NINA
Eu fui rejeitada. Pela segunda vez e em menos de dois dias. Não sei o que devo tirar sobre isso, se realmente nasci para não ser amada amorosamente ou se não é o momento certo. Mas quer saber, não me apeguei a nenhuma das opções, me apaguei a dor que senti quando Jeongguk pronunciou aquelas malditas palavras.
O quão machucada você pode ser e ainda sim conseguir olhar para a cara da pessoa sem querer xingar, bater ou chorar? Quando o ouvi no hospital fiquei dividida entre bater com toda minha força na cara dele ou amaldiçoar até seus antepassados, mas fiz o que meu orgulho odiou, apenas abaixei a cabeça e fui embora, pelo menos, não deixei que visse minhas lágrimas, seria humilhação demais.
Acontece que faz mais de um mês que nos afastamos e ainda consigo sentir a mesma dor daquele dia, é só olhar para seus olhos que meu coração parece querer ir embora do meu peito. Talvez ele fosse mais feliz fazendo parte do corpo de outra pessoa. Uma pessoa que não o fizesse sofrer como eu faço.
Para melhorar as condições péssimas em que meu órgão de bombardear sangue se encontra até agora estou morando com Jeongguk, voltei a procurar outros apartamentos e fiz o que deveria ter feito a muito tempo, fui ver se tinha quarto em alguma fraternidade. Mas nada me agradou, morar com várias pessoas desconhecidas é pior do que morar com apenas uma.
Já que ainda estou aqui encontramos uma forma de nos evitarmos e não é só ficar trancado dentro do quarto caso os dois estejam no apartamento. Jeongguk tem passado alguns dias na casa do Jimin. Não sei se está indo em festas ou conhecendo outras garotas. E minto para mim mesma de que não importo com o que faz da sua vida.
Também tem saído para correr quando acabo passando a noite em casa, assim quando chega estou com a cara enfiada nos livros ou no notebook, os fones nos ouvidos para que veja o quão ocupada estou, mesmo sabendo que ele não vai tentar chamar minha atenção. Não tentou nenhuma vez.
Mas temos os nossos "momentos" em que ficamos próximos, tipo metros, mas é a maior proximidade que estamos tendo quando não fico no quarto ou na casa da Lisa ou em Gangwon. Nas noites em que estudo na sala e Jeongguk volta da corrida sou agraciada pela camiseta grudada em seu corpo, marcando seus músculos, não aproveito mais do que míseros segundos porque logo está subindo as escadas, depois desce para comer o que preparei.
Não entendo o porquê e nem quero, de verdade, perguntar, mas Jeongguk começou a lavar a louça antes de voltar para seu quarto. São únicos momentos que o tenho perto de mim e aprecio cada um deles, mesmo com minha consciência me xingando.
Para de ser burra, Nina! Ele te rejeitou. Ignoro completamente a realidade da nossa situação e deixo que minha imaginação se aflore nesses minutos que estamos ocupando o mesmo espaço.
Eu queria odiá-lo. Realmente queria repugnar a sua presença mesmo à metros de distância. Mas isso não dura muito tempo, posso fingir para mim mesma que odeio até vê-lo novamente. Não consigo sentir ódio, mas estou machucada o bastante para saber que não o quero realmente perto de mim.
Posso sentir falta de tocá-lo, abraçá-lo e beijá-lo, mas tenho forças o suficiente para jogar essas vontades em um lugar bem escuro do meu cérebro. Se quiser algo de mim Jeongguk vai ter que dar o primeiro passo, não posso colocar meu coração em risco outra vez.
O engraçado é que Jeongguk me perguntou duas vezes se eu tinha medo que ele me machucasse igual Taehyung me machucou. Sei que nunca levantaria a mão, mas será que não sabe que palavras também podem machucar?
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Eu, você e o nosso apê
RomanceNina está há mais de um ano vivendo na grande cidade de Busan, dividindo seu tempo entre a universidade, o seu trabalho como garçonete e as videochamadas com o irmão gêmeo. Tudo aparentemente está indo bem para ela até saber que precisa urgentemente...