Capítulo 24

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Gizelly partiu pra Itaipava com uma mala no carro e nos pensamentos tinha frases, discursos, queria conversar, abraçar, beijar e se declarar a Marcela. Faria tudo que não tinha feito até então. Pegou na agenda a foto que guardava de Ivy e a jogou pela janela, estava se livrando do passado pra começar uma vida feliz. A chuva estava começando a engrossar quando saiu do Rio. Em alguns trechos da estrada ela diminuía pra daí a pouco voltar a cair forte. Deixou o som bem baixinho pra se acalmar. Gostava de dirigir na chuva, desde que se sentisse segura. Via na estrada vários carros encostados, um até de ponta cabeça.  

   

- Imprudência meu Deus. Pra que correr tanto? – falava quando um motorista passava correndo por ela.  

   

Quando chegou em Itaipava deu graças a Deus. Lembrava exatamente onde era a casa, sempre foi boa no senso de direção. Foi subindo o morro devagar, já podia ver a casa lá no alto. Viu uma luz acesa e se encheu de esperança, Marcela só poderia estar lá. Na realidade, na sua cabeça não passou a possibilidade de que a loira não estivesse em Itaipava. Seu coração sentia que era lá e depois de muito tempo, resolveu dar ouvidos a ele. Dirigia e pensava em mil coisas pra dizer a ela, quando de repente o carro travou na estrada. A chuva estava muito forte e pensou que se descesse ia se molhar. Tentou acelerar, dar ré e nada, estava agarrado mesmo. Ainda que com tração ela não conseguiu se mover pra lado nenhum. Resolveu descer segurando uma sombrinha que não adiantou muito. Olhou em frente e viu um tronco de árvore, não daria pra passar. De onde estava podia ver a casa, então não estava longe. Aquela estrada já era dentro da propriedade e esperar alguém passar pra ajudá-la não ia adiantar. A solução foi trancar o carro e ir andando na chuva mesmo. A sombrinha não conseguiu conter a chuva, ventava muito e em minutos já estava retorcida e Gizelly a largou pelo caminho. Sentia o corpo pesar por conta da água e o frio doer em seus ossos. Estava de tênis e calça jeans e um casaco preto de moletom. Colocou o capuz e foi andando. Por um momento pensou que se não tivesse ninguém na casa, estaria muito enrolada. Estava molhada, suja, sentindo muito frio e sem contato nenhum, já que tinha deixado seu telefone no carro. Quase uma hora depois conseguiu chegar até a casa. Tocou a campainha e viu que a luz lá dentro se apagou. Esperou um tempo e tocou de novo. O relâmpago forte atravessou o céu e logo o estouro do trovão. Gizelly se apavorou e começou a apertar insistentemente a campainha.  

- Por favor, abre! Tem alguém aí? – gritava insistentemente.  

   

Seus braços já não tinham forças, se deixou cair de joelhos pelo cansaço. Por um momento fechou os olhos e encostou a cabeça na porta, até que ela se abriu.  

   

Marcela a princípio olhou para frente, mas o reflexo a fez olhar para baixo. Gizelly chorava, de joelhos e toda molhada. Olhou assustada, mas antes que tivesse qualquer reação a mais nova olhou para cima.  

   

- Me perdoa… eu… eu te procurei todos esses dias. – falava tremendo de frio. - Mas só agora me dei conta de que estava aqui. Por favor… me perdoa. – estava suja e muito molhada.  

   

Marcela a pegou no colo rapidamente e entrou trancando a porta. Sentia o corpo de Gizelly tremer involuntariamente. Correu para o banheiro e abriu o chuveiro deixando a água esquentar enquanto tirava a roupa dela. Enfiou a chef embaixo d’água e deixou que se esquentasse. Lavou os cabelos dela e depois a enxugou. Tudo sem dizer uma palavra. Entregou um roupão a ela e a deixou no banheiro ainda penteando os cabelos. Foi pra cozinha e fez um chocolate quente, que na verdade estava pronto, pois havia feito pra tomar à tardinha. Esquentou e levou pra ela no quarto. Gizelly estava sentada na beirada da cama com os olhos vermelhos e encolhida. Marcela olhou pra ela e sentou ao seu lado, os olhos castanhos claros estavam inexpressivos para Gizelly.  

MEDIDA CERTAOnde histórias criam vida. Descubra agora