🧡Maldito jantar

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JEONGGUK


Eu não esperava encontrar Nina chorando copiosamente quando abri a porta do seu quarto, apenas queria verificar de que ela estava dormindo e nem sei porque. Nas outras vezes em que sai não fiz isso, mas é que ela está machucada, então... Sei lá, só achei que precisava fazer.

Nunca precisei confortar alguém, não sei o que devo fazer para que ela se acalme um pouco, talvez eu devesse sair e deixá-la ter seu espaço; talvez não queira que eu fique. Mas não aguento vê-la desse jeito, parecendo tão quebrada.

Me aproximo mais envolvendo meus braços em seu corpo trêmulo, suas mãos rapidamente seguram minha camiseta com força e apoia sua testa em meu ombro. Acho que significa que devo ficar. Escorrego minha mão por suas costas lhe fazendo um carinho enquanto ainda soluça e as lágrimas molham minha roupa.

A casa está totalmente silenciosa, seu choro é a única coisa audível e quem pudesse ouvir — além de mim — sentiria a dor que ela está transmitindo, isso não pode ser apenas por causa do corte, tenho certeza, mas o que poderia ser?

Não tenho coragem de perguntar nada, provavelmente Nina se afastaria e me expulsaria do quarto, ela não costuma falar muito sobre si mesma, as pequenas coisas que sei foram a observando.

Tem a mania de tocar sua nuca; odeia ketchup e muito barulho; passa mais tempo lendo ou estudando do que assistindo televisão; tem medo do escuro, por isso sempre dorme com o abajur ligado. 

Posso citar várias outras coisas que ela não faz ideia que sei sobre si.

Não consigo dizer a quanto tempo estamos desse jeito, abraçados, mas já faz longos minutos. Seus soluços cessaram e seu corpo já não treme tanto, aparentemente parece mais calma, mas não parece pronta para me afastar e eu também não estou.

Nina não aparenta ser o tipo de pessoa fragilizada, a primeira vez que a vi chorar foi no hospital, já tinha visto ela abalada, mas parecia forte o bastante para não deixar as emoções controlá-la.

Uma vez a ouvi conversando com seu pai e não poder contar que estava morando comigo, precisando mentir de ainda estar no alojamento parecia corrói-la por dentro, porém mesmo assim continuou sorrindo.

Aos poucos vai frouxando os dedos em minha camiseta, sua respiração já parece bem controlada, olho de soslaio e a vejo adormecida em meu peito, tiro os poucos fios em seu rosto e limpo as marcas de lágrimas em suas bochechas.

Com cuidado para não acordá-la e nem machucar sua mão a deito na cama, cubro seu pequeno corpo e não consigo ir embora de imediato, fico agachado ao lado da cama apenas a olhando.

Mergulhada em um sono profundo seu rosto não esconde a dor que ainda deve estar sentindo, pode não demonstrar com suas feições serena, mas é perceptivo, talvez não para os outros, mas para mim sim.

Com a luz fraca do abajur a iluminando admiro suas sardas com vontade de passar meus dedos por sua bochecha novamente. Estico meu braço, mas com medo de que acorde evito tocá-la.

Levanto-me quando percebo que fiquei tento demais observando Nina dormir, fecho a porta do quarto e vou direto para a minha zona pessoal.

No espelho do banheiro olho para o pequeno corte em meu lábio, o sangue já está seco, mas não está grande como imaginei, deveria saber que sair com Jimin sempre é um problema dos grandes.

Ele resolveu dar em cima de uma moça que estava acompanhada e isso resultou em um cara grande e bêbado tentar batê-lo, mas que me acertou quando cheguei perto para entender a confusão.

Eu, você e o nosso apêOnde histórias criam vida. Descubra agora