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Carma. Ah, como odiava o carma! Era isso que estava acontecendo. Afinal de contas, uma garota só pode galinhar pelo mundo até certo ponto: alguma hora Deus começa a castigar, a matar ou, no caso de Clarke, a lançar a praga das mulheres sentimentais.

— Eu não... — Clarke limpou a garganta e continuou, em um sussurro: — Não foi um acidente. Esta mulher aqui é que me atacou. — Ela apontou para Lexa.

A comissária de bordo olhou para as duas:

— Com o quê, senhora?

— Água — respondeu vovó no lugar dela. — Ela jogou água nela.

— Hã... — A moça se remexeu, nervosa. — E por acaso a senhora... Quer dizer, a senhora quer apresentar queixa?

— A quem? — Lexa riu. — A que autoridade? E o que ela vai fazer? Usar uma arma de choque em mim, por eu ter jogado água na parte do corpo favorita dessa senhora? — Ela apontou para a cara de Clarke e riu. — Sério!? Não é como se eu tivesse dito “bomba”.

— Ah, droga! — Pressionando o ponto entre os olhos, Clarke se pôs a ouvir enquanto a palavra “bomba” era repetida aos murmúrios nas várias poltronas atrás dela. Em pouco tempo, como se literalmente atingida por uma bomba, todo o avião ficou imerso em caos.

— Senhora! — A comissária de bordo ergueu as mãos diante de Lexa. — Fique calma. Preciso que a senhora fique calma. Por acaso está com uma bomba?

— O quê? — Ela pareceu confusa. — Por que eu estaria com uma bomba?

Bom. Ao menos Lexa tinha o bom senso de parar de falar quando...

— E se eu estivesse com uma, acha que seria idiota a ponto de ficar gritando isso por aí?

Alarme falso. Aquela mulher não tinha bom senso, nem fazia o menor sentido. Como ela pôde esquecer? Estava falando de Lexa Woods. Ela adotava cachorros cegos e chorava durante os comerciais idiotas da Luisa Mel sobre resgate de animais. Estava claro que bom senso não era um de seus pontos fortes.

— Senhora! Preciso que pare de gritar. — A comissária de bordo gesticulou para alguém atrás de si. Em questão de segundos, surgiu um homem de jeans e camisa branca. Bem, não parecia justo chamá-lo de homem, apenas, já que era bem provável que o cara comesse criancinhas no jantar. Até Clarke se remexeu na poltrona, pouco à vontade, e evitou contato visual com o desconhecido.

— É você que está dizendo que vai bombardear o avião? — perguntou o homem.

— O quê!? — Lexa olhou para Clarke, pedindo ajuda. E, para ser sincera, ajudá-la parecia ser a coisa certa a fazer, apesar de tudo.

Mas aquela mulher tinha acabado de jogar água nela e de acusá-la de ter sofrido um “acidente”.

E teve também aquela vez, ainda no ensino médio, que ela espalhou o boato de que Clarke não praticava esportes porque tinha medo de que, quando estivesse nua no vestiário, alguém visse suas partes íntimas masculinas .

Então talvez ela não estivesse muito propensa a ajudar.

— Clarke! — Lexa acertou-a no ombro. — Ajude aqui!

Com um sorriso maldoso, ela ia começar a responder, mas vovó tapou sua boca antes que desse tempo de falar.

— São essas duas. As duas têm bombas. — Assim que disse isso, vovó Indra começou a chorar.

The challenge. (Clexa G!P )Onde histórias criam vida. Descubra agora