NINA
Hoje não é um dia bom.
Nem é por ser segunda-feira, o dia da semana mais odiável por todos os seres humanos, se tem alguém nesse mundo de Deus que goste não pode existir. Mas meu corpo não está bem.
Não estou doente, longe disso, é meu peito que está doendo desde a hora em que acordei, nessas três semanas que se passaram eu só fui perceber que o incomodo estava chegando ontem, no caso, domingo.
Mas o pior dia é hoje.
Porque estaríamos completando quatro anos e cinco meses juntos.
Consegui disfarçar o incomodo no café da manhã e Jeongguk também é bem desligado para perceber alguma coisa, só perguntou se eu não ia comer, já que mal toquei na comida. Nada iria parar na minha barriga, se eu comesse provavelmente vomitaria tudo.
Não quis nem almoçar. Lisa me mandou mensagens minutos atrás perguntando se vou encontrá-la no refeitório, precisei falar que ficaria na biblioteca por causa de um trabalho, não é uma mentira. Mas não estou nem conseguindo me concentrar, então fico ouvindo música nos fones enquanto tento ler pela quinta vez a mesma página do livro.
Alguém dá dois toques na mesa para chamar minha atenção e levanto a cabeça encontrando meu parceiro de trabalho com um sorriso grande, todos os dentes aparecendo, retribuo com um sorriso menor.
— Oi. — Hoseok senta em minha frente. Nem tínhamos marcados de começar o trabalho por agora, mas pode funcionar como um distração.
— Oi, como me encontrou aqui? — Retiro os fones e os enrolo no celular, deixo ao lado do livro.
— Sua amiga Lisa me falou quando a encontrei no refeitório, e também pediu para eu entregar isso a você. — Me passa uma sacola. A Manoban sempre faz um kit "emergência" se fico até mais tarde estudando.
— Obrigada. Mas quando você e a Lisa passaram a se falar? — Pergunto em meio a um sorriso para que não soe tão ofensiva.
— Eu só perguntei onde você estava após vê-la sozinha.
— Queria me ver? Por quê? — Hoseok sorri parecendo envergonhado me deixando sem entender.
— Quero falar sobre o nosso trabalho. É para a semana que vem e seria legal saber como vamos desenvolvê-lo.
O Jung continua falando sobre como deveríamos fazer a atividade e recomenda um modo que acha mais fácil, apenas balanço a cabeça porque o aperto que surge em meu peito vai ficando tão ruim que sinto falta de ar.
Peço licença para ele dizendo que preciso usar o banheiro, no prédio onde é localizado a biblioteca tem um bem perto e agradeço por isso, porque não sei se aguentaria andar pelo campus até o outro edifício.
Depois de dar uma lavada no rosto e passar água em meus braços, fico alguns minutos respirando de olhos fechados tentando me acalmar. Minha cabeça não para de girar, mas é por causa da fome, minha pressão costuma baixar caso eu não coma nada.
Já me sentindo um pouco melhor, mesmo a sensação ruim continuando a me rondar, a pressão em meu peito está mais tranquila, desde o ano passado venho me sentindo assim. Sempre nessa data.
Tenho suspeita do que deixa me deixa ruim, talvez seja o remorso que sinto desde que machuquei ele. Eu quebrei seu coração. Foi o que ouvi. Mas não é verdade. Eu é que fui machucada, foi o meu coração que foi quebrado.
Não é saudade. Tenho certeza disso, porque nosso relacionamento não fazia bem a mim, me deixava ferida com suas palavras hostis e suas mãos, mas ainda assim, não consigo me livrar cem por cento dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu, você e o nosso apê
RomansaNina está há mais de um ano vivendo na grande cidade de Busan, dividindo seu tempo entre a universidade, o seu trabalho como garçonete e as videochamadas com o irmão gêmeo. Tudo aparentemente está indo bem para ela até saber que precisa urgentemente...