MEDIDA CERTA

Capítulo 38

- Eu não te amo! – disse com desprezo. – Você é um passado da minha vida que quero esquecer. Não enxerga que o tempo passou, que não sou mais a mesma e que agora eu só quero distância?! – elevou o corpo pra ficar bem perto do rosto dela. – Você também não me ama, só está deslumbrada com o fato de eu ter conseguido ser alguém na vida, mesmo que você tenha pisado nela. Eu não te amo, nem te odeio. Eu só quero distância... e sabe por quê? – olhou para o lado onde sabia que Marcela estaria e sorriu pra ela. – Porque eu sou feliz amando outra pessoa.

Joana, sentada ao lado dela, começou a sorrir. Gizelly saiu de onde estava e foi pra perto de Marcela.

- E é com ela que quero passar o resto da minha vida. – segurou o rosto dela e beijou sua boca.

Ainda que atônita Marcela segurou sua cintura e correspondeu ao beijo, que foi aplaudido pelas pessoas no local. Quando as bocas se separaram, Gizelly voltou-se pra a ex.

- Entendeu agora? Ou quer que eu te mostre mais uma vez?

O segurança não esperou demonstração alguma e a pedido da diretora retirou a moça do local, que saiu sem dar uma palavra. Já era o fim da gravação e todos se dispersaram, porém cochichando. Joana e Thiago se aproximaram das duas. Ela pra parabenizar.

- O que você fez foi de grande coragem. Estou orgulhosa! – esticou os braços para abraçar as duas ao mesmo tempo.

- Se você não fala, eu não desconfiaria. – Thiago comentou.

- Thiago, se isso for um problema por conta do...

- Problema? Não entendo na verdade, mas o que eu tenho com isso? Somos parceiros de negócios e quem sabe vai servir pra eu ser mais tolerante. – sorriu sem graça. – Fui criado numa família muito católica e radical, preciso rever meus conceitos.

Não estenderam o assunto, pois cada um tinha seus compromissos. Gizelly saiu abraçada a Marcela e a loira muito contente, não conseguia esconder o sorriso.

- Fiquei surpresa viu?

- Até eu. – Gizelly constatou. – Não sei da onde tirei coragem pra fazer tudo aquilo.

- O coração tem muitas faces.

Passaram pela portaria e Ivy estava do lado de fora.

- Você pensa que ela te ama, mas é mentira. Ela só está impressionada, o amor da vida dela sou eu. E esse relacionamento não vai durar.

- Ignora. Isso é veneno, só faz mal se engolir. – Marcela falou e passaram direto ignorando completamente a outra.

Entraram no carro e saíram dali a fim de evitar mais amolação de Ivy. No estacionamento do café é que puderam conversar melhor sobre o acontecido. Gizelly ainda estava confusa, sabia que dali em diante muita coisa ia mudar.

- Nunca me expus tanto. – falou olhando para o chão do carro.

Marcela sabia que pra namorada o passo tinha sido grande demais. Ao mesmo tempo em que estava feliz, também se preocupava que as reações alheias atrapalhassem seu relacionamento.

- Vamos por partes. – pegou as mãos dela. – Primeiro eu achei lindo o que fez, serviu para aquela bruaca nos deixar em paz, deixar você em paz.

- Eu não fiz...

- Não terminei. – beijou-lhe as mãos. – Segundo, se você fez pra me provar alguma coisa, saiba que me provou todo o amor que sente por mim. E se posso dizer que te amo ainda mais, nem sei se teria como. Todo dia consigo me surpreender com um gesto seu, que me deixa mais apaixonada. Daqui em diante, não importa o que falarem, eu estarei ao seu lado. Ainda que as pessoas a critiquem, a ignorem, eu estarei ao seu lado e a gente vai aprender a lidar com tudo isso. Tudo bem?