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Lexa ficou encarando a porta fechada, atônita. O que tinha acabado de acontecer? Clarke havia mesmo acabado de lhe dar conselhos sobre como ser uma boa amiga? Depois de a iludir e levar Ontari para um quarto, para que elas se pegassem? Aquela garota não fazia o menor sentido! E ainda tinha tido a audácia de dizer que o que Lexa supostamente estava fazendo era algo baixo? Ela nem ia fazer as entrevistas! Tinha decidido sacrificar o emprego — um emprego do qual ela por acaso precisava para sobreviver — porque não queria trair as amigas.

A imbecil não tinha nem mesmo lhe dado a chance de se explicar! Mais uma vez, a atitude arrogante de sabe-tudo de Clarke tinha vindo à tona, deixando-a confusa e de coração partido. Lexa a vira beijando com vontade sua inimiga número um, e Clarke é que lhe dava um sermão, como se fosse ela quem tivesse partido o seu coração!

Como sempre tivera dinheiro, Clarke nunca entenderia a hesitação entre fazer e não fazer a reportagem. Ela não percebia como coisas básicas — ter dinheiro para pagar o aluguel, comer, não decepcionar os pais mais uma vez! — podiam ser tentadoras.

Com um gemido, ela se jogou na cama e xingou Clarke Griffin de todos os nomes possíveis. Aquilo estava virando um hábito. Talvez, se a xingasse o suficiente, seu coração parasse de doer. Tão perto, mas tão longe.

Clarke quase não dirigiu a palavra a Lexa durante o sábado. Na verdade, só se falaram quando ela pediu para usar o fio dental, naquela manhã. Ela o balançou na frente dela, esperando que Clarke fizesse alguma piada.

Em vez disso, ela o pegou, passou nos dentes e saiu do quarto.

E, para piorar as coisas, Lexa tinha acabado de ser demitida.

O prazo chegara ao fim. Era possível que sua carreira de repórter estivesse arruinada.

Lexa olhou o relógio de pulso. Já eram cinco da tarde e Raven e Octavia ainda não tinham voltado da cidade. Elas haviam saído para resolver algum problema de última hora.

Ela tentou ligar para o celular de Raven outra vez, mas ninguém atendeu.

Todos estavam ficando inquietos. Lexa começou a andar de um lado para outro em frente ao terraço. Meia hora depois, vovó atravessou a porta.

— Elas não vão conseguir chegar a tempo para o ensaio — avisou. — Os pneus furaram.

— Pneus? Furou mais de um? — perguntou Clarke, levantando-se do banco de madeira.

— Infelizmente, sim. Parece que alguém os cortou.

Petunia sacudiu a cabeça.

— Portland está cheia de gângsteres. Deve ter sido um desses marginais.

— É. — Clarke deu um sorriso sarcástico. — Porque conhecemos muitos gângsteres que querem acabar conosco.

Petunia enrijeceu.

— Vamos ter que continuar sem eles. — Vovó esfregou as mãos. — Lexa, você é a dama de honra. Vai substituir Raven. Clarke, como madrinha, você fica no lugar de Octavia.

Lexa sentiu o estômago revirar. Deus era mesmo cruel. A única garota por quem ela se apaixonara desde a escola ocupava o lugar da noiva, só que não de verdade. Outra vez tão perto. Sentiu um aperto no coração ao encará-la, porque sabia que aquilo nunca aconteceria de verdade. Era alguma piada horrível do Universo. Ela seguraria a mão de Clarke. Ela fingiria colocar um anel na dela.

E, depois, ela iria embora.

Lexa se sobressaltou quando vovó apitou.

— Ordem, pessoal!

The challenge. (Clexa G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora