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— Clarke? — A voz de Octavia soava abafada. — Ouviu alguma coisa do que eu disse?

Não, foi mal, estava olhando aquelas pernas. Um par de pernas, para ser exata, que pertencia a uma linda morena de belos olhos verdes e um sorriso eletrizante, desses que poderiam matar alguém.

— Claro, despedida de solteira. Estou dentro.

— Nada de strippers. — Isso veio de Raven.

Clarke assentiu em concordância, ainda mantendo os olhos nas pernas de Lexa, que a alguns metros das duas conversava com Abby mãe de Clarke.

Octavia estalou os dedos na frente do rosto da irmã.

— Recomponha-se, mulher. Se não tomar cuidado, vai começar a babar.

Tarde demais.

— Foi mal, estou distraída. — Ela pigarreou e se virou para olhar para Octavia e Raven. A irmã parecia irritada. Raven, preocupada. Ah, que ótimo. Ia ouvir aquela conversa outra vez. Para poupar tempo, adiantou-se: — Rae, estou bem. Foi uma noite difícil, com péssimas escolhas. Estou melhor, e estou bebendo água, não álcool. Sério, você não é a minha mãe. — Aquilo soou mais duro do que ela tinha planejado, tanto que Octavia deu um passo à frente. Mas Raven deteve a noiva com um gesto.

Então seus olhos seguiram o olhar de Clarke, que encarava Lexa mais uma vez. Resmungando, ela entregou a bebida a noiva e, agarrando a orelha de Clarke, puxou-a para fora da casa.

— Ai! Que isso, Rae!

— Você dormiu com ela!

— Quê? Quem?

— Lexa!

— Sim! — Os olhos dela se arregalaram, ficando com o dobro do tamanho normal. — Não, quer dizer, foi há muito tempo.

Mas que merda! Estava suando.

Raven soltou sua orelha e cruzou os braços.

— Faz quanto tempo?

— Um ano, mais ou menos. — Ela olhou para o chão. — Foi um erro.

— Você! — Raven pôs o dedo no peito de Clarke com força, quando ela tentou fazer com que ela falasse mais baixo. — Você foi a garota com quem ela passou a noite antes da história do vídeo no YouTube!

— Sim, fui eu. Sou culpada. — E em mais de um aspecto.

Com um olhar de reprovação, Raven sacudiu a cabeça.

— Eu devia ter imaginado. Todos os sinais indicavam uma Griffin.

— Sinais?

— Sim: a bebedeira, a libertinagem, a irresponsabilidade, a TV...

Clarke ergueu as mãos como se para pedir que ela parasse.

— Está bem, já entendi. Mas eu não fiz mais nada desde aquele dia, e você sabe disso.

Maldita fosse, por tê-la pegado no flagra

Quando Clarke ficara bêbada na sua festa de noivado, Raven disse que ela precisava tomar jeito, ou acabaria morrendo na cama de uma prostituta. E ela estava falando sério. Ela tentava fazer a coisa certa. Mas parecia que, sempre que tentava, o resultado era desastroso. Era tão mais fácil tomar o outro caminho, agir de acordo com as expectativas alheias, o que significava ser irresponsável e despreocupada. Quando tentou ser séria e responsável, as pessoas perguntaram se ela estava bêbada. Essa situação era vergonhosa e despertava nela a vontade de se encolher, de se afastar e voltar aos velhos hábitos.

— Você está com aquela cara — disse Raven, interrompendo seus pensamentos deprimentes.

— Cara? Que cara? — Clarke tentou mudar a expressão, mas falhou miseravelmente quando Lexa passou pela janela.

— Aquela cara! — Raven cutucou outra vez seu peito. — Está se apaixonanda por ela!

— Não estou, não!

— Está, sim!

Clarke esfregou o rosto com uma das mãos e soltou um palavrão.

— Será que você pode agir como adulta?

— Disse a garota que dormiu com duas gêmeas bêbadas ontem à noite.

— Não dormi — admitiu Clarke, tossindo. — Não consegui... quer dizer... não queria, e não dormi.

— Não conseguiu ou não queria?

Clarke sentiu o rosto corar.

— Os dois. — Droga, talvez estivesse mesmo precisando de Viagra! Que pensamento deprimente! Quantos anos tinha, 23?

— Se você a fizer sofrer... — Raven apertou mais o dedo em seu peito — ... corto fora seu...

— Está na hora do jantar! — anunciou vovó, abrindo a porta para a varanda.

Raven se virou e respondeu: — Estamos indo, vovó! — Então olhou irritada para Clarke e completou: — Use sua imaginação.

— Dedo? Você corta fora meu dedo? — perguntou, baixinho.

— Você é uma babaca. — E esbarrou o braço pelo dela enquanto contornavam a casa para chegar ao gazebo lá fora, onde o jantar seria servido.

Clarke suspirou.

— Já me disseram isso, várias e várias vezes.

Raven parou de andar e suspirou.

— Você não está cansada disso? — Os olhos delas se encontraram, suplicantes, e, pela primeira vez na vida, Clarke não conseguiu usar a máscara de indiferença habitual, que pessoas inseguras usam quando tentam ignorar o mundo e viver a própria vida. Com um profundo calafrio, deu de ombros. Era tudo o que conseguia fazer. Encontrar palavras parecia difícil demais.

Raven olhou para o gazebo, onde Lexa entrava de braços dados com Camila.

— Odeio perder, então saiba que só estou dizendo isto porque amo você. Mas...

Clarke esperou.

— O amor sempre vale a pena.

Tendo dito isso, Raven ficou na ponta dos pés e beijou a bochecha de Clarke. Em seguida, foi para perto de Octavia, que a esperava.

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Olá amoras! Espero que tenham gostado do capítulo. Bjinhossss

The challenge. (Clexa G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora