JEONGGUK
Não sei onde estava com a cabeça quando aceitei vir para casa do Jackson, a música alta está me irritando e o cheiro forte de maconha misturado com o de cigarro me deixa enjoado, o lugar mais silencioso está sendo o jardim — onde estou —, mas tenho que aturar alguns casais se pegando a poucos metros de mim.
Sei que sai apenas porque Hoseok pediu um pouco de privacidade, disse que se declararia hoje, pensei seriamente em jogar toda a verdade em sua cara. Contar que Nina não sente nada por ele e sim por mim, que eu também estou apaixonado por ela, mas desisti no segundo seguinte em que ele falou que estava bastante nervoso e ao ouvir seus passos faltou explodir em um sorriso.
Agora eles devem estar conversando, por mais que Nina tenha se declarado para mim ontem, eu ainda estou segurando em um último fio de pensamento que, na verdade, ela gosta de nós dois. E que com a declaração de Hoseok ela aceite — já que está a ouvindo enquanto sóbria.
Quão corajoso você é, Jeongguk. Dizer que gosta da garota quando ela está bêbada. Meu cérebro e coração estão tão bravos que se pudessem claramente me encheriam de porrada, provavelmente eu faria o mesmo se não fosse esquisito o bastante socar mim mesmo.
Tomo um gole da bebida horrível que Jimin me ofereceu antes de voltar para dentro daquela lata de sardinha, tem tanta pessoa que falta sair pela janela. Dizem as más línguas que universitários são bem ocupados, mas então como conseguem sair em plena segunda-feira para uma festa regada a muito álcool e maconha?
— Ei! Achei você! — Jimin praticamente se joga ao meu lado com um cigarro de maconha em uma mão e um copo plástico na outra. — Por que não entra? Tem algumas garotas perguntando de você, principalmente uma tal de Neyeon.
— Nayeon. — O corrijo, mas ele simplesmente ignora.
— Então, vamos entrar?
— Não estou com vontade.
— E por que não? Foi você que me convidou para essa festa, lembra? — Sim, só precisava de uma desculpa para não ficar no apartamento. — E, aliás, por que você não chamou o Hoseok?
— Desde quando o Hoseok vem à festa no meio da semana? — Ou no começo dela.
— Verdade. Prefere ficar ficar declarando seu amor pela Nina. — O olho chocado, mas para Jimin sua fala não foi nada, porque dá um longo gole em sua bebida e está pronto para levantar, seguro seu pulso o forçando a se sentar.
— Como assim "declarando seu amor pela Nina"?
— Essa história é boa. Um dia cheguei no apartamento dele e ele estava lá, falando sozinho, dizendo para parede o quanto gostava dela, no caso a Nina. Cara, foi vergonhoso e engraçado ao mesmo tempo. — Meu primo conta entre risos o momento em que flagrou Hoseok.
— E você sabe disso há quanto tempo? — Dá de ombros e traga seu cigarro.
— Sei lá, tem um tempinho. Eu queria te contar, mas Hoseok me fez prometer que não abriria a boca. — Então Jimin já sabia, só eu que nunca percebi? Ou fingia não perceber. — Vamos ligar para ele vir.
— Não dá, agora ele está lá em casa declarando seu amor à verdadeira Nina. — Tento soar brincalhão, mas o desgosto está escancarado em minha frase.
— Sério? Eu achei que você iria fazer isso primeiro.
— Como assim?! — Quem é esse e o que ele fez com o meu primo Jimin?
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Eu, você e o nosso apê
RomanceNina está há mais de um ano vivendo na grande cidade de Busan, dividindo seu tempo entre a universidade, o seu trabalho como garçonete e as videochamadas com o irmão gêmeo. Tudo aparentemente está indo bem para ela até saber que precisa urgentemente...