JEONGGUK
— Como assim? Eu já cobro menos que o normal e ainda quer descontar?
— Eu quase não dormi por sua causa, tenho que me recompensar de algum jeito. — Fala se levantando e arrumando o pijama de cactos que está usando.
— Posso te recompensar de outro jeito? — A sopa está realmente tão gostosa que dou uma colherada a cada frase que falo.
— Nem pensar.
Não insisto. É perceptível que não adiantaria, então só volto a comer. Minha cabeça está melhorando só de saborear essa refeição.
Se Nina continuar cozinhando tão bem assim acho que posso aguentar ela e suas regras por um tempo, não sei quanto, a comida pode ser boa, mas ter alguém me mandando fazer as coisas é chato para caramba.
Ela sobe as escadas e sei que entrou em seu quarto pela batida da porta, quando termino de comer largo os utensílios na mesa mesmo, sei sobre a regra número um, mas não preciso cumpri-la nesse exato momento. Como não sei se irei a faculdade hoje tenho bastante tempo.
Afasto a cadeira e levanto, quero voltar para o meu quarto e dormir por mais algumas horinhas, a dor da ressaca não passou cem por centro, então para não tomar remédio – já que não sou nada fã – fico deitado.
Jogo-me na cama e minutos depois ouço a voz da Nina no andar debaixo, não me esforço para prestar atenção, mas tenho quase certeza de que é sobre o prato que deixei na mesa, ouço a porta bater e fechando meus olhos sinto que agora poderei relaxar.
O silêncio não dura muito tempo, porque logo meu celular começa a tocar, me pergunto quem é, porque odeio ligações, costumo responder apenas mensagens e já fiz isso quando acordei, falei com Hoseok, garantindo que estava vivo e prometi maneirar nas bebidas.
Isso é uma mentira e ele sabe disso. Mas fingimos que irei cumprir.
Vejo escrito "mãe" no visor e penso seriamente em ignorar, não quero ficar irritado o resto do dia, e isso costuma acontecer sempre que tenho que interagir com meus pais. Nada que me agrada sai da boca deles.
— Jeongguk, venha almoçar em casa hoje.
Isso mesmo, nenhum 'oi' antes. Apenas ordens.
— Nossa! Quanta gentileza. Com esse pedido super fofo como poderei recusar? — Deixo o sarcasmo escorrer por minha boca, não ligo de transparecer o quanto estou infeliz por estarmos "conversando".
— Sem gracinhas, Jeongguk. Venha para o almoço, sua noiva e a família dela irão vir. — Bufo em menção da palavra 'noiva'.
— Sabe, tenho que fazer umas coisas...
— Isso é mentira, Jeongguk. Sou sua mãe, te conheço muito bem. — Murmuro um "tem certeza?", ela provavelmente ouviu, mas ignorou. — Seu pai precisa que os negócios continuem indo bem, então trata-se de comparecer a esse almoço e se negar irei passar a ligação para seu pai. Aposto que não quer falar com ele, ou quer?
Ela sabe muito bem que não, então não a respondo.
Pior que conversar com minha mãe seria ter uma conversa com meu pai.
— Eu irei. Contra minha vontade, mas irei.
— Ótimo, esteja aqui meio-dia.
— Antes que desligue quero deixar algo avisado. Não irei me casar com Suzy. — Desligo antes que a senhora Jeon pudesse me contradizer.
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Eu, você e o nosso apê
RomanceNina está há mais de um ano vivendo na grande cidade de Busan, dividindo seu tempo entre a universidade, o seu trabalho como garçonete e as videochamadas com o irmão gêmeo. Tudo aparentemente está indo bem para ela até saber que precisa urgentemente...