🧡Colegas de apartamento

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NINA

Chego mais cedo na faculdade para colocar meus folhetos nos murais de avisos, tive que acordar quase três horas a mais que meu horário habitual, porque precisei escrever e imprimir os papéis antes que as aulas começassem.

Não sou fã de chegar atrasada nas aulas e nem posso por ser bolsista, não que isso seja uma regra, mas tenho medo de perder minha bolsa se não andar na linha. Colocando desse jeito parece até que eu estou cumprindo alguma pena em regime semiaberto.

A cada piscada que dou meus olhos parecem ficar mais pesados, fiquei até tarde estudando mesmo não estando nem perto das provas, os estudos acabou virando um passatempo para mim desde que cheguei em Busan. Além disso precisei enfrentar os roncos do namorado da minha colega, de vez em quando ele acaba dormindo em nosso quarto.

Balanço a cabeça para despertar o sono e coloco quatro alfinetes para prender o folheto, um em cada ponta, não posso perdê-lo já que é minha chance de conseguir um lugar para morar, senão terei que voltar para Gangwon.

Minha vida não estaria nesse desespero se eu soubesse antes que os aluguéis em Busan não são nada baratos e eu nem estou sendo exigente, só preciso de um apartamento com quarto, banheiro e cozinha. Mas morando sozinha não irei conseguir bancar tudo isso.

Atualmente ainda estou ficando no alojamento da faculdade, mas só posso residir por um ano, nesse meio tempo eu deveria ter procurado por algum aluguel, mas acabei por focar em meu curso e no trabalho que arranjei.

Só me toquei faltando um mês.

E hoje completa meu vigésimo sexto dia.

Onde acharei um lugar para morar em apenas quatro dias?

— "Preciso de um quarto urgente, pago aluguel. Quem quiser, me ligue." — Lisa lê em voz alta o folheto. – Não era mais fácil ter colocado no site da faculdade?

— Eu coloquei, estou atirando para todos os lados. Esse já é o quinto que penduro.

— Isso que eu chamo de desespero. — Concordo guardando a caixinha de alfinetes coloridos na bolsa e me virando para encará-la.

Pisco algumas vezes sem acreditar no que estou vendo.

— Mudou o cabelo de novo?! Seu cabeleireiro pode se tornar o próximo milionário da Coreia.

Só não nos vimos esse fim de semana e quase não consigo reconhecer minha amiga, motivo: Seus cabelos, antes longos e loiros, agora estão curto, pretos e com as mechas loiras perto das orelhas.

— Não sei porque a surpresa, na adolescência meu cabelo só faltava cair de tanto que eu o mudava. — Balanço a cabeça concordando, porque é a mais pura verdade. Vi em um álbum de fotos dela.

— Gostei. Combinou com você.

— E o que não combina comigo, bebê? — Passa a mão pelas pontas dos cabelos.

— Humildade. – Ela me mostra a língua. — E talvez maturidade também.

Entrelaço meu braço no seu e caminhamos juntas para o refeitório. Quando não temos provas aproveitamos esse horário para conversar, já que não fazemos o mesmo curso embora estudamos no mesmo campus.

— O que sua mãe achou do novo visual?

— Você sabe como é a dona Kanya. Deu seu mini surto e se jogou nos braços do meu pai fingindo um desmaio. — Dou uma risada.

Não esperava menos da senhora Manoban, mas nada supera o dia em que Lisa contou para os pais que é lésbica. Sua mãe foi realmente parar no hospital e conseguiu fazer com que o médico a deixasse lá por dois dias.

Eu, você e o nosso apêOnde histórias criam vida. Descubra agora