chanel da bolsa.

 A limusine — repetiu Clarke. Todo aquele suplício no avião a deixara exausta. — Você acabou de ligar pedindo uma limusine para duas pessoas. Cadê ela?

— Clarke, tenho certeza de que existem muitas limusines, onde cabem bem mais que duas pessoas, mas, para ser sincera, não sei do que você está falando. Na realidade, mandei uma mensagem ao motorista, pedindo a ele que ligasse para Lexa e a irmã dela.

The challenge. (Clexa G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora